Sequestrador Paulo Sérgio de Lima, de 29 anos, é transferido para presídioCléber Mendes / Agência O Dia
Publicado 13/03/2024 12:53
Rio - "Policiais civis disfarçados atrapalharam minha viagem". Esta foi a frase que Paulo Sérgio de Lima, de 29 anos, criminoso que manteve 16 reféns em um ônibus na Rodoviária do Rio, disse ao sair da 4ª DP (Praça da República), no início da tarde desta quarta-feira (13). Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), o homem será encaminhado ao Instituo Médico Legal (IML) e, posteriormente, transferido à Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte.
Paulo Sérgio deve passar por uma audiência de custódia nesta semana. No entanto, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) informou, por meio de nota, que o nome do homem não está na pauta desta quarta-feira, até o momento. De acordo com a Seap, após a audiência, caso seja confirmada a prisão, ele será levado para outra unidade prisional.
O homem foi responsável pelo sequestro de um ônibus na Rodoviária do Rio, na Zona Portuária, nesta terça-feira (12). O sequestrador fez 16 reféns, entre eles uma criança de colo e seis idosos, e se entregou após três horas de negociação com policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Todos os passageiros foram liberados por volta das 17h55, sem ferimentos. No entanto, em meio aos disparos, dois homens ficaram feridos do lado de fora do coletivo e foram socorridos.
Relembre o sequestro
Agentes do Bope foram acionados, na tarde desta terça-feira, para uma ocorrência com feridos e reféns na Rodoviário do Rio. Segundo as primeiras informações, um criminoso armado, identificado como Paulo Sérgio Lima, o criminoso fez 16 passageiros reféns dentro de um ônibus da Viação Sampaio, na plataforma central, por volta das 15h.
Testemunhas afirmaram que houve um intenso tiroteio no local pouco antes das 15h. De acordo com a concessionária que administra a rodoviária, o coletivo tinha como destino final a cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. "Imediatamente acionamos as autoridades policiais e bombeiros", informou a empresa, na ocasião. Em razão do sequestro, a segunda maior rodoviária da América Latina teve quer ser completamente esvaziada.
Equipes do Bope tentaram negociar com o criminoso que se manteve dentro do coletivo com passageiros. Equipes do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur), do 4º BPM (São Cristóvão) e do 5º BPM (Praça da Harmonia) intensificaram o policiamento no local. Por volta das 16h30, o coronel Marco Andrade, porta voz da PM, disse que o criminoso ainda não tinha feito contato com os negociadores, também não fez exigências e estava com um celular. Às 17h55, o sequestrador se entregou.
A motivação do crime
Paulo Sérgio de Lima teria participado de um roubo a van e atirado contra traficantes da Rocinha, na Zona Sul, onde ele morava, no último domingo (10). Estes episódios resultaram na tentativa de fuga do homem para Juiz de Fora, em Minas Gerais, e, consequentemente, no sequestro ao coletivo. As informações foram confirmadas pelo delegado da 4ª DP (Praça da República), Mário Jorge de Andrade, que contou o que pode ter motivado o crime no terminal, na Zona Portuária.
Em entrevista ao DIA, Andrade disse que existem algumas questões que podem ter levado Paulo Sérgio a realizar o sequestro. Uma delas é que o criminoso estava fugindo para Juiz de Fora, três dias depois de ter roubado uma van na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e atirado contra traficantes da facção a qual pertencia. Então, durante a fuga na rodoviária, ele se sentiu perseguido e confundiu um passageiro com policial.
"Além de ter acontecido essa confusão, no decorrer dos procedimentos, descobrimos outros motivos que resultaram no sequestro, como a participação dele no roubo de uma van. Segundo as vítimas do assalto, que aconteceu na frente da Ilha dos Pescadores, no último domingo, [Paulo Sérgio] ainda efetuou disparos contra traficantes da Rocinha", explicou o delegado.
Nesta terça-feira, quando aconteceu o episódio na rodoviária, imagens de uma câmera de segurança do guichê da Viação Sampaio, empresa responsável pelo ônibus sequestrado, registraram o momento em que o criminoso comprou a passagem com dinheiro em espécie, faltando pouco mais de 40 minutos para o embarque.
Em entrevista ao 'RJ2', da TV Globo, Mário Jorge ainda detalhou a dinâmica do bandido. "Ao efetuar o pagamento da passagem, ele tirou um pacote de dinheiro e achou que chamou a atenção das pessoas que estavam no local, que, na sua visão, eram policiais. Quando o ônibus estava saindo da rodoviária, houve uma falha mecânica. Então, o motorista pediu auxílio e saiu do coletivo. Neste momento, [o sequestrador] achou que 'policiais' iriam pegá-lo. No entanto, entraram passageiros e ele fez menção de entregar a arma, como se as pessoas fossem da polícia. Um deles se assustou, saiu correndo e foi baleado", pontuou o delegado.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Iuri Corsini
 
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