Publicado 28/12/2023 10:01
Rio - Rui Paulo Gonçalves Estevão, conhecido como 'Pipito', é apontado pela polícia como o próximo líder da milícia comandada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, preso no último dia 24 após se entregar na Superintendência da Polícia Federal. O criminoso havia assumido o posto de "zero 2" da maior milícia do Rio após a morte do sobrinho de Zinho, Matheus da Silva Rezende, o Faustão.
Considerado homem de confiança do miliciano, Pipito foi o responsável por coordenar os ataques a ônibus na Zona Oeste do Rio em outubro deste ano. Os ataques, que deixaram 35 coletivos incendiados, foram motivados pela morte de Faustão, em operação da Polícia Civil na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz.
Pipito chegou a ser preso em 2018, no entanto, deixou o presídio dois anos depois, após conseguir um benefício que permitiu saída temporária durante a pandemia da Covid-19. Ele havia sido condenado a seis anos e seis meses de prisão pelo crime.
Em outubro deste ano, mais de 100 munições, carregadores de pistola e de fuzil, celulares e objetos de valor foram apreendidas em sua casa na comunidade de Antares, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. À época, o Tribunal de Justiça expediu um mandado de prisão preventiva contra o miliciano, que responde por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. De acordo com as investigações, a vítima teria sido carbonizada e, até o momento, o corpo não foi localizado. Pepito possui quatro mandados de prisão em aberto por homicídio, posse ilegal de armas, ocultação de cadáver e associação criminosa.
O criminoso ingressou no grupo paramilitar em 2017, quando Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, liderava a antiga Liga da Justiça. Wellington da Silva Braga, o Ecko, seu irmão, foi um dos responsáveis por expandir os domínios da organização fundada por Carlinhos, que morreu em 2017. Quatro anos depois, Ecko foi morto em uma operação policial e Zinho assumiu o posto de líder.
Ao assumir a liderança do grupo, o criminoso acabou rompendo com algumas alianças antigas. Um deles é Danilo Dias Lima, o Tandera, considerado seu principal rival atualmente. No passado, Zinho controlava boa parte da Zona Oeste do Rio e Tandera, áreas da Baixada Fluminense. Com o rompimento da aliança, os dois passaram a travar uma guerra sangrenta por territórios. Além da disputa entre milícias rivais, brigas por territórios com facções criminosas, Pipito entrará no comando de um grupo dividido e cheio de disputas internas.
Prisão de Zinho
O miliciano se entregou na Superintendência Regional da Polícia Federal no Rio, no centro da capital, após uma negociação entre seus advogados, policiais federais e a Secretaria de Estado de Segurança Pública. Foragido desde 2018, o miliciano tinha, pelo menos, 12 mandados de prisão expedidos pela Justiça.
A entrega de Zinho pode ter relação com a descoberta da Polícia Federal e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) sobre a suposta ligação entre seu grupo criminoso com a deputada estadual Lucinha (PSD). As investigações apontam uma participação ativa da parlamentar e de sua assessora na organização criminosa. O miliciano é alvo de seis denúncias do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Sendo elas, por homicídios, lavagem de dinheiro, corrupção de policiais e extorsão.
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