Rio - O prefeito Eduardo Paes deu início oficialmente ao G20 Social, evento que antecede à Cúpula do G20, na tarde desta quinta-feira (14). O encontro conta com representantes das 19 maiores economias do mundo, juntamente com a União Europeia e a União Africana. O objetivo é levantar discussões sobre temas fundamentais, como desigualdade, pobreza, saúde, educação, desenvolvimento sustentável e direitos humanos.
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Inédita na história do encontro de líderes mundiais das maiores economias do mundo, o G20 Social foi construído ao longo de 2024 com o objetivo de ampliar a participação de atores não governamentais nas atividades e processos decisórios do G20.
Na mesa de abertura, compõem o painel diversas personalidades e autoridades de destaque: Márcio Macêdo, Ministro de Estado da Secretaria-Geral da Presidência da República; Janja Lula da Silva, Primeira-dama do Brasil; Embaixador Mauro Vieira, Ministro de Estado das Relações Exteriores; Fernando Haddad, Ministro de Estado da Fazenda; Margareth Menezes, Ministra de Estado da Cultura; Morgan Ody, representante da Sociedade Civil Internacional; e Edna Rolland, representante da Sociedade Civil Brasileira.
Em seu discurso, Paes ressaltou a importância do Rio como palco do evento e símbolo do Brasil para o mundo. "O Rio é a vitrine do Brasil, do mundo, e a gente quer que o país inteiro se sinta representado aqui nessa cidade. A gente sente muito orgulho de ser a cara do Brasil para o mundo", afirmou.
Segundo o prefeito, este é um legado fundamental, que se refletirá nas discussões da cúpula e nas políticas que serão formuladas a partir desse encontro. "Os líderes globais que vão se unir aqui nos próximos dias governam para o povo. Então é preciso ouvir o que o povo tem a dizer, ouvir o que os cidadãos querem e precisam”.
A Cúpula Social surge como um ponto de encontro de vozes sociais, políticas e culturais, dando visibilidade à participação popular. São esperados cerca de 50 mil participantes de diferentes regiões do Brasil e do exterior. O G20 Social pretende que as contribuições da sociedade civil, consolidadas no documento final, a ser aclamado no último dia da Cúpula Social, sejam analisadas e, no que couber e houver consenso, incorporadas à Declaração de Líderes.
Durante seu discurso, a primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, destacou a importância do evento para a construção de um futuro mais inclusivo e transformador. Segundo ela, daqui a alguns anos será evidente que o G20 Social marcou o início de uma nova trajetória para a humanidade.
"A gente sabe que todos os grupos de engajamento hoje no G20 Social, com todas as discussões, serão importantes para chegar na cúpula dos líderes. A gente ter um novo caminho para a humanidade. Acho que nunca na história do G20 e das reuniões essa presença da sociedade civil foi tão forte, tão potente. Então, eu queria dizer que eu tenho muito orgulho da gente estar aqui fazendo todos juntos uma história diferente, uma história que a gente vai, daqui a uns anos, talvez olhar e dizer: 'a gente começou ali a fazer uma história diferente para a humanidade'. Espero que a gente consiga construir um mundo mais justo, fraterno e solidário", ressaltou.
A primeira-dama defendeu a igualdade de gênero como um pilar essencial para o futuro, destacando que o mundo só poderá avançar verdadeiramente se houver equidade entre homens e mulheres. "Eu não consigo conceber que hoje a gente possa pensar o mundo daqui para frente sem termos igualdade de gênero, onde a nossa voz seja forte e potente", afirmou.
Janja aproveitou para criticar a decisão da Argentina de não assinar o texto do Grupo de Trabalho de Empoderamento Feminino, criado pela primeira vez no G20 sob a presidência brasileira. A reunião desse grupo ocorreu em outubro e teve como objetivo discutir estratégias para promover a participação de mulheres em posições de destaque e liderança, reforçando o compromisso com a igualdade de gênero. A resolução sobre o tema será entregue aos líderes da Cúpula do G20.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, destacou o caráter inovador do G20 Social, apontando a iniciativa como uma ruptura com o modelo tradicional dos encontros do G20. "E essas reuniões acontecem muitas vezes com 30, 40 bacanas de paletó e gravata e mulheres bem vestidas tomando decisões que vão impactar o mundo inteiro, mas o povo não participa. A coragem, a necessidade e a ousadia que o presidente Lula teve de criar o G20 Social e trazer para o centro do debate as organizações do povo, os sentimentos da nossa gente e as representações da sociedade civil, não só do Brasil, mas dos 20 países que compõem o G20. Esse pode ser um dos maiores legados da presidência brasileira", ressaltou.
Na mesa de abertura, Edna Rolland, representante da sociedade civil brasileira, enfatizou a importância de enfrentar o racismo estrutural e promover políticas públicas que garantam igualdade de oportunidades em diversas áreas, como educação, saúde, emprego e cultura. Ela ressaltou que, na educação, é essencial valorizar a história e a cultura afro-brasileira nas escolas, além de ampliar o acesso à educação superior para os jovens negros.
"Na saúde, precisamos garantir acesso equitativo aos serviços de saúde e combater as disparidades raciais, principalmente nas doenças que afetam desproporcionalmente a população negra", afirmou. Rolland também falou sobre a importância de garantir igualdade salarial e oportunidades de empreendedorismo para a população negra no mercado de trabalho. Em relação à cultura, a valorização das expressões culturais afro-brasileiras e o incentivo a festivais e eventos culturais foram mencionados como pontos-chave.
Ela também enfatizou a necessidade de proteger as terras indígenas e garantir os direitos territoriais de outras populações tradicionais, como quilombolas e ribeirinhos. "Essas lutas coletivas são fundamentais para promover justiça social, reconhecimento e igualdade, destacando a importância da diversidade e inclusão nas políticas públicas brasileiras. A intersecção dessas lutas é fundamental para promover uma sociedade mais justa e equitativa", concluiu.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, ressaltou a importância do G20 Social, que abre espaço para que diferentes vozes das maiores economias do mundo contribuam diretamente nos processos decisórios do G20. É uma oportunidade para a população dar a sua contribuição através do G20 social. É a primeira vez na história que diferentes vozes das economias mais potentes do mundo são chamadas a contribuir com processos decisórios do G20. São movimentos como esse que fortalecem no enfrentamento das desigualdades e na construção de outras possibilidades de convivência humana", explicou.
Menezes destacou, ainda, o compromisso do governo federal com a participação social, que ela considera essencial. "O governo do Brasil acredita no fortalecimento da participação social para o sucesso dessa missão. Desde o início da gestão, o Ministério da Cultura tem apostado na construção coletiva para fazer avançar as políticas culturais", finalizou.
Os eventos do G20 tiveram início nesta quarta-feira (14), com a abertura do U20 Rio Summit e do G20 Social. Com significado de 'Grupo dos Vinte', o G20 reúne os países com as maiores economias do mundo. Os Estados-membros se encontram anualmente para discutir iniciativas econômicas, políticas e sociais, e se definem como o principal fórum de cooperação econômica internacional.
O Boulevard Olímpico se transformou em um ponto central de movimentação durante o G20, com milhares de pessoas visitando as instalações e participando de atividades culturais e de interação social. Uma das atrações é a feira de artesanato, que expõe peças únicas, valorizando a cultura local e proporcionando aos visitantes a oportunidade de conhecer e adquirir produtos artesanais.
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