Marcos Paulo (E) e Vitor Luis de Souza Fernandes (D) foram presos por envolvimento em assassinato Reprodução

Rio - Uma operação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) prendeu, nesta terça-feira (11), três suspeitos de envolvimento na execução de um homem na disputa do jogo do bicho. Os alvos da ação são um policial militar e outras duas pessoas apontadas como responsáveis por monitorar e repassar informações sobre a vítima. O crime aconteceu em 2023 e o morto era aliado do contraventor Bernado Bello. 
A ação cumpriu mandados de prisão preventiva contra o PM Allan dos Reis Matos, que já estava preso desde o ano passado, além de Marcos Paulo Gonçalves Nunes e Vitor Luis de Souza Fernandes. O trio participou do homicídio qualificado de Fernando Marcos Ferreira Ribeiro, na Tijuca, Zona Norte, em 6 de abril de 2023. Ele foi assassinado ao ser atingido por diversos disparos de fuzil, principalmente na região da cabeça, por criminosos que desceram de um veículo prata, na Rua Caruso. 
Conhecido como Fabinho, a vítima fazia parte da organização criminosa à época liderada por Bernardo Bello, que está foragido da Justiça, e gerenciava pontos de jodo do bicho em bairros da Zona Sul. De acordo com as investigações, a morte de Fernando aconteceu por conta da disputa por pontos da contravenção e ocorreu como forma de fazer com que a quadrilha não resistisse aos ataques do grupo rival. O bando é chefiado pelo também contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho.
Ainda segundo as investigações, Marcos Paulo - que é irmão do ex-tenente-coronel Claudio Luiz da Silva de Oliveira, denunciado pela morte da juíza Patrícia Acioli - é o segundo na hierarquia da organização criminosa investigada e é responsável pela gestão operacional, logística e financeira das máquinas caça-níqueis instaladas nas zonas Sul, Norte e no Centro do Rio. Junto com os outros dois presos, ele foi flagrado por câmeras de segurança monitorando Fernando Marcos no dia anterior ao crime. 
As informações do monitoramento foram repassadas aos executores de Fabinho. Um deles é o PM Rafael do Nascimento Dutra, de 35 anos, conhecido como Sem Alma, apontado como chefe de uma quadrilha de matadores de aluguel. O grupo também foi responsável pela morte do miliciano Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinho Catiri, apontado como braço armado de Bello, e seu segurança, Alexsandro José da Silva, o Sandrinho, em novembro de 2022, a mando de Adilsinho. O mesmo grupo ainda é autor da tentativa de homicídio do contraventor Luiz Cabral Waddington Neto e do filho dele, Luiz Henrique de Souza Waddington, em 14 de abril de 2023, no Catumbi, Região Central. 
No dia seguinte, após duas investidas ao grupo de Bernardo Bello, Luiz Cabral liderou uma contraofensiva e atacou o Bar Parada Obrigatória, na esquina da Rua Souza Franco com o Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel, na Zona Norte. O confronto ocorreu quando contraventores rivais trocavam máquinas caça-níqueis no local. Na ocasião, Marcos Paulo e Vitor Luis foram baleados. O estabelecimento pertence ao empresário Antônio Gaspazianni Chaves, 33, morto a tiros no último domingo (9). O assassinato dele também estaria ligado à guerra da contravenção e as investigações iniciais apontam que a mesma organização criminosa seja a responsável pelo crime. 
O confronto balístico realizado pela DHC apontou convergência entre as cápsulas de fuzil utilizadas e apreendidas na execução de Fernando Marcos e na tentativa de homicídio de Luiz Cabral. A especializada confirmou que a mesma arma foi usada nos dois crimes após análise dos componentes de munições apreendidos em outros homicídios, em especial o de Marquinho de Catiri e Sandrinho, bem como nas mortes do PM Diego dos Santos Santana, do policial penal Bruno Kilier da Conceição Fernandes, do policial civil João Joel de Araújo e na tentativa de homicídio de Luiz Henrique de Souza Waddington. 
Marcos Paulo foi detido em um imóvel e havia dinheiro escondido no forro de gesso do teto. Já Vitor Luis foi preso em uma casa. Os agentes também localizaram uma oficina de máquinas caça-níqueis, onde ao menos uma foi encontrada, bem como peças e computadores. A Polícia Civil ainda não informou os locais onde foram cumpridos os mandados de prisão dos dois homens e os sete de busca e apreensão. As investigações seguem para identificar e prender os demais responsáveis pelo crime.
Procurada, a Polícia Militar ainda não se pronunciou sobre a prisão de Allan dos Reis Matos. A reportagem do DIA tenta contato com as defesas de Marcos Paulo Gonçalves Nunes e Vitor Luis de Souza Fernandes. O espaço está aberto para manifestação.