Fachada do Laboratório PCS Lab em Nova IguaçuRenan Areias/Agência O Dia

Rio - O Ministério Público do Rio (MPRJ) denunciou, nesta terça-feira (22), os sócios e funcionários do laboratório PCS Saleme, que emitiu laudos falsos em exames de sorologia em pacientes transplantados, por contrato com a Fundação Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Por conta disso, seis vítimas foram infectadas por HIV. O MPRJ ainda pediu a prisão preventiva dos envolvidos com a justificativa de assegurar o andamento das investigações.
A 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada dos Núcleos de Duque de Caxias e Nova Iguaçu denunciou dois sócios e quatro funcionários por associação criminosa, lesão corporal grave e falsidade ideológica.
- Walter Vieira, sócio preso durante a Operação Verum, da Polícia Civil, no último dia 14;
- Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio e filho de Walter;
- Ivanilson Fernandes dos Santos, téncinco do laboratório preso na Operação Verum;
- Jacqueline Iris Barcellar de Assis, auxiliar administrativa, que se entregou à Polícia Civil no último dia 15. Ela também responderá por falsificação de documento particular;
- Cleber de Oliveira Santos, biólogo preso ao desembarcar no Aeroporto do Galeão, no dia 16;
- Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora técnica presa neste domingo durante a segunda fase da Operação Verum.
A denúncia foi feita após a Delegacia do Consumidor (Decon) concluir o inquérito que investigou a contaminação por HIV em transplantes de órgãos após laudos falsos produzidos pelo laboratório PCS Saleme.
Os seis foram indiciados por lesão corporal gravíssima por enfermidade incurável, associação criminosa, falsidade ideológica e por induzir consumidor a erro. Jacqueline também foi indicada por falsificação de documento particular por ter apresentado um diploma falso. A Decon representou pela prisão preventiva dos seis.
No decorrer da apuração, foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas unidades do PCS Saleme, assim como em endereços ligados aos investigados. A análise do material apreendido poderá trazer elementos para novas investigações.
A Polícia Civil também investiga o processo de contratação do laboratório. Esse inquérito conta com apoio do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) e da Controladoria-Geral do Estado.
Também nesta terça-feira, o governador Cláudio Castro nomeou o médico Marcus Vinicius Dias como o novo presidente da Fundação Saúde após a exoneração de cinco diretores e do diretor-executivo João Ricardo Pilotto.
Infecção por HIV
A contaminação foi descoberta no último dia 10 de setembro quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve resultado para HIV positivo. Logo depois, amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e outros dois casos confirmados. Há uma semana foi notificado que mais um receptor de órgãos teve o exame de HIV positivo, após o transplante, confirmando seis casos até o momento.
Os responsáveis pela empresa têm vínculo parentesco com o ex-secretário Estadual de Saúde Dr. Luizinho. Walter Vieira, um dos sócios administradores, é casado com Ana Paula Vieira, tia materna do ex-secretário. Matheus Sales Teixeira Vieira, filho de Walter, também é sócio administrador da empresa e primo de Dr. Luizinho.
As investigações indicam que os laudos falsificados foram utilizados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro, o que levou à contaminação de pelo menos seis pacientes. Segundo a polícia, os reagentes dos testes precisavam ser analisados diariamente, mas as investigações apontaram que houve determinação para que fosse diminuída a fiscalização, que passou a ser feita semanalmente, visando a redução de custos e aumento de lucros.