Dia de Finados no Cemitério da Penitência, no Caju, Zona PortuáriaRenan Areais/Agência O DIA
As atividades iniciaram com a Santa Missa, que contou com a mensagem do cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta. O sacerdote falou sobre a importância de acolher aos enlutados, especialmente aqueles pais que perderam seus filhos para a violência.
"O marido ou a mulher, são viúvos ou viúvas ao perderem seus cônjuges. Os filhos que perdem seus pais são órfãos, mas os pais que perdem seus filhos não têm nome. Não é suposto que as pessoas morram antes dos mais velhos. Na nossa cidade, temos muitos jovens morrendo de maneira violenta. É muita violência na cidade. Por isso, nossa missão, além da consolação e da esperança, é que nós, ao sairmos daqui, possamos ver essa realidade nossa que existe e ajudar a ter mais paz", disse o arcebispo.
As celebrações também contaram com a participação do grupo Ballet Manguinhos. O grupo de dança fez uma apresentação com mensagem de consolo aos enlutados. Segundo a presidente, Carine Lopes, de 35 anos, as meninas receberam o convite com surpresa, mas entenderam que era uma oportunidade de usar a dança como forma de expressar o carinho àqueles que choram pela perda de um ente querido.
"A gente pensou no efeito da arte num todo. Fizemos vários tipos de apresentação, mas dessa vez com o pensamento de que a arte tem esse poder de acolhimento, de trazer paz, alegria nesse momento difícil. Essa coreografia, inclusive, é uma que fizemos num espetáculo de 2022 que se chama mães que choram, falando sobre as mulheres que perdem seus filhos muito cedo", explicou Carine.
Outra atividade realizada no cemitério foi organizada pelo grupo Amigos Solidários na Dor do Luto RJ, que levaram para o espaço a campanha 'A Vida Não Para' e o "Caminho da Serenidade". Em parceria com o Crematório da Penitência, a iniciativa permite ao público que visita o cemitério deixar mensagens para aqueles que partiram, como forma de lidar com o luto.
"A ideia é permitir que as pessoas possam falar sobre o seu luto e vivenciar isso. O caminho da serenidade é para que as pessoas possam vir e prestar suas homenagens", contou o psicólogo Paulo Torres, de 35 anos, que atua no grupo gratuito de apoio aos enlutados.
"Eu venho com muita paz. É um sentimento de reencontro, quando aliviamos a saudade, a dor da perda. Nos sentimos um pouco mais perto dele, apesar de saber que não tem mais nada ali e o que fica é o espírito. É prestar uma homenagem a ele", contou
Ariana Costa, de 35 anos, o luto é recente e ainda difícil de lidar. Ela perdeu o irmão mais novo há pouco mais de dez meses, vítima de um mau súbito. "Meu irmão era como se fosse meu pai, um filho. Morava comigo. Meu melhor amigo da minha vida", lamentou.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.