Audiência aconteceu no Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ)Pedro Teixeira / Agência O Dia
Publicado 11/10/2024 18:46 | Atualizado 11/10/2024 19:02
Rio - Marcos Paulo Gonçalves Nunes, Vitor Luis de Souza Fernandes e o policial militar Allan dos Reis Matos, réus por envolvimento no homicídio do contraventor Fernando Marcos Ferreira Ribeiro, ocorrido em abril de 2023, na Tijuca, na Zona Norte, ficaram em silêncio durante seus interrogatórios na audiência de instrução e julgamento, realizada nesta sexta-feira (11).
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O trio é acusado de acompanhar os passos da vítima e repassar as informações para os responsáveis pela execução, sendo um deles o PM Rafael do Nascimento Dutra, de 35 anos, conhecido como Sem Alma, apontado como chefe de uma quadrilha de matadores de aluguel.
Segundo as investigações, o crime está ligado com a disputa de poder entre os bicheiros Adilson Oliveira, o Adilsinho, e Bernardo Bello. A denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) aponta que Fernando era ligado a Bello, que tinha controle sobre os pontos do jogo do bicho na região da Tijuca, na Zona Norte, quando o assassinato aconteceu.
Já os denunciados fazem parte da organização criminosa liderada por Adilsinho, que vem, juntamente com os contraventores Rogério de Andrade e Vinícius Drummond, tentando ampliar a sua dominação do jogo do bicho. Na divisão, para Adilsinho, segundo o apurado, restaram os territórios que à época do fato pertenciam a Bello.
Marcos Paulo e Vitor Luis foram presos em uma operação realizada em junho deste ano pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), em razão da morte de Fernando. O PM Allan Matos já estava preso em razão de crimes anteriores.
Durante a audiência desta sexta, o contraventor Luiz Cabral Waddington Neto, que é foragido da Justiça, prestou depoimento via videoconferência como testemunha de acusação. O bicheiro é ligado ao grupo de Bello e suspeito de ser o mandante de um ataque a tiros em um bar de Vila Isabel, também na Zona Norte, em abril de 2023.
Além dele, prestaram depoimento o delegado Romulo Assis, titular da DHC, inspetores de polícia e outras testemunhas.
A defesa dos réus pediram a revogação das prisões preventivas, considerando o fim da instrução processual. Já o MPRJ pediu vista para manifestação e alegações finais, além de solicitar a extração e o envio da ata e dos depoimentos para o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) para ter conhecimento sobre a possível existência de uma organização criminosa.
Grupo agia de forma violenta
Segundo as investigações, o réu Marcos Paulo - que é irmão do ex-tenente-coronel Claudio Luiz da Silva de Oliveira, condenado pela morte da juíza Patrícia Acioli - é o segundo na hierarquia da organização criminosa investigada, sendo responsável pela gestão operacional, logística e financeira das máquinas caça-níqueis instaladas nas Zonas Sul, Norte e no Centro. Junto com os outros dois presos, ele foi flagrado por câmeras de segurança monitorando Fernando Marcos no dia anterior ao crime.
De acordo com o MPRJ, investigações ressaltaram a forma violenta e agressiva como o grupo criminoso de Adilsinho agia para tomar pontos dominados por Bernardo Bello. A quadrilha foi responsável pela morte do miliciano Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, apontado como braço armado de Bello, e seu segurança, Alexsandro José da Silva, o Sandrinho, em novembro de 2022, além da tentativa de homicídio do contraventor Luiz Cabral Waddington Neto e do filho dele, Luiz Henrique de Souza Waddington, em 14 de abril de 2023, no Catumbi, Região Central.
Após duas investidas ao grupo de Bernardo Bello, Luiz Cabral liderou uma contraofensiva e atacou o Bar Parada Obrigatória, na esquina da Rua Souza Franco com o Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel, na Zona Norte, em abril de 2023. O confronto ocorreu quando contraventores rivais trocavam máquinas caça-níqueis no local. Na ocasião, Marcos Paulo e Vitor Luis, réus pela morte de Fernando, foram baleados. O estabelecimento pertencia ao empresário Antônio Gaspazianni Chaves, 33, morto a tiros em junho deste ano.
No decorrer do inquérito, o confronto balístico realizado pela DHC apontou convergência entre as cápsulas de fuzil utilizadas e apreendidas na execução de Fernando Marcos e na tentativa de homicídio de Luiz Cabral. A especializada confirmou que a mesma arma foi usada nos dois crimes após análise dos componentes de munições apreendidos em outros homicídios, em especial o de Marquinho de Catiri e Sandrinho, bem como nas mortes do PM Diego dos Santos Santana, do policial penal Bruno Kilier da Conceição Fernandes, do policial civil João Joel de Araújo e na tentativa de homicídio de Luiz Henrique de Souza Waddington.
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