'Resort' de luxo de Peixão localizado em Parada de Lucas,Reprodução
'Resort' de Peixão era utilizado para fins recreativos e reuniões de traficantes, diz delegado
Moyses Santana, titular da DRE, afirmou ter imagens dos bandidos se reunindo no local antes de guerras por disputas territoriais
Rio - O delegado Moysés Santana, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), explicou que o 'resort' do Álvaro Malaquias Santa Rosa, o 'Peixão', era utilizado para reuniões dos bandidos do Terceiro Comando Puro (TCP) e para fins recreativos da família do traficante. Nesta terça-feira (11), o imóvel foi alvo de uma operação das polícias Civil e Militar para cumprir mandado de busca e apreensão em uma academia ligada ao líder da facção que comanda o Complexo de Israel, na Zona Norte.
"O inquérito da DRE é uma investigação bem longa, na qual detectamos que esses dois locais, tanto a academia quanto o resort, são utilizados não só pelo 'Peixão' e família para fins recreativos, mas também por diversos integrantes da facção para reuniões. Temos imagens dos criminosos reunidos nesses locais, saindo em diversos veículos para guerras de expansão territorial, rondas na comunidade", disse Moysés.
Ainda de acordo com o delegado, Peixão tenta dar um aspecto de legalidade ao imóvel. Durante uma operação realizada em outubro, os policiais encontraram faixas com nomes de parlamentares. No entanto, a investigação constatou que os cartazes eram falsos e os políticos não tinham qualquer relação com o 'resort'.
"Tinha uma faixa falsa que simulava um projeto social, com nomes de parlamentares, como se eles tivessem financiado o local. A investigação apontou que tudo foi forjado, inclusive os parlamentares foram espontaneamente à DRE para prestar depoimento e não tem qualquer envolvimento com os locais. Agora, ele tenta dar aspecto de legalidade com caráter comercial, como se fosse uma área de lazer, com festas. A área vem sendo utilizada por ele e por traficantes do TCP", ressaltou o titular da DRE.
Por fim, Moysés afirmou que a ação foi mais uma etapa do inquérito e que espera prender Peixão em breve. Nesta terça-feira, quatro integrantes da organização criminosa foram presos, sendo dois em flagrante e dois por cumprimento de mandado. O então foragido Wesley Paiva Veríssimo, o WL, responde por tráfico de drogas e informações iniciais apontam que ele seria o segundo da hierarquia do Complexo de Israel. Diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada, André Neves destacou que ação foi um "duro golpe" na facção.
"Uma operação que representou um duro golpe nessa facção criminosa. Atingimos esse local de festa e encontros desse criminoso. É um 'resort' no Complexo de Israel, onde temos imagens de monitoramento com diversos integrantes da facção armados com fuzis em festas até de madrugada sem qualquer tipo de autorização. Causam poluição ao meio ambiente, como foi constatado por meio de laudo pericial, ao lado de um Ciep, demonstrando um afronta às crianças que às vezes enxergam os criminosos como exemplo e não são exemplo nenhum. Exemplos são os professores", comentou.
No início da ação, policiais e criminosos entraram em confronto, mas não houve registro de feridos. A Avenida Brasil foi fechada preventivamente antes do início da incursão e o tiroteio afetou a circulação de trens e do BRT. Por fim, os agentes demoliram o 'resort' e finalizaram a apreensão dos equipamentos de luxo encontrados no interior da academia, além de retiraram a Estrela de Davi que havia sido colocada no ponto mais alto da região.
Os policiais também fecharam um provedor clandestino de internet comandado diretamente por Peixão no Complexo de Israel. De acordo com os agentes, o criminoso arrecadava lucros milionários e utilizava o dinheiro para financiar o tráfico de drogas e consolidar o domínio territorial. O homem que gerenciava a empresa foi preso em flagrante e responderá pelo crime de receptação qualificada.
Diversos equipamentos furtados de concessionárias foram apreendidos e passarão por perícia para identificar a origem e os envolvidos no esquema, incluindo fornecedores, financiadores e distribuidores. As investigações continuam para identificar outros membros da organização criminosa.
Em imagens registradas pelo agentes é possível ver que o espaço de lazer conta com um lago artificial, piscina e uma grande área de lazer. Veja vídeos:
A ação contou com policiais civis da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA); Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE); além de policiais militares do Comando de Operações Especiais (COE). O objetivo foi coletar provas que fortaleçam as investigações sobre a associação criminosa, bem como apreender materiais ilícitos, incluindo armas de fogo, equipamentos eletrônicos e documentos que possam contribuir para a elucidação de crimes praticados na região.
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