A fisioterapia pélvica Patrícia Zeidan atende mulheres com endometrioseDivulgação

A endometriose é uma doença crônica que se caracteriza pelo crescimento do endométrio fora do útero. De acordo com estimativa da Organização Mundial da Saúde 180 milhões de mulheres enfrentam o problema no mundo, destas, sete milhões são brasileiras.
Muitas pacientes, ao buscarem ajuda devido a sintomas como dores abdominais, lombares e dificuldades nas relações sexuais, acabam sendo diagnosticadas com essa condição, que não só afeta sua saúde física, mas também compromete relacionamentos e bem-estar emocional.
A fisioterapeuta pélvica Patrícia Zaidan oferece uma abordagem com resultados positivos em até 90% das mulheres atendidas, controlando a doença, devolvendo a qualidade de vida e em muitos casos, as pacientes não necessitam de cirurgia.
Zaidan conta que a endometriose é alimentada pelo próprio hormônio da mulher, o estrogênio. "Isso não quer dizer que todas terão. Existe alguma distinção que acontece por dentro, que a gente ainda está muito nos estudos, é claro, não tem nada definido, que pode trazer. Mas, assim, os primeiros sinais e sintomas são as cólicas, muito forte no período menstrual", explica a profissional.
Ela acrescenta que, com a ressonâncias para a região pélvica, houve evolução do diagnóstico. "Foram descobrindo esses focos chamados de focos de endometriose: o descamar, uma inflamação da parede uterina, que até então acreditava que só tinha no útero, mas hoje a gente vê os focos indo para o intestino, para os ovários, até para pulmão. E isso causa muita dor forte e elas demoram a fazer o diagnóstico".
Para que a paciente tenha uma melhor qualidade de vida e dependendo do caso não seja indicada a cirurgia, Patrícia trabalha com a fisioterapia pélvica para retirar as dores que são muito fortes.
"A gente não vai conseguir retirar o foco, mas, com a fisioterapia pélvica, conseguimos tirar todo esse quadro de dor liberar tudo junto a outros profissionais. A paciente faz uma dieta chamada anti-inflamatória com uma nutricionista. Então, na verdade, essa união da alimentação mais a fisioterapia é que a gente consegue desinflamar, vamos dizer assim, porque tudo é um processo desinflamatório, a fisioterapia trabalha com manipulação, com laser, laser dentro do canal vaginal, laser dentro, na região abdominal e exercícios pélvicos".
A especialista afirma que mulheres têm dores abdominais, lombar e dentro do canal vaginal. "Muitas têm dor até anal, na região do períneo mesmo. Então, é dor durante e antes da menstruação, bem próximo ao período, na relação sexual e no abdome. A dor vem a qualquer momento por conta dos focos e se for no intestino também haverá muita dor ao evacuar também".
Para Zaidan, o importante é acabar com a dor das pacientes. "A gente consegue tirar o processo inflamatório e aí o médico, juntamente com a medicação, faz o controle dos focos e ela não precisa ir para a cirurgia na maioria das vezes, porque aí está tudo controlado, segura ali os focos, ele não tem perigo de estender porque bloqueia a menstruação e ela fica livre das dores, é isso que acontece", aponta ela, lembrando que se for necessária a cirurgia é de suma importância a fisioterapia pélvica no pós-operatório.
Atuando nessa área desde 2009, Patrícia se divide atualmente entre consultórios no Centro, Copacabana e Icaraí, e também atende no Hospital Niterói D’Or. Seu tratamento conservador começa com uma avaliação completa, investigando cada detalhe da condição da paciente e observando aspectos posturais e musculares.
Pacientes chegam encaminhadas por médicos com queixas como dores intensas, constipação crônica, sintomas urinários e dor na relação sexual. A fisioterapeuta realiza testes específicos que identificam pontos de dor e áreas de tensão na pelve, tanto externa quanto internamente, criando um mapa da dor para guiar o tratamento.
A partir dessa avaliação, é adotado um conjunto de técnicas manuais, incluindo a liberação miofascial e exercícios terapêuticos que relaxam e fortalecem a musculatura pélvica. Ao seu lado está uma equipe multidisciplinar, que inclui médicos especialistas em dor e cirurgia robótica, psicólogos especializados em dor crônica, nutricionistas e uma osteopata, para ajustar dietas e medicamentos conforme a necessidade de cada caso.
O emocional também fica afetado

Embora as dores físicas sejam evidentes, muitas pacientes convivem com a dor emocional silenciosa que a endometriose traz. Com receio de não serem compreendidas por seus parceiros, algumas mulheres se submetem a relações sexuais dolorosas, acreditando que, se evitarem, poderão gerar desconfiança ou colocar o relacionamento em risco. Essa situação intensifica o sofrimento psicológico, algo que Patrícia também busca abordar em seu tratamento, através de um acolhimento integral.
O acompanhamento personalizado de Patrícia costuma oferecer resultados efetivos em média entre oito e dez sessões, podendo chegar a 15, dependendo da paciente. "Acredito na importância de um atendimento completo, que enxergue cada paciente como um todo – corpo e mente – para tratar a endometriose com eficácia e empatia", destaca Patrícia, completando: "Meu foco é restaurar a qualidade de vida das pacientes de forma segura, ajudando a evitar procedimentos mais invasivos".

Informação e orientações são necessárias

Recentemente, Patrícia deu início a uma especialização em psicanálise, com previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2025, para compreender mais profundamente os aspectos psicológicos da dor crônica em suas pacientes. Essa formação adicional reflete seu compromisso em proporcionar um atendimento completo, que valorize tanto a saúde física quanto o bem-estar emocional de cada mulher. "É essencial que a endometriose seja falada e divulgada, pois muitas mulheres ainda não sabem que sofrem dessa doença. Precisamos levar informação para que elas reconheçam os sintomas e busquem ajuda especializada", ressalta Patrícia.

Veja o que pode ocasionar

- As causas da endometriose não são totalmente conhecidas, mas acredita-se que sejam multifatoriais. Entre as principais estão:
- Menstruação retrógrada
- Fragmentos do endométrio são expelidos para a cavidade abdominal, em vez de sair pelo corpo.
- Desordens imunológicas
- O sistema imunológico pode falhar e permitir que as células endometriais escapem e se fixem em outras estruturas.
- Transformação de células peritoneais
- Os hormônios ou fatores imunológicos podem transformar células peritoneais em células semelhantes ao endométrio.

Cirurgião faz considerações sobre a doença

Além de Patricia Zaidan, outro profissional, o médico cirurgião especialista em endometriose Lucas Simões, falou ao jornal O DIA.

O DIA: Como se pode definir, de forma bem clara, a endometriose?

Lucas Simões: A endometriose é a presença de células do endométrio, que é a camada interna do útero responsável por receber um embrião e pela gestação, mas localizadas fora do útero, podendo atingir órgãos como o intestino, bexiga, trompas, ovário.

Então a localização errada dessas células, juntamente com o processo inflamatório e imunológico causado por isso que chamamos de endometriose.

O DIA: Qual a causa da doença?
Lucas Simões: Embora descrita na literatura médica desde 1860, ainda não há certeza sobre a causa da endometriose. Existem pelo menos seis teorias que tentam justificar a sua origem, mas nenhuma consegue confirmar todos os casos. As teorias mais aceitas envolvem a menstruação retrógrada, que é quando células da própria menstruação retornam pelas trompas e caem dentro do abdome, assim como teorias que sugerem alterações genéticas e imunológicas.

O DIA: Por que algumas mulheres são acometidas da doença e outras não?

Lucas Simões: Embora o fenômeno da menstruação retrógrada aconteça com 90% das mulheres, somente 10% irão desenvolver a endometriose. Então estima-se que fatores genéticos, imunológicos e ambientais estejam envolvidos no maior acometimento de algumas mulheres em relação a outras.

O DIA: Quais são os fatores que levam às mulheres a ter endometriose? Alimentação? Genética?

Lucas Simões: Como a causa ainda não é conhecida, a ciência não tem certeza quais fatores podem levar a ter endometriose, mas presume-se que existam componentes genéticos, hereditários e ambientais, como a alimentação e hábitos de vida, que podem aumentar a chance de ter endometriose.

O DIA: Existe alguma forma para se prevenir a endometriose?

Lucas Simões: Infelizmente ainda não há uma forma de prevenção da endometriose. Como não sabemos a sua causa, não conseguimos atuar de forma preventiva na doença. Claro que um estilo de vida mais saudável tende a controlar melhor a endometriose, mas não há certeza que realmente afetará o seu surgimento.
Muito sofrimento durante anos
A farmacêutica Beatriz Mesner Feitosa, de 35 anos, descobriu a endometriose aos 22 depois de muito sofrimento e total desconhecimento dos médicos com quem ela se tratava. "Passei por uns oito médicos, até que então uma virou e desconfiou e falou assim, eu acredito que pode ser endometriose. Mas em Maricá onde eu morava não havia profissional e precisei ir para Niterói. Na época ela me dirigiu a um senhor que realizava cirurgias, em relação a endometriose. Chegando lá eu precisei fazer a cirurgia e depois passei a tomar hormônios até que eu quisesse engravidar. Graças a Deus não precisei fazer histerectomia. O médico conseguiu, apesar de ser uma endometriose profunda, num grau de risco bem alto, de ter tomado o meu útero, os meus ovários e o meu intestino ele conseguiu preservar os meus órgãos para que eu pudesse ser mãe".
A farmacêutica conta que 12 anos se passaram ela começou a procurar outro especialista, e encontrou o doutor Marcos Aurélio Lameirão, que integra a equipe da doutora Patrícia Zaidan. "De fato ele viu que a minha endometriose tinha voltado, não ao grau anterior com necessidade de cirurgia, porém a um grau que tinha uma opção de fazer um tratamento alternativo, e ele me passou suplementação, exercício físico, exigiu que eu tivesse minha atividade física contínua, e ele me passou o tratamento com a fisioterapia pélvica e me direcionou a nutricionista. Cheguei morrendo de medo de ter que fazer outra cirurgia, mas graças a Deus e a uma equipe muldisciiplinar não foi preciso".
Tratamento com anticoncepcionais
A técnica de automação industrial Beatriz Oliveira, de 27 anos, também sofria. "Descobri a endometriose com 16 anos, quando comecei a sentir muitas dores no meu período menstrual, um fluxo mais intenso que o normal. Fui em busca de acompanhamento médico e realizei alguns exames para poder fechar o diagnóstico. Optei por fazer o tratamento com anticoncepcionais de uso contínuo, já que descobri ainda nova. Desde então faço acompanhamento regularmente com minha ginecologista. No início, a adaptação era um pouco difícil. Ainda sentia algumas dores, mas com o tempo, fui deixando de sentir com intensidade os sintomas e, hoje em dia, são poucas as vezes em que sinto".