
Publicado 24/02/2025 11:22
Rio - A Justiça do Rio começa a julgar, na tarde desta segunda-feira (24), seis pessoas, sendo dois sócios e quatro funcionários do laboratório PCS Saleme, envolvidas no escândalo de contaminação de pacientes por HIV após transplantes de órgãos.
PublicidadeA primeira audiência acontecerá na 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu com depoimentos de testemunhas escolhidas pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) e pelas defesas, além do interrogatório dos réus.
Em outubro do ano passado, a 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada dos Núcleos de Duque de Caxias e Nova Iguaçu denunciou os seis acusados pelos crimes de associação criminosa, lesão corporal grave e falsidade ideológica. São eles:
- Walter Vieira, sócio;
- Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio e filho de Walter;
- Ivanilson Fernandes dos Santos, técnico do laboratório;
- Jacqueline Iris Barcellar de Assis, auxiliar administrativa;
- Cleber de Oliveira Santos, biólogo;
- Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora técnica.
Os seis réus respondem o processo em liberdade desde dezembro de 2024, quando a Justiça do Rio aceitou os habeas corpus. No dia 10 daquele mês, o desembargador Marcelo Castro Anátocles da Silva Ferreira, da 6ª Câmara Criminal, determinou a soltura de Walter, Matheus, Ivanilson e Jacqueline. Eles têm que cumprir medidas cautelares, como a proibição de trabalhar no ramo de laboratório de análises clínicas até o fim da ação penal, para continuarem soltos. Posteriormente, a decisão foi ampliada a Cleber e Adriana.
Infecção por HIV
A contaminação foi descoberta no dia 10 de setembro de 2024 quando um paciente transplantado chegou em um hospital com sintomas neurológicos e teve resultado para HIV positivo. Logo depois, amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e outros dois casos confirmados. Ao todo, houve seis registros de contaminados. Segundo o apurado, o laboratório emitiu laudos falsos nos exames de sorologia dos pacientes.
As investigações da Delegacia do Consumidor (Decon) indicaram que os laudos falsificados foram utilizados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro, o que levou à contaminação. Segundo a polícia, os reagentes dos testes precisavam ser analisados diariamente, mas as investigações apontaram que houve determinação para que fosse diminuída a fiscalização, que passou a ser feita semanalmente, visando a redução de custos e aumento de lucros.
Em defesa enviada à Secretaria de Estado de Saúde (SES) na época, a empresa de patologia mudou sua versão e justificou que o incidente pode ter sido causado pela "janela imunológica" dos doadores, além de afirmar que a margem de testes positivos para contaminação estava "dentro do limite da aceitabilidade".
Os responsáveis pela empresa têm vínculo parentesco com o ex-secretário Estadual de Saúde Dr. Luizinho. Walter Vieira, um dos sócios administradores, é casado com Ana Paula Vieira, tia materna do ex-secretário. Matheus Sales Teixeira Vieira, filho de Walter, também é sócio administrador da empresa e primo de Dr. Luizinho.
Em outubro de 2024, a Polícia Civil instaurou um novo inquérito para investigar a contratação da empresa pela Fundação Saúde. O MPRJ também apura irregularidades nos contratos do laboratório.
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