Demolição de prédios no Complexo da Maré continua pelo 12º dia nesta sexta-feiraReginaldo Pimenta/Agência O DIA

Rio - A operação para demolição de imóveis de luxo em um condomínio no Parque União, no Complexo da Maré, Zona Norte, segue pelo 12º dia nesta sexta-feira (30). Devido a ação, 24 escolas municipais voltaram a interromper o funcionamento, enquanto outras duas unidades estaduais permanecem fechadas há mais de uma semana. Segundo a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), os agentes seguem destruindo pavimentos mais altos dos prédios para facilitar o acesso das máquinas. Até o momento, não há previsão para o término dos trabalhos.


De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), o Ciep 326 - César Pernetta - e o Colégio Estadual Professor João Borges de Moraes, estão fechados desde o último dia 19, afetando mais de 1,4 mil alunos. A pasta ressaltou, em nota, que todo o conteúdo perdido no período será reposto a partir de um planejamento pedagógico. Já a SME, reforçou que das 46 unidades escolares da região, as 24 que ficam na área sob operação policial não abrirão.
Ainda segundo a Seop, 32 prédios já foram descaracterizados, com mais de 162 apartamentos. A ação, que conta com apoio da Polícia Militar, apreendeu nesta quinta-feira (29) 820 kg de drogas. Os materiais foram encontrados com ajuda de cães farejadores na Escola Municipal Lino Martins da Silva e na Clínica da Família Jeremias Moraes da Silva, ambas na comunidade Nova Holanda.

No último domingo (25), agentes do BAC apreenderam mais uma tonelada de maconha que estava em dutos de ar na área externa da Escola Municipal Maria Amélia Castro Belford, no Complexo da Maré. O prejuízo para a facção criminosa foi de cerca de R$ 1 milhão.

Na ocasião, o secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, lamentou o uso da escola pelos criminosos para esconder drogas.
"É lamentável que as escolas, espaços que deveriam ser considerados como sagrados, venham sendo alvo de criminosos. Esta situação passou de todos os limites. É revoltante. É uma total falta de civilidade. Está muito claro que precisamos urgentemente de uma política de segurança pública para garantir o básico numa sociedade: que toda a comunidade escolar tenha segurança e paz", disse.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que as drogas não estavam dentro das instalações da clínica da família. "A unidade fica em um terreno compartilhado por outros imóveis com características semelhantes e acesso à área externa por qualquer pessoa", comunicou.
Em outro ponto da comunidade, as equipes também apreenderam um fuzil calibre 5.56, um revólver e quatro carregadores de munições. Não houve presos na operação desta quinta-feira (29).

Investigações

As investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) apontam que o Parque União vem sendo utilizado há anos, por meio da construção e abertura de empreendimentos, para lavar o dinheiro acumulado com o comércio de drogas. Ainda conforme a Civil, no esquema, há a participação de funcionários de órgãos representativos da região, como a própria Associação de Moradores.

"As ações revelaram uma estratégia da facção criminosa de colocar ao menos uma pessoa em cada unidade habitacional para fingir que são moradores e dificultar as demolições. Na primeira fase da operação, cerca de 90% dos prédios estavam vazios", afirma a corporação.