Rogério de Andrade está isolado em cela pequena em BanguReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Bicheiro Rogério Andrade está isolado em cela de 6m² e dorme em cama de alvenaria
Contraventor está temporariamente em presídio de segurança máxima em Bangu, na Zona Oeste do Rio
Rio - O contraventor Rogério Andrade está preso em uma cela isolada de 6m² na penitenciária Laércio da Costa Pellegrino, em Bangu 1, unidade prisional de segurança máxima do estado do Rio. O bicheiro, que foi preso em um condomínio de luxo da Barra da Tijuca, nesta terça-feira (29), acordou em um cenário completamente diferente.
Conforme apurado pela reportagem de O DIA, a cela em que ele está possui apenas uma cama de alvenaria, chuveiro, uma mesa de concreto com banquinho de concreto e um "boi", que é um buraco aberto sem vaso sanitário, onde os detentos fazem suas necessidades fisiológicas.
A Justiça do Rio determinou que ele seja transferido para um presídio federal o quanto antes. Enquanto isso não acontece, o bicheiro vai permanecer nessa cela, sem contato com os demais presos. Quem também está neste mesmo presídio é o miliciano Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho. No entanto, ele está em uma outra galeria junto com outros milicianos.
Rogério foi preso na manhã desta terça-feira (29), em sua casa na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Ele foi preso pela morte de Fernando de Miranda Iggnácio, em 2020. A operação Último Ato, do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio (Gaeco/MPRJ), aponta o bicheiro como mandante do homicídio do rival. A vítima e o denunciado são, respectivamente, genro e sobrinho de Castor de Andrade, um dos maiores chefes do jogo do bicho no Rio, que morreu em 1997.
Além dele, a ação também prendeu o policial militar reformado Gilmar Eneas Lisboa, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, responsável por monitorar a vítima até o momento do crime. O denunciado chegou à Cidade da Polícia para prestar depoimento por volta das 9h15, e também foi levado para o IML e, em seguida, para o presídio de Benfica. Segundo o Gaeco, a morte de Fernando Iggnácio foi motivado pela disputa pelo controle de pontos do jogo do bicho.
Relembre o crime
O crime aconteceu em 10 de novembro de 2020, no estacionamento de um heliporto, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, quando Fernando Iggnácio desembarcava, e acabou atingido por três tiros, um deles na cabeça.
De acordo com a denúncia de 2021 do Ministério Público, a morte de Fernando Iggnácio foi ordenada por Rogério de Andrade, o Patrão, e Marcio Araujo de Souza, e a execução realizada por Rodrigo Silva das Neves, Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o Farofa, Pedro Emanuel D'Onofre Andrade Silva Cordeiro, o Pedrinho, e Otto Samuel D'Onofre Andrade Silva Cordeiro. Os seis foram denunciados pelo órgão, à época.
Segundo o MPRJ, por volta das 9h de 10 de novembro de 2020, Rodrigo, Ygor, Pedro Emanuel e Otto Samuel chegaram de carro ao local do crime e três deles invadiram um terreno baldio que fazia divisa com o heliporto. Eles estavam com, pelo menos, duas armas de alta energia cinética (fuzis PARA FAL e AK-47, ambos de calibre 7,62 mm).
Depois de esperarem por cerca de quatro horas, Fernando Iggnácio desembarcou em seu helicóptero, retornando de Angra dos Reis, na Costa Verde. Os denunciados, então, posicionaram as armas em cima de um muro próximo ao do estacionamento do heliporto, a uma distância de aproximadamente quatro metros do local onde estava estacionado o veículo da vítima. O bicheiro foi alvejado com três disparos, um deles na região da cabeça.
A denúncia apontou que Marcio, um dos responsáveis pela segurança pessoal de Rogério de Andrade, foi o responsável por contratar, a mando de Rogério, os outros denunciados para executarem o crime. A investigação identificou que Rodrigo das Neves e Ygor da Cruz já trabalharam como seguranças da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel.
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