Eunice Paiva teve papel fundamental na busca por informações sobre o paradeiro de seu maridoDivulgação
Alerj aprova concessão da Medalha Tiradentes à advogada Eunice Paiva
Viúva formou-se em Direito e se engajou em causas sociais e políticas
Rio – A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) vai condecorar a advogada e ativista social Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva com a Medalha Tiradentes post mortem. A medida foi aprovada, em discussão única, nesta quinta-feira (13), e será publicada no Diário Oficial nos próximos dias.
Eunice Paiva teve papel fundamental na busca por informações sobre o paradeiro de seu marido, o deputado Rubens Paiva, desaparecido político após ser preso, torturado e assassinado pela Ditadura Militar (1964-1985). Viúva, formou-se em Direito, tornou-se advogada e se engajou em causas sociais e políticas, destacando-se como militante dos direitos humanos e defensora dos povos indígenas.
A trajetória de Eunice foi retratada no filme "Ainda Estou Aqui", vencedor do Oscar 2025 na categoria de Melhor Filme Internacional, além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz para Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva.
Autora original da medida, a deputada Dani Monteiro afirmou que a homenagem é o mínimo que a Alerj poderia fazer em reconhecimento à luta de Eunice, já que ela foi uma mulher, lutadora, mãe e esposa, que usou todos os anos restantes de sua vida para lutar por memória e justiça. "Eunice foi uma grande defensora dos povos originários de nosso país. A homenagem não é apenas pelo luto de uma família, mas pela luta do povo brasileiro e pela dignidade”, declarou.
Ao final de seu discurso, Dani Monteiro também abriu coautoria a todos os deputados que quisessem, e se referiu especificamente a dois decanos do Parlamento, os deputados Carlos Minc (PSB) e Luiz Paulo (PSD), já que os dois atuaram como líderes contra a Ditadura Militar.
Emocionado, Minc ressaltou que a luta contra a ditadura precisa ser sempre lembrada. "Eu conheci alguns personagens do filme ‘Ainda Estou Aqui’. Tive a infelicidade de conhecer os cárceres da ditadura. Pessoas que negam isso precisam ter conhecimento do que aconteceu. Trago no corpo as marcas da tortura, não tenho ressentimento e nem guardo ódio, mas é preciso sempre lembrar", concluiu.
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