Waldez Góes, Ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, se reuniu com o governador Cláudio Castro e com prefeitos nesta terça-feira (16)Pedro Ivo
Publicado 16/01/2024 17:36
Rio - O ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, afirmou, após reunião realizada nesta terça-feira (16) com o governador Cláudio Castro (PL) e com prefeitos de cidades prejudicadas pelo temporal, que o Rio pode receber em breve um novo sistema de alerta contra desastres naturais. A iniciativa Alerta Precoce para Todos será administrada pelo Governo Federal e tem previsão de lançamento ainda neste ano.
O encontro desta terça serviu para alinhar os governos sobre projetos e áreas que precisam de reconstrução em municípios atingidos pelas chuvas intensas neste final de semana. Entre eles estão a cidade do Rio, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Mesquita, Nilópolis e São João de Meriti, que tiveram o estado de emergência reconhecidos pela União.
Segundo Góes, uma melhora no monitoramento de eventos climáticos é necessária, ainda mais nesse e nos próximos anos, quando há uma previsão de aumento no número desses desastres em decorrência de fenômenos como o El Niño.
"Quanto a gente monitora as situações, você tem uma informação macro e socializada. O que ocorre é que as vezes a previsibilidade é apenas uma concentração, que acontece em determinada região. Existe muito uma situação de moradias e condições de risco. Esse recorte é um pouco mais difícil. Nós ainda vamos ter que aprimorar muito e lembrar que os eventos climáticos estão avançando. Nós entendemos que em 2024 e em 2025 será diferente por conta do El Niño. Entendemos que serão mais frequente. Por não ter vivido eventos extremos, a gente ainda não criou uma cultura forte de contingência. É preciso que a gente crie. Conseguimos elaborar para uma nova tecnologia de sistema de alerta, junto com o Ministério da Comunicação. Devemos implantar a partir deste ano. São tecnologias novas que apuram melhor os cuidados, as prevenções e os alertas que precisamos ter uma hora dessas", explicou.
Desde o ano passado, o Governo Federal vem trabalhando para alinhar-se à iniciativa Alerta Precoce para Todos, da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como o objetivo aumentar a preparação e a capacidade de resposta dos países a desastres naturais e outros eventos extremos. Além do Brasil, Alemanha e Japão também buscam se alinhar ao projeto. Os Estados Unidos já se adequaram.

Atualmente, os alertas enviados pela Defesa Civil chegam ao celular do cidadão por SMS (Serviço de Mensagens Curtas), WhatsApp ou Telegram. Com as mudanças que serão implementadas, os alertas chegarão com maior visibilidade, podendo ser enviados 24h antes de um evento climático que seja prejudicial ao brasileiro.
Equipes acompanharão reparo dos estragos
A reunião desta terça-feira (16) serviu para alinhar o que pode ser feito para reparar os estragos causados pelas chuvas nas cidades da Baixada Fluminense e na capital do estado. Diversas pessoas ficaram desabrigadas depois que perderam móveis e suas casas durante o temporal. Depois do encontro, Góes anunciou que o ministério deixará equipes nos municípios para acompanhar os estragos em busca de agilizar os processos de reparo, incluindo a análise dos pedidos dos prefeitos para projetos de reconstrução.
"Neste momento de desastre, de milhares de pessoas foram afetadas, a gente tem autorização para engajar junto com o estado e os municípios. Estamos já concluindo todo o reconhecimento das situações de emergência. Já tinham 12 municípios que entraram no sistema. Estamos analisando sumariamente e publicando em diário oficial extraordinário. Estamos unidos para os planos de ajuda humanitária e de reconstrução. Vamos deixar uma equipe aqui para evitar problemas com devolutivas. A gente pode logo aprovar e liberar os recursos. Vamos deixar na Baixada a equipe tirando todas as dúvidas com os prefeitos para sermos os mais ágeis possíveis. São inúmeras propostas do Rio que agora vão passar por seleções. Nós ouvimos muito. Agora é preparação e criar resiliência. Vamos conviver com mais frequência com esses eventos climáticos", disse.
Dois escritórios serão criados para concentrar as ações de contenção aos impactos causados pelo temporal que atingiu a Região Metropolitana do Rio no fim de semana. Um deles ficará no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, Zona Sul, e a outra, na Baixada Fluminense.
Segundo o governador Cláudio Castro, as equipes técnicas do Governo Federal prestarão suporte às prefeituras e ao Estado. A missão é auxiliar também aos municípios que ainda não definiram seus planos de emergência. "Eles ficarão aqui porque essas equipes técnicas são fundamentais para que as coisas realmente andem", detalhou.
Mortes e desaparecidos
Alguns bairros de cidades da Baixada Fluminense continuam alagados, nesta terça-feira (16). Em Caxias, as localidades Pilar e Amapá seguem embaixo d'água. Já em Belford Roxo, o Vale do Ipê, Recantus e Parque Amorim foram os bairros mais afetados. Até o momento, foram registradas 12 mortes em todo o território fluminense, sendo nove na Baixada. Ainda há uma vítima desaparecida na região: Elaine Cristina de Souza Gomes, de 46 anos. A mulher estava em um veículo que caiu no Rio Botas no último sábado (13).
Já na cidade do Rio, três pessoas morreram e um homem segue desaparecido. Jackson da Silva foi arrastado por uma enxurrada no Complexo do Chapadão, na Zona Norte.
Desde sábado (13), foram registrados mais de 380 ocorrências relacionadas às chuvas, em todo o território fluminense, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Civil. Nas últimas 24 horas, o Corpo de Bombeiros foi chamado para cerca de 70 salvamentos referentes a resgates de pessoas, inundações/alagamentos, cortes de árvores e desabamentos/deslizamentos.
Saiba quem são as vítimas fatais:
- André Cardoso de Aguiar (52 anos): foi encontrado morto na Rua Parecis, em Andrade de Araújo, bairro de Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

- Antônio Caetano Cordeiro (64 anos): sofreu uma descarga elétrica na Rua Neuza, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

- Marcos Aurélio Aguiar Cotias (53 anos): morreu após sofrer descarga elétrica na Rua Marquês de Paranaguá, no bairro Campos Elyseos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

- Marcus Aurélio Loponte Alampi (53 anos): vítima de afogamento na Rua Patrícia Cristina, no bairro Vila São Luís, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

- Marli Zeferino Alves (77 anos): vítima de afogamento na Rua Maturá, em Acari, na Zona Norte do Rio.

- Paulo César Oliveira Fernandes (59 anos): morreu por descarga elétrica na Rua Dona Alice Viterbo, no bairro São Bento, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

- Sérgio Carlos Monteiro da Silva (57 anos): vítima de afogamento na Rua Pinto Duarte, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

- Terezinha do Carmo Cassimiro (55 anos): vítima de soterramento na Estrada de Botafogo, em Costa Barros, na Zona Norte.

- Vanderlei Rodrigues Alves (53 anos): morreu afogado nas proximidades da passarela que atravessa a Rua Coronel Bernardino de Melo, no bairro Comendador Soares, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

- Homem identificado apenas como Geraldo (aproximadamente 59 anos): morreu soterrado na Rua Moraes Pinheiro, em Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio.

- Mulher não identificada (aproximadamente 50 anos): morreu afogada e seu corpo foi encontrado encontrada na Rua General Rondon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
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