Corpo do militar da Marinha Luiz Felipe Silva, de 21 anos, foi sepultado no Cemitério do Maruí, em NiteróiPedro Teixeira/Agência O Dia

Rio - "Estamos destroçados, a gente só quer justiça". O desabafo é da tia do militar da Marinha Luiz Felipe Silva, de 21 anos, atingido na cabeça por um transformador após um caminhão derrubar um poste em Camboinhas, Niterói, na Região Metropolitana. O velório do rapaz reuniu dezenas de familiares e amigos, todos muito emocionados, nesta sexta-feira (30), no Cemitério do Maruí, no mesmo município.
Abalada, a mãe da vítima estava chorando muito e precisou ser amparada por parentes em diversos momentos. Em meio a lágrimas, ela gritava: "Meu menino". Já a avó chegou a dizer repetidamente enquanto chorava: "Um anjinho, meu anjinho".

À imprensa, a tia Ingrid Maya, de 41 anos, disse que o caminhão estava na contramão e que um carro acompanhava o veículo. "Eu recebi a ligação da nossa prima falando que ele estava caído e na hora a gente não sabia muito. Depois, ela falou que o caminhão estava na contramão, um caminhão imenso, com guindaste. Provavelmente não era permitido naquela região, pois tem fios muito baixos. Ele saiu arrastando tudo", denunciou.

Ingrid afirmou que o jovem não percebeu o momento em que o veículo colidiu no poste. "O Luiz Felipe estava parado esperando para atravessar em segurança, ele estava voltando de uma lanchonete e não viu a hora que o caminhão arrastou o poste. Ele era um menino maravilhoso, um exemplo de filho, um exemplo de neto, minha tia está transtornada, todos nós estamos. O pior de tudo é que o motorista não parou para prestar socorro, para ver o que tinha acontecido, e ele veio a óbito. A gente está destroçado, só queremos que esse motorista seja localizado", pediu a tia.

Ingrid também pediu para que as pessoas ajudem a localizar o condutor do veículo. "Quem tiver qualquer informação que possa ajudar na identificação, fale. Óbvio que nada vai trazer nosso menino de volta, mas ele precisa pagar por essa maldade dele, ele destruiu uma família inteira. Luiz Felipe estava na Marinha, passou anos estudando, era um menino brilhante, a gente só quer que a justiça seja feita, que esse motorista seja localizado, para que explique porque agiu daquela forma. O Luiz parece um anjo que Deus colocou nas nossas vidas", disse durante o velório.

Um grupo de militares da Marinha foi ao cemitério para se despedir do rapaz. Todos estavam fardados em homenagem ao amigo.

Segundo uma professora da vítima, ele passou um ano fora do estado do Rio e retornou para servir na cidade de Niterói há poucos meses. Ele era formado pela Escola de Aprendizes-Marinheiros do Espírito Santo (Eames).

O acidente

Na ocasião, o jovem voltava de bicicleta elétrica para a residência dos tios depois de assistir um jogo de futebol. Segundo testemunhas, o caminhão teve dificuldades de manobrar nas ruas estreitas do bairro. O veículo pesado é da empresa Bolater, especializada em transporte de máquinas de terraplanagem e carregava uma dessas cargas.

Imagens de câmeras de segurança de uma residência em Camboinhas mostram tentativas de manobras do condutor, que durou mais de cinco minutos. O caso ocorreu na madrugada desta quinta-feira (29). O motorista saiu sem prestar socorro e alega que não soube da morte do rapaz até a repercussão do caso. Ele é esperado para prestar depoimento na 81ªDP (Itaipu).

Procurada, a Bolater informou que sempre cumpriu com normas de trânsito e irá colaborar com a apuração, além de prestar apoio à família.
Em nota, a Marinha disse que tomou conhecimento sobre a morte e que lamenta o ocorrido, se solidarizando com os familiares da vítima.