Agentes cumprindo mandado de busca e apreensão na casa de um dos alvos da operaçãoDivulgação / PF

Rio - A Polícia Federal realiza, nesta quarta-feira (16), uma operação contra organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, caixa dois e obstrução da Justiça. Segundo a PF, o bando atuou para favorecer candidatos nas eleições do ano passado e causou prejuízo bilionário aos cofres públicos.

Durante a ação, a Justiça bloqueou R$ 3,5 bilhões dos investigados e determinou a suspensão das atividades de oito empresas. Além disso, dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços ligados aos suspeitos nos municípios de Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba, Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG).
Entre um dos alvos está o prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho (PL). Em um vídeo divulgado nas redes sociais, ele negou as acusações e disse que os policiais apreenderam indevidamente sua arma. O prefeito alega que o registro está correto.
"Todos esses fatos tem decorrência de uma operação que aconteceu durante as eleições referente a um 'teatro invisível', pessoas que ficam na rua disseminando fake news. Isso aconteceu em várias cidades e apreenderam relatórios referentes à Cabo Frio. Atribuíram a mim ter feito esse tal teatro, que eu não participei. A PF acusa essas pessoas, que eu não conheço. Não participei disso. A Justiça comete erros. Estou sendo vítima de uma injustiça nesse momento e vou provar a minha inocência plenamente. A verdade vai aparecer e a gente, com toda tranquilidade, vai mostrar para toda a sociedade que não temos nenhuma relação com esses ilícitos que foram mencionados", comentou.
Outro suspeito de participação no esquema é Davi Perini Vermelho, o Didê, presidente do Instituto Rio Metrópole.
"O presidente do Instituto Rio Metrópole, Davi Perini Vermelho, reafirma a inexistência de qualquer relação com o fato noticiado e segue acreditando na justiça onde poderá se defender respeitando o devido processo legal", diz a nota da instituição. 
Lista dos alvos:
- Aarão de Moura Brito Neto, foi candidato à Prefeitura de Mangaratiba, mas não se elegeu;

- Bernard Rodrigues Soares;

- Cristiano Almeida Leite;

- Davi Perini Vermelho, chamado de Didê, presidente do Instituto Rio Metrópole;

- Renan Tadeu Fernandes Pontes;

- Roberto Pinto dos Santos;

- Rodrigo Santos de Castro, subsecretário de Eventos e Relações Institucionais do RJ;

- Rubem Vieira de Souza, mais conhecido como Dr. Rubão, candidato sub judice à Prefeitura de Itaguaí;

- Sérgio Luiz Costa Azevedo Filho, o Dr. Serginho, é o atual prefeito do município de Cabo Frio;

- Valdecy Dias da Silva, o Valdecy da Saúde, deputado estadual.

Os suspeitos são ligados a companhias que manipularam processos licitatórios em pelo menos quatro cidades do estado do Rio, sendo Cabo Frio, Itaguaí, Mangaratiba e São João de Meriti. Também há indícios de um esquema sistemático de lavagem de dinheiro com o uso de contas de passagem, dinheiro em espécie e aquisição de bens de alto valor.

Segundo a PF, o grupo tentou destruir provas armazenadas digitalmente e usou recursos não declarados para beneficiar candidatos nas eleições de 2024. A investigação é uma nova fase da Operação Teatro Invisível, iniciada em setembro do ano passado.

As investigações continuam e os envolvidos podem pegar até 27 anos de prisão, caso sejam condenados. A reportagem de O DIA não conseguiu contato com a defesa dos citados, o espaço segue aberto para manifestações.
Fake news e influência no resultado das eleições

Durante a primeira fase da operação, a Polícia Federal prendeu quatro pessoas em São João Meriti, na Baixada Fluminense, e cumpriu 15 mandados de busca e apreensão. A investigação revelou que o grupo contratava pessoas para disseminar informações falsas sobre candidatos em locais públicos, como pontos de ônibus, padarias e mercados, com o objetivo de influenciar o resultado das eleições municipais em pelo menos 13 cidades do estado.

O esquema incluía a contratação de “atores” que recebiam salários mensais para espalhar fake news em locais de grande circulação. Os coordenadores do grupo, por sua vez, recebiam valores maiores e eram responsáveis por organizar as ações. 
As apurações também identificaram o uso de “laranjas” em cargos públicos para manter o funcionamento do esquema durante os períodos eleitorais.