Empresa pública é a responsável pela contratação do PCS Saleme, suspeito de emitir os laudos falsosRenan Areias / Agência O Dia

Rio - Após a exoneração de cinco diretores e do diretor-executivo da Fundação Saúde do Estado do Rio, João Ricardo Pilotto, o governador Cláudio Castro nomeou, nesta terça-feira (22), o médico Marcus Vinicius Dias como o novo presidente da empresa pública. As demissões e a nomeação ocorrem após a contaminação por HIV de seis pacientes transplantados. A Fundação Saúde é a responsável pela contratação do laboratório Patologia Clínica Dr. Saleme LTDA (PCS Saleme), suspeito de emitir os laudos falsos. 
De acordo com o Governo do Estado, a nova gestão terá como metas, a curto prazo, modernizar e atualizar a organograma funcional do órgão, escolher para o cargo de diretor jurídico um procurador do estado, dar celeridade aos processos licitatórios e intensificar o perfil assistencial médico de alta complexidade das unidades geridas pela Fundação Saúde.
Marcus Vinicius Dias é servidor de carreira do Ministério da Saúde há mais de 15 anos, ocupou os cargos de coordenador-geral de assistência, direção-geral dos hospitais federais e secretário-executivo do Ministério da Saúde. Também foi vice-presidente do Instituto Vital Brasil, diretor-geral do Hospital Adão Pereira Nunes e diretor-médico do Hospital Azevedo Lima. Atualmente, é diretor-geral do Hospital Estadual Azevedo Lima e conselheiro de administração da CEDAE.

Marcus Vinicius é formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com residência em ortopedia pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), MBA em gestão em saúde pela Universidade de São Paulo (USP), pós MBA pelo Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPEAD) e mestrado em economia pelo IBMEC.
As seis diretorias da empresa pública serão substituídas. São elas: diretoria executiva, diretoria administrativa e financeira, diretoria de recursos humanos, diretoria de planejamento e gestão, diretoria técnico-assistencial e diretoria jurídica.
Infecção por HIV
A contaminação foi descoberta no último dia 10 de setembro quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve resultado para HIV positivo. Logo depois, amostras dos órgãos doados pela mesma pessoa foram analisadas e outros dois casos confirmados. Há uma semana foi notificado que mais um receptor de órgãos teve o exame de HIV positivo, após o transplante, confirmando seis casos até o momento.
O escândalo motivou a abertura de investigações por diferentes órgãos, como o Ministério Público do Rio (MPRJ) e a Polícia Civil. Esta última decidiu instaurar um inquérito específico para investigar o processo de contratação do laboratório. A Controladoria-Geral do Estado também abriu uma auditoria para investigar o caso com prazo de 45 dias.
Os responsáveis pela empresa têm vínculo parentesco com o ex-secretário Estadual de Saúde Dr. Luizinho. Walter Vieira, um dos sócios administradores, é casado com Ana Paula Vieira, tia materna do ex-secretário. Matheus Sales Teixeira Vieira, filho de Walter, também é sócio administrador da empresa e primo de Dr. Luizinho.
Desde o início das investigações, a Polícia Civil prendeu cinco pessoas. Walter Vieira está entre eles. Também foram detidos Ivanilson Fernandes dos Santos, técnico do laboratório; Jacqueline Iris Barcellar de Assis, auxiliar administrativa do estabelecimento; o biólogo Cleber de Oliveira Santos e Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora da unidade suspeita de dar a ordem para economizar no controle dos testes de diagnóstico de HIV feitos pelo laboratório.
As investigações indicam que os laudos falsificados foram utilizados pelas equipes médicas, induzindo-as ao erro, o que levou à contaminação de pelo menos seis pacientes. Os envolvidos foram autuados por diversos crimes como as relações de consumo, associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e infração sanitária.
Segundo a polícia, os reagentes dos testes precisavam ser analisados diariamente, mas as investigações apontaram que houve determinação para que fosse diminuída a fiscalização, que passou a ser feita semanalmente, visando a redução de custos e aumento de lucros.