O lançamento do projeto encerra as ações do Mês da Consciência NegraDivulgação/Babi Reis

Rio - O Ministério da Educação iniciou, nesta quinta-feira (30), o projeto 'Sinalização e Reconhecimento de Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil', na região conhecida como Pequena África, mais precisamente no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), no Gamboa, na Região Portuária do Rio. O lançamento encerra as ações do Mês da Consciência Negra.
O projeto é do Governo Federal, via Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que visa a fixação de placas em cem lugares de memória dos africanos escravizados no Brasil comprovados por registro histórico. Estiveram presentes Cleber Santos Vieira, secretário de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, os ministros Silvio Almeida, Direitos Humanos, e Anielle Franco, da Igualdade Racial, assim também como realizadores da ação, representando o BNDES e a Unesco.

A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, resumiu a importância de se fortalecer a memória dessa parte da história no território carioca: "O que estamos fazendo aqui hoje, com sinalização e reconhecimento do Cais do Valongo, um dos mais importantes lugares da memória dos africanos escravizados do Brasil, é recuperar a história do país e descortinar essa visão que retira dos livros e dos monumentos públicos a contribuição de negros e negras para erguer a nação Brasileira".

A anfitriã foi a secretária municipal de Cultura em exercício, Mariana Ribas, junto com a diretora do Muhcab, a autora Sinara Rúbia, que reconheceu as medidas assertivas celebrando não apenas a nossa história, mas também o compromisso com a construção de uma cidade antirracista. "Iniciativas que refletem um compromisso político e um esforço contínuo para uma cidade mais inclusiva", afirmou.
Desde a sua descoberta durante as obras do Porto Maravilha, o Cais do Valongo se tornou um lugar de memória e, também, patrimônio mundial pela Unesco.

"Com esta importante sinalização, conectamo-nos não apenas ao passado, mas também a um futuro onde a cidade e o país abraçam sua diversidade e uma história, até então, não contada de maneira legítima", revelou Sinara, apontando aos convidados um caminho de reconhecimento, valorização, memória, orgulho e reparações.

As indicações vão desde portos, igrejas, praças, terreiros de candomblé, quilombos, passando por lugares onde ocorreram movimentos de resistência, até manifestações culturais.

A ação está dividida em duas etapas, sendo a primeira a elaboração e fixação de placas alusivas ao reconhecimento feito pelo Programa Rotas dos Escravizados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A segunda fase será a disseminação do projeto por meio de plataformas digitais e a educação e cultura em direitos humanos.

A ideia é que sejam elaborados materiais pedagógicos e de apoio para professoras e professores para cumprimento da obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

O Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab) é um museu de território e um dos 15 pontos de memória que compõem a Pequena África, na Região Portuária, localizado no Centro Cultural José Bonifácio, na Gamboa, no Rio. Ele conta a história da região que testemunhou o maior desembarque de africanos escravizados no mundo.