Ônibus destruído próximo a Estação Pingo D?água, em GuaratibaReginaldo Pimenta/Agência O DIA

Rio - Os ataques a ônibus na Zona Oeste que ocorreram nesta segunda-feira (23) afetam mais de 2,5 milhões de passageiros que utilizam as linhas municipais e intermunicipais, e prejudicam cerca de 2 mil usuários por dia do BRT. Isso porque 35 coletivos de serviços municipais, intermunicipais e fretamento foram incendiados. Segundo a Semove, Federação das Empresas de Mobilidade do Estado, o prejuízo para as empresas de ônibus é de quase R$ 38 milhões.
Já a Mobi-Rio, que administra o BRT, esclarece que três ônibus da frota antiga do BRT foram queimados e um ônibus padron foi apenas parcialmente atingido e já está sendo reparado. Além disso, quatro estações foram atingidas pelos ataques. Apenas a estação Santa Veridiana, em Santa Cruz, precisou ser fechada por conta do incêndio. O custo estimado com os reparos é de mais de R$ 100 mil.
Ainda de acordo com a Semove, só este ano, já são 57 ônibus destruídos, sendo 40 na cidade do Rio. Além disso, apenas nesta segunda (23), o município teve o maior número de ônibus queimados de sua história.
Sobre a estimativa de prejuízo dos ônibus municipais e intermunicipais, o número leva em consideração o tempo mínimo necessário para a reposição dos veículos incendiados, prevista para seis meses. As empresas não têm seguro, e por isso precisarão comprar novos veículos.
Um ônibus urbano novo custa R$ 800 mil, um rodoviário (fretamento) cerca de R$ 1 milhão e um articulado do BRT R$ 2 milhões. "A inexistência de seguro para este tipo de crime dificulta a reposição dos coletivos destruídos, prejudicando quem depende do transporte coletivo", diz a Semove.
Para o Rio Ônibus, Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro, que reúne 29 empresas operadoras do transporte rodoviário de passageiros do município, divididas em quatro consórcios: Intersul, Internorte, Transcarioca e Santa Cruz, a estimativa é de que o prejuízo dos incêndios fique em média R$ 30 milhões.
Estragos
Na manhã desta terça-feira (24), equipes do O DIA estiveram em alguns pontos da Zona Oeste para checar os estragos causados pelos incêndios. Na Estação Pingo D'água, em Guaratiba, há veículos completamente destruídos e policiamento reforçado. Apesar disso, outros ônibus em perfeito estado circulam normalmente pela região.


A Estação Santa Veridiana, em Santa Cruz, ficou completamente queimada e destruída. Em outro ponto, próximo a Estação Cajueiros, também em Santa Cruz, há ainda a carcaça de um caminhão atingido pelo fogo. O policiamento também está reforçando na região.

Durante os ataques, o BRT precisou interromper as linhas do corredor Transoeste por questões de segurança pública. No entanto, durante esta manhã, os ônibus voltaram a operar com os intervalos normalizados. "Os serviços das linhas eventuais Santa Cruz, Pingo D'água, Magarça e Mato Alto, os "diretões", já estão funcionando".
Rio retorna a estágio de normalidade
O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informa que o município do Rio retornou ao estágio de normalidade às 8h45 desta terça-feira (24) em função da regularização do serviço do BRT Transoeste. O município estava em estágio de mobilização desde as 23h15 de segunda-feira(23) por conta dos ataques a ônibus e a um trem em vias da Zona Oeste da cidade. A cidade também chegou a entrar em Estágio de Atenção às 18h40 de ontem.
Os ataques começaram por volta das 15h e foram motivados pela morte do miliciano Matheus da Silva Rezende, o 'Faustão', em operação da Polícia Civil na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz. O criminoso, além de ser sobrinho de Zinho, também era preparado para ser o sucessor do tio. Conhecido como 'senhor da guerra', ele é apontado pela Polícia Civil como responsável pela união do tráfico e milícia. 
Os principais bairros afetados foram Campo Grande, Santa Cruz, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra, Tanque e Campinho. Nestes locais, pneus também foram incendiados e serviram como barricadas para impedir a passagem das polícias Civil e Militar. Ao todo, doze suspeitos de envolvimento nos ataques foram presos e, segundo o governador do Rio, Cláudio Castro, serão encaminhados para presídios federais.