Policiais federais realizam operação contra grupo de comércio ilegal de cigarrosDivulgação

Rio - A Polícia Federal, com apoio do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), prendeu 12 pessoas, nesta quinta-feira (27), durante operação contra uma quadrilha especializada no comércio ilegal de cigarros. O contraventor Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, patrono da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, estava entre os alvos, mas não foi localizado.
Segundo a PF, o grupo investigado falsificava e comercializava os cigarros que produzia com o emprego de embalagens falsas, trabalho análogo à escravidão, tráfico de pessoas e imposição de violência e terror. De acordo com as investigações, os comerciantes das regiões dominadas pela organização eram obrigados a adquirir o produto contrafeito e revender apenas o cigarro fornecido pela quadrilha.

Na ação desta quinta, denominada Operação Libertatis 2, realizada na capital e em outras cidades do Estado do Rio, além do Espírito Santo, 200 policiais federais cumpriram mandados de prisão preventiva, de busca e apreensão e de medida cautelar diversa da prisão, sendo uma delas a suspensão de um policial rodoviário federal.

Além dos mandados, também houve o bloqueio, sequestro e apreensão de bens, avaliados em cerca de R$ 350 milhões. Dentre eles estão imóveis, veículos de luxo, criptomoedas, dinheiro em espécie e valores depositados em contas bancárias.
Das 12 prisões realizadas nesta quinta, sete aconteceram na Zona Oeste, nos bairros de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Campo Grande, e na Norte, no Cachambi, na Ilha do Governador e em Bonsucesso, onde um policial militar foi capturado. As demais se deram São Pedro da Aldeia, na Região dos Lago; em Nova Friburgo, na Região Serrana; em Magé, na Baixada Fluminense; e em Serra, no Espírito Santo. 
Na residência de um dos alvos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, agentes apreenderam R$ 48 mil.
Modo de operação

A investigação foi iniciada em fevereiro de 2023, em decorrência da descoberta de três fábricas clandestinas de cigarros falsos e do resgate de trabalhadores paraguaios submetidos a regime análogo à escravidão, no âmbito da Operação Libertatis, deflagrada pela PF na Baixada Fluminense.

Conforme apontado em outra operação realizada pela Polícia Federal, a Smoke Free, em 2022, essa mesma organização criminosa contava com uma célula de serviço paralelo de segurança, coordenada por um policial federal e integrada por policiais militares e bombeiros, que também atuavam em outros serviços ilegais de acordo com os interesses do grupo.

Ainda segundo a PF, integrantes de uma outra célula da quadrilha eram os responsáveis pelo fornecimento de insumos, maquinários e mão de obra escrava oriunda do Paraguai, que eram empregados na produção clandestina dos cigarros no Estado do Rio e em outras unidades federativas. Este núcleo era administrado por uma mulher que possuía um serviço de segurança particular por parte de um policial militar.

De acordo com as investigações, outra parte do grupo era integrado por pessoas responsáveis pelo acompanhamento dos veículos que transportavam os cigarros, fornecidos da Baixada Fluminense para comerciantes de outros estados brasileiros. Um desses integrantes era agente da PRF, que tinha como função assegurar a entrega segura da carga.

"O montante obtido com o lucro dos delitos praticados era posteriormente submetido a lavagem de dinheiro com a consequente remessa de altas cifras ao exterior de forma irregular. O modus operandi dessa organização criminosa, no que diz respeito ao domínio de regiões e imposição de violência e terror, é o mesmo empregado pelos grupos que exploram o jogo ilegal no estado do Rio de Janeiro", explicou a corporação.

Os investigados poderão responder pela prática dos crimes de organização criminosa; redução a condição análoga à de escravo; tráfico de pessoas; crime contra a saúde pública; fraude no comércio; sonegação por falta de fornecimento de nota fiscal; crime contra a relação de consumo; falsificação e uso de documento falso; violação de direito autoral; lavagem de dinheiro; e evasão de divisas.

Adilsinho procurado
Dono de uma distribuidora de cigarros e charutos, Adilsinho, patrono do Salgueiro, é apontado como líder de um grupo que monopolizou a venda de cigarros em diferentes pontos da Região Metropolitana. Investigações indicam que, apenas setembro de 2019 e fevereiro de 2020, por exemplo, seu grupo teve um lucro de mais de R$ 9 milhões.
Em 2024, a Polícia Civil pediu a prisão preventiva de Adilson por suspeita de ter mandado matar o miliciano Marco Antônio Figueredo Martins, conhecido como Marquinho Catiri, e o seu comparsa, Alexsandro José da Silva, o Sandrinho. O crime aconteceu na comunidade da Guarda, na Zona Norte, em 2022.
Segundo a Polícia Civil, o homicídio foi motivado por uma disputa na contravenção. Catiri, que controlava a milícia que atua em comunidades de Del Castilho e Inhaúma, na Zona Norte, estava ligado ao rival de Adilsinho, Bernardo Bello.