Chegada de uma frente fria está prevista para o fim da tarde de quinta-feira (21)Arquivo / Agência O Dia

Rio - Apesar das altas temperaturas previstas para a primeira semana do outono, o alerta nesse início da estação é para as fortes chuvas que podem atingir o Rio nos próximos dias. Entre o final da noite de quinta-feira (21) e a tarde de sábado (23), a aproximação e passagem de uma frente fria deve deixar tempo instável na cidade. Segundo especialistas, a tendência é que o estado receba chuvas volumosas e significativas, diferente das pancadas curtas típicas de verão. A possibilidade de alagamentos, deslizamentos ou transtornos relacionados à chuva não são descartados.
Segundo o Alerta Rio, a previsão é que a chuva poderá passar de 150mm/24h em pelo menos um ponto da cidade no sábado (23). Isso significa que essa quantidade de chuva seria suficiente para encher aproximadamente 16 mil piscinas olímpicas. "É uma quantidade muito grande de água em um curto período de tempo. Em resumo, quando ouvimos que houve 150mm de chuva em 24 horas, estamos falando de uma quantidade significativa de água que pode causar inundações, deslizamentos, alagamentos e outros problemas em áreas urbanas e rurais", explicou o meteorologista do Inmet, Thiago Sousa.
Na Região Serrana, especialistas apontam que os elevados volumes de chuva podem superar os 400 mm/48h. "Este valor supera, por exemplo, o total registrado durante o desastre do Morro do Bumba, em Niterói, que foi de cerca de 372 mm e supera, inclusive, o observado na última tragédia de Petrópolis. É uma previsão e está sujeita a variações e incertezas. No entanto, a condição atmosférica parece estar sendo muito bem caracterizada pelos modelos, indicando realmente uma situação de emergência e que necessita da atuação das autoridades públicas", disse o meteorologista Márcio Cataldi. 
Em média, o acumulado de 5 mm/h é considerado fraco. A chuva é considerada forte entre 21 mm/h e 50 mm/h. Acima disso, a intensidade é muito forte e merece maior atenção. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emitiu um alerta de chuvas intensas. Segundo o órgão, a chuva será superior a 60 mm/h ou maior que 100 mm/dia, os ventos superiores a 100 km/h. De acordo com o alerta, há grande risco de danos em edificações, corte de energia elétrica, queda de árvores, descargas elétricas, alagamentos, enxurradas e grandes transtornos no transporte rodoviário.
De acordo com o Clima Tempo, o temporal previsto pode acarretar em acumulados extremamente elevados, que podem superar o volume médio para todo o mês de março em apenas 24 horas. É estimado que em algumas áreas, sobretudo na Baixada Fluminense e na Região Serrana, entre a quinta-feira (21) e o domingo (24), possam ser acumulados volumes de 300 a 500 mm. Outras áreas podem ter variações de 150 a 300 mm.
As chuvas de janeiro, que causaram mortes, destruição e alagamentos no Grande Rio, foram as mais volumosas na capital ao menos desde 1997, quando começou a medição feita pelo Sistema Alerta Rio. O mês de janeiro mais chuvoso em 27 anos acumulou uma média pluviométrica de 348,9mm, superando a marca anterior de janeiro de 2013, que era de 346,8mm. A média histórica para o mês é de 161,1mm. De acordo com o Alerta Rio, o órgão de meteorologia da Prefeitura do Rio, houve registro de chuva em 19 dos 31 dias de janeiro.
A tendência é que, no ponto de vista de especialistas, após a passagem dessa frente fria, a temperatura tenha um declínio de 7 a 10°C. Na quinta-feira (21), a máxima prevista é de 40°C e na sexa (22), cai para 29°C. Segundo o Alerta Rio, a previsão é de pancadas isoladas de chuva moderada a forte a partir do final da noite de quinta-feira (21), se estendendo para a madrugada de sexta-feira (22), acompanhadas de raios e rajadas de vento.
Ao longo da sexta, a previsão é de chuva moderada de forma contínua, podendo ser pontualmente forte. No sábado (23), a chuva permanece com intensidade moderada, ainda podendo ocasionar acumulados elevados em 24h. As temperaturas estarão em declínio acentuado e há condição para a ocorrência de rajadas de vento moderadas a fortes. A mínima de sábado é de 17°C. 
De acordo com Caetano Mancini, líder em serviços meteorológicos para Infraestrutura na Tempo Ok, devido à influência do El Niño, que tende a manter a atmosfera mais quente no Brasil, esse verão foi mais seco e contou com temperaturas mais elevadas no sudeste. "Isso ocorre em função de um fator combinado do El Niño associado à frentes frias que acabaram atuando muito pela faixa litorânea. Isso contribuiu para que a gente tivesse muitos episódios de ondas de calor, sobretudo no auge da primavera e no início do verão. Em alguns momentos, temperaturas 10°C acima da média para o esperado na época do ano, além de sensações térmicas batendo recordes", disse em entrevista ao DIA
O outono começou a 0h06 desta quarta-feira (20) e terminará em 21 de junho, às 17h51. A estação é considerada de transição entre o verão quente e úmido e o inverno frio e seco.
Prevenção 
De acordo com a prefeitura do Rio, desde 2021, foram investidos R$ 2,1 bilhões em prevenção e no aumento da resiliência da cidade. Segundo o município, contenção de encostas, programas de infraestrutura e aquisição de novas tecnologias, além do aprimoramento e efetividade da capacidade de resposta aos eventos, formam a base do conjunto de ações do Plano Verão 2023/2024.
O Plano Verão contabiliza ainda um investimento total de mais de R$ 78 milhões em obras de riscos hidrológicos. No último triênio, 35 obras foram concluídas. E, atualmente, seis estão em execução. Nas ações somente contra deslizamentos, 118 obras foram concluídas de 2021 a 2023, 41 estão em andamento e sete a licitar. As intervenções totalizam R$ 214 milhões.