Fachada do Laboratório PCS Lab em Nova Iguaçu, investigador por emitir falsos laudos de HIVRenan Areias/ArquivoAgência O Dia
A justificativa faz parte de um documento de 60 páginas enviado à secretaria, onde a empresa pede a desinterdição do prédio que sediava o laboratório. O local em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, está fechado desde o início do mês de outubro último. Segundo a defesa do PCS Labs Saleme, o estabelecimento será usado com outra finalidade e não tornará a ser usado como laboratório.
No local, foram realizados os exames de pacientes doadores de órgãos e que acusaram falso negativo. A partir desse resultado, os transplantes ocorreram e os receptores desses orgãos acabaram sendo contaminados pelo vírus. Inicialmente, o PCS Labs afirmava que o erro teria sido resultado de uma "falha humana".
Contudo, a nova versão muda essa narrativa e justifica a falha pela "janela imunológica" do HIV nos doadores. O laboratório afirmou que durante essa etapa, o resultado pode dar falso não reagente, ou seja, quando não há o diagnóstico do vírus, mesmo em pessoas contaminadas. A contraprova feita pelo Hemorio, a pedido do Programa de Transplantes do Rio, acusou positivo para o vírus.
Em outro trecho da defesa, o PCS Labs cita a margem da literatura sobre o tema, onde é aceitável até 0,6% de erro para os resultados de exames laboratoriais. Ao todo, o laboratório da Baixada diz ter realizado quase 300 laudos. As informações foram divulgadas pela BandNews.
Além dos exames de HIV para transplantes de órgãos, o laboratório era contratado do estado para fazer outros diversos exames laboratoriais. A empresa prestava serviço desde dezembro de 2023.
Dois sócios do laboratório e outras foram presos e outras quatro pessoas, incluindo a biomédica que assinou um dos laudos, são consideradas foragidas. Segundo investigação da Polícia Civil, a falha no teste de HIV dos doadores foi causada por uma tentativa do PCS Labs de reduzir os custos de operação da patologia.
Em coletiva concedida no dia 14 de outubro, o diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada, André Neves, explicou que os reagentes dos testes precisavam ser analisados diariamente, mas houve determinação para que fosse aliviada a fiscalização. Com isso, a checagem passou a ser semanal, visando a "maximização de lucro, deixando de lado a preservação e a segurança".
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