Operação teve como objetivo prender foragidos da JustiçaReprodução

Rio – A megaoperação da Polícia Civil que resultou, nesta quinta-feira (13), em 603 prisões - número que pode crescer por atraso em inserção de dados no sistema - mobilizou mais de dois mil agentes de delegacias, entre distritais e especializadas, de todo o estado. O trabalho, que tinha como alvos foragidos por crimes de roubo e receptação, vinha sendo planejado desde o início do ano.
"Os esforços vêm sendo sincronizados há cerca de dois meses para que as investigações desaguassem todas hoje, no intuito de que fizéssemos um número impactante de prisões. Tivemos prisões em flagrante e cumprimento de mandados, inclusive de uma grande liderança do narcotráfico no Rio", comentou, em entrevista coletiva no fim da tarde, o delegado Carlos de Oliveira, Subsecretário de Planejamento e Integração Operacional, citando a captura de Luiz Carlos de Lomba, conhecido como "Chocolate", de 61 anos, apontado como um dos três pilares da hierarquia do Terceiro Comando Puro (TCP) no Complexo da Maré.
O delegado fez uma estimativa do impacto que tantas prisões poderão ter no índice de crimes praticados nas ruas: "Pela nossa experiência em investigação, serão, no mínimo, menos cinco roubos por semana. O impacto é muito grande quando retiramos esse número enorme de criminosos do meio social, em que eles param definitivamente de cometer delitos contra o patrimônio".
O delegado Felipe Curi, secretário de Polícia Civil, ressaltou o trabalho coletivo da corporação não só nas centenas de capturas nesta quinta, mas também desde o processo para obter os mandados de prisão: "A gente fez uma ação coordenada com todas as delegacias, que prepararam seus inquéritos, suas investigações, e mandaram para o Ministério Público, que submeteu ao Poder Judiciário. E nós obtivemos as ordens de prisão e algumas medidas cautelares de busca e apreensão".
Curi deu mais detalhes da estrutura da operação: "Montamos um posto avançado do Instituto Médico Legal (IML) para a perícia, o exame de corpo de delito desses presos, justamente para adiantarmos toda a formalidade que temos que cumprir".
A partir das prisões desta quinta, os delegados pretendem chegar a mais alvos. "A operação não termina hoje. Teremos bastante elementos de prova, dados de inteligência para que instauremos novos inquéritos e possamos também trazer provas nos inquéritos que já estão em andamento", complementou o delegado Carlos de Oliveira.
A operação
Segundo as investigações, boa parte dos crimes são estimulados por narcotraficantes que realizam a venda de drogas em comunidades, assim como exploram territórios de diferentes formas.
A corporação informou que, para aumentar o lucro, as organizações criminosas também emprestam armas e auxiliam em todo processo logístico para a execução de outros delitos, como roubo de cargas, de veículos, a pedestres, a residências, a instituições financeiras e a estabelecimentos comerciais. Os recursos adquiridos alimentam as disputas territoriais, bem como financiam a "caixinha" das quadrilhas.
Dados de investigação mostram que uma das facções alvo da Operação Espoliador é responsável por cerca de 80% de roubos de veículos e 90% dos roubos de cargas na capital e na Região Metropolitana.
Os mandados de prisão expedidos pela Justiça são decorrentes de inquéritos policiais e têm como alvos os líderes das quadrilhas, passando pelos colaboradores, executores e receptadores, sendo estes últimos os responsáveis por estimular os crimes.