Publicado 07/01/2024 11:53
Rio - Enquanto acompanha as buscas por Edson Davi Silva Almeida, de 6 anos, na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, a família realiza uma manifestação pedindo respostas para o desaparecimento do menino, que completa 72 horas neste domingo (7). A criança foi vista pela última vez na quinta-feira (4), quando brincava na areia, próxima a barraca dos pais.
O Corpo de Bombeiros entrou no terceiro dia de buscas pelo menino, no mar e na orla, com drones, helicóptero, motos aquáticas, mergulhadores, além de um triciclo, que realiza rondas na areia. Os familiares da criança acompanham o trabalho dos militares de perto e estenderam um cartaz na altura do posto 4, onde ele esteva antes de desaparecer. "Edson Davi, 72 horas desaparecido. Queremos resposta", diz a faixa. O grupo está concentrado no calçadão, também com balões brancos, e pedindo explicações.
No início da tarde, o pai de Henry Borel compareceu ao protesto para dar apoio aos familiares de Edson Davi. O menino de 4 anos morreu em março de 2021, no apartamento em que morava com a mãe, Monique Medeiros, e o padrasto, o ex-vereador e ex-médico Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho. Eles estão presos e são réus por homicídio duplamente qualificado. Em um vídeo ao lado de Leniel Borel, a mãe da criança, Marize Araújo, fez um apelo por ajuda para esclerecer o desaparecimento do filho.
"Eu peço ajuda para encontrar meu filho, o que aconteceu com o meu filho? Essa é a pergunta, nós queremos resposta. Eu, principalmente, como mãe, e o pai, queremos respostas. Meu filho veio para a praia com o pai, para o pai trabalhar, estava brincando e minutos depois, sumiu. O que aconteceu com o meu filho? Eu quero saber. Eu preciso do apoio de vocês, me ajudem nessa busca, eu preciso saber o que aconteceu com meu filho, para eu ter, pelo menos, paz, para aquietar meu coração", pediu a mãe, que contou ainda que tem tido dificuldades para cuidar do filho mais novo e dormir.
"Eu vou para casa e me dopo de remédio para dormir, porque eu não consigo, porque ele dormia comigo, agarrado. Quando acordo, procuro logo por ele e ele não está, então, não dá vontade de ficar em casa. Eu não tenho mais paciência de cuidar do meu filho de 2 anos e 10 meses, vou precisar de ajuda psicológica, porque eu já estou rejeitando o meu filho menor, porque eu não tenho paciência, não tenho cabeça, minha cabeça está só em achar o meu filho", desabafou.
A principal linha de investigação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) é de que Edson Davi tenha sido vítima de um afogamento. No dia do desaparecimento, o menino pediu uma prancha de bodyboard emprestada para um barraqueiro, mas o homem negou, por conta das condições do mar, que estava revolto e com ondas grande. Depois, ele seguiu em direção a barraca do pai. Também pouco antes do sumiço, ele brincava com duas crianças e um estrangeiro e, inicialmente, a família acreditava que ele pudesse ter sido sequestrado pelo turista.
Entretanto, em uma publicação nas redes sociais, a irmã Giovana Araújo afirmou que a hipótese foi descartada, já que há imagens do trio saindo da praia sem o menino. Em um vídeo obtido da câmera de um quiosque próximo à barraca dos pais, o menino aparece andando sozinho por um trecho no calçadão da praia, de cerca de 100 metros. Em seguida, conversa com um homem e volta para a areia. Na mesma publicação, a irmã da criança relatou que nenhuma câmera voltou a registrar imagens do menino no calçadão.
De acordo com Marize, as câmeras de monitoramento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio) instaladas na altura do posto 4 conseguiriam registrar a movimentação na praia e no calçadão e podem ajudar a esclarecer o que aconteceu com Edson Davi. No entanto, a mãe revelou que a Polícia Civil ainda não teve acesso ao conteúdo, já que os equipamentos não estariam funcionando no momento do desaparecimento do filho, por volta das 16h30.
"A câmera da CET-Rio dá para saber para onde meu filho foi, se se afogou, quem levou (...) Senhor prefeito, me ajuda com essa câmera da CET-Rio. Se foi afogamento, a câmera da CET-Rio vai pegar o mar. A doutora Ellen (Souto, delegada titular da DDPA), muito responsável da Polícia Civil, está me ajudando muito, se empenhando bastante, fazendo o que está ao alcance dela, mas ela não tem o alcance da câmera da CET-Rio, porque está ruim. Senhor prefeito, se essa câmera estivesse funcionando, eu já saberia o que tinha acontecido com o meu filho. Se foi afogamento, eu preciso do corpo do meu filho, pela última vez, para eu enterrar, acalmar meu coração e seguir com minha dor", disse a mãe, que criticou a atuação dos bombeiros no dia em que o menino sumiu.
"Se ele se afogou, se afogou com dois bombeiros de plantão. Eu cheguei 20 minutos (depois do desaparecimento) de mototáxi e tinham dois bombeiros de plantão, bem descontraídos, parecia que ninguém tinha desaparecido e a praia estava vazia, com uma vala em frente a minha barraca e uma bandeira de perigo. Se meu filho se afogou, ele se afogou numa praia vazia, com dois bombeiros de plantão, com o pai do lado trabalhando. Ele se afogou sem ninguém ver".
No sábado (6), a família recebeu a informação de que ele estaria em uma loja da rede McDonald's, na Avenida Ayrton Serra, também na Barra da Tijuca, com um casal e outro menino. Por meio de uma foto enviada a eles, o pai da criança afirmou ao DIA que se tratava do filho e, junto com a mãe, chegou a comemorar na areia da praia. No início da tarde, os parentes foram para um posto de gasolina na via e, posteriormente, à lanchonete.
No entanto, ao chegarem no estabelecimento, ele não estava no local, e quem aparece na foto ao lado do casal e da outra criança no McDonald's não é o desaparecido. Após a repercussão das imagens, a família compareceu ontem à 43ª DP (Guaratiba) para esclarecer que o menino foi confundido com Édson Davi. Em um vídeo publicado nas redes sociais, a mulher diz que se trata do seu enteado, filho do seu marido, que tem características físicas semelhantes.
Um vídeo curto gravado pelo celular do pai mostra Edson Davi momentos antes de desaparecer, usando uma camisa de manga térmica, na cor preta. Ele também vestia uma bermuda preta e estava descalço. O Programa Desaparecidos divulgou um cartaz que pede ajuda para localizar a criança. O Disque Denúncia recebe informações pela Central de Atendimento, nos telefones (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177; pelo WhatsApp Anonimizado, no (21) 2253-1177; pelo WhatsApp dos Desaparecidos, no (21) 98849-6254; e por meio do aplicativo Disque Denúncia RJ. O anonimato é garantido.
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