Entrada do Centro Cultural EducarReprodução / Google Street View

Rio - A representante comercial Ahyla Campelo, mãe da menina Maytê, de 3 anos, relatou que a filha tem sofrido com racismo por parte de colegas de turma na creche Centro Cultural Educar, na unidade da Abolição, na Zona Norte. Em entrevista ao DIA, ela contou que a criança tem sido excluída na sala de aula por ser negra. Além disso, a família afirmou que a escola tem sido negligente com o caso.
"Houve um caso com uma criança, mas a professora disse que estava acontecendo porque essa criança estava disseminando para outras 'amiguinhas'. Essa menina chamou minha filha de preta e as outras não queriam brincar com ela. A professora falou que 'estava demais', que as meninas não queriam sentar, não queriam ficar perto... A própria Maytê contou que chamavam ela de preta e a professora me confirmou. Ela tem tido um comportamento diferente, foi isso que me fez procurar a professora para conversar", relatou a mãe.
"A Maytê sempre foi vaidosa, gostava de andar com cabelo solto. Na quinta-feira (20), ela pediu para eu prender o cabelo dela todo. Eu perguntei porquê e ela respondeu que as amigas achavam o cabelo dela feio, duro", contou Ahyla. Em outro caso, a menina chegou a perguntar para as colegas: "sei que sou preta, mas posso sentar".
Ao saber da situação, na quinta-feira, Ahyla questionou a unidade de ensino e recebeu a resposta de que o corpo docente estava ciente da situação e havia se reunido com os pais de uma das alunas. No entanto, a representante comercial criticou o fato de não ter sido notificada pela creche sobre o caso que a filha estava enfrentando.
"Como a escola está fazendo apuração se a minha filha nem está na escola. Por que a escola não chamou os pais da Maytê e chamou apenas os pais da outra aluna? Até hoje, não fui respondida sobre isso. A escola foi omissa, eles omitiram, me tiraram o direito de proteger minha filha. Era só isso que eu queria. Não estou culpando os pais da outra criança, estou culpando a escola, que me omitiu essa informação. Tenho o direito de saber o que acontece com a minha filha na escola. Estamos falando de crianças de 3 anos. Se eu não tivesse procurado a professora, eu jamais saberia que isso estava acontecendo", lamentou Ahyla.
Nas redes sociais, o Centro Cultural Educar divulgou uma nota na qual afirmou repudiar qualquer forma de racismo e descriminação dentro e fora do ambiente escolar. "Nosso compromisso é inegociável com o respeito, a inclusão e a valorização da diversidade", comunicou.
"Trabalhamos com diálogos apropriados para a idade, reforçando valores como empatia, respeito e a valorização das diferenças. Além disso, realizamos atividades lúdicas, pedagógicas e projetos (documentados em nosso Instagram) que ajudam a construir uma cultura de inclusão e respeito", continuou o comunicado.
Por fim, a creche expressou que entende o fato das crianças, aos 3 anos, estarem em fase de desenvolvimento e aprendizado sobre o mundo ao redor.
"Reafirmamos nosso compromisso em orientar e apoiar as famílias nesse processo, acreditamos que a parceria entre escola e responsáveis é fundamental para a formação de cidadãos conscientes e respeitosos", concluiu.
Após o caso, Ahyla decidiu trocar a filha para uma outra creche e já providenciou a mudança. A representante comercial ressaltou que, além da negligência, a creche demonstrou despreparo para tratar sobre o assunto.
"Hoje, tem uma forma errada de explicar: 'somos todos iguais'. Pelo meu entendimento, somos diferentes, mas precisamos respeitar todas as diferenças das pessoas. O despreparo é tanto que você vê uma postagem da escola mentindo, falando que a professora não sabia, mas disse em mensagem que só a professora sabia. Estão perdidos. A escola precisa ter essa conscientização e os pais também. Aconteceu esse caso com a minha filha e nem ata foi feita sobre o caso ocorrido", lamentou.
Nesta sexta-feira (21), mãe esteve na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) para registrar a ocorrência. No entanto, por orientação da advogada, decidiu que voltará à especializada na segunda-feira (24) para que o registro seja acompanhado pela defesa.