Publicado 22/03/2024 13:13
Rio - O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) alertou que o pior cenário das chuvas previstas para o Rio será nas noites desta sexta-feira (22) e sábado (23). Segundo o órgão, a última atualização dos modelos de previsão meteorológica, realizada na tarde desta quinta-feira (21), manteve o risco de chuvas extremas, com volumes superiores a 200 mm na Região Serrana, na Região Metropolitana e no Sul Fluminense. Nesses pontos, é esperada a passagem de uma frente fria que poderá resultar em acumulados bastante significativos de chuva, ocasionando em alagamento, enxurradas e inundações.
De acordo com o coordenador de operações do Cemaden, Marcelo Seluchi, a possibilidade de inundações e deslizamentos será mais intensa durante o fim de semana. "Eu diria que tanto no sábado quanto no domingo temos possibilidades de inundações, sejam elas provocadas por rios que transbordarão ou por problemas de drenagem urbana. Além disso, temos previsão de possibilidade de deslizamento de terra que preocupam algumas regiões como a Serrana, a grande área Metropolitana da capital fluminense e a região da Costa Verde" explicou em entrevista ao DIA.
A recomendação do Cemaden é seguir as orientações da Defesa Civil, tanto do estado quanto do município, uma vez que, o órgão criou um plano de emergência para as chuvas previstas no RJ. O Corpo de Bombeiros informou que vai dobrar o efetivo de militares de plantão. "A orientação é obedecer as indicações da Defesa Civil e nunca se expor a atravessar áreas alagadas ou se houver algum tipo de sinal de possibilidade de deslizamento, como paredes ou solos rachados e postes entortados, a recomendação é sair imediatamente", ressaltou Seluchi.
Marcelo explicou, ainda, que o cenário atual não pode ser comparado com as fortes chuvas que atingiram Petrópolis em fevereiro de 2022 e deixou 235 mortos. Segundo ele, na ocasião, a chuva não foi prevista e o volume foi intenso em um curto período de tempo. "Foi uma situação muito particular onde uma única nuvem se posicionou em cima das áreas de risco do município e foi uma chuva extremamente volumosa em um período muito curto. Então, essa situação é totalmente diferente da que temos agora, provocada por uma frente fria. É uma chuva muito mais generalizada, estendida ao longo do dia, é uma chuva de mais fácil previsão. E mesmo assim, é muito difícil prever exatamente o volume que vai ocorrer", disse.
A previsão do Cemaden é feita a partir de consultas a dezenas de modelos meteorológicos extremamente complexos. Segundo o órgão, todos apresentaram resultados diferentes, alguns com valores elevados de chuva e outros muito menores. "Provavelmente, nenhum deles irá acertar exatamente a chuva que irá cair. Por isso, em função da situação que se apresenta, chegamos a conclusão que o valor mais provável e de referência para o Rio é na faixa de 200 mm para os próximos dois dias, mas esse valor será superado em alguns pontos e em outras localidades não vai atingir", explicou Seluchi.
Fora as indicações dos modelos meteorológicos, o órgão ressalta que existe uma razão meteorológica para as fortes chuvas, que é a situação típica de verão na última semana, com temperaturas e umidade elevadas. A previsão é que a chegada da frente fria diminua drasticamente a temperatura e a direção do vento. "Então, tendo uma uma situação meteorológica propícia para provocar chuvas e boa quantidade de modelos indicando volumes muito elevados, decidimos avisar as autoridades, além da Defesa Civil nacional e dos estados", disse.
Diante da previsão de fortes chuvas, tanto o Governo do Estado quanto a Prefeitura da cidade declararam ponto facultativo para evitar um número elevado de pessoas nas ruas. Na parte da tarde, há risco de ocorrência de chuva muito forte, que se estende até à noite. De acordo com o sistema Alerta Rio, as chuvas podem vir acompanhadas de raios e rajadas de vento moderado a muito forte. Além disso, a temperatura cai drasticamente, com mínima de 20°C e máxima de 29°C.
Segundo especialistas, a tendência é que o estado receba chuvas volumosas e significativas, diferente das pancadas curtas típicas de verão. A possibilidade de alagamentos, deslizamentos ou transtornos relacionados à chuva não são descartados.
As chuvas de janeiro, que causaram mortes, destruição e alagamentos no Grande Rio, foram as mais volumosas na capital ao menos desde 1997, quando começou a medição feita pelo Sistema Alerta Rio. O mês de janeiro mais chuvoso em 27 anos acumulou uma média pluviométrica de 348,9mm, superando a marca anterior de janeiro de 2013, que era de 346,8mm. A média histórica para o mês é de 161,1mm. De acordo com o Alerta Rio, o órgão de meteorologia da Prefeitura do Rio, houve registro de chuva em 19 dos 31 dias de janeiro.
De acordo com o Governo, o risco hidrológico, que engloba inundação, enxurradas e alagamentos, é alto em Maricá, São Gonçalo, Niterói, Rio de Janeiro, Teresópolis e Nova Friburgo, e muito alto em Petrópolis e Magé. Já o risco de deslizamentos é alto em Maricá, São Gonçalo, Niterói, Angra dos Reis, Mangaratiba, Teresópolis e Nova Friburgo, e muito alto em Petrópolis e Magé.
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