Coletiva de imprensa sobre plano de segurança viáriaPedro Teixeira/Agência O DIA

Rio - A Prefeitura do Rio anunciou, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (16), mudanças no trânsito para motociclistas a partir de junho. Entre elas, estão a criação de novas motofaixas, a limitação de velocidade e a proibição da circulação em vias centrais. As medidas foram tomadas com base em dados alarmantes de acidentes em 2024, ano que registrou o maior número de mortes desde 2008.
Segundo dados divulgados pelo secretário municipal de Saúde Daniel Soranz, 723 pessoas morreram no trânsito, o que representa uma média de duas mortes por dia. Desse total, 69% eram motociclistas, 15% pedestres, 11% ciclistas e 5% ocupantes de automóveis.

De acordo com o presidente da CET-Rio, Luiz Eduardo Oliveira, três medidas serão implementadas no plano de segurança viária.

1º - Expansão de motofaixas

Atualmente, a cidade possui duas motofaixas, sendo uma na Avenida Rei Pelé (4km) e outra na Autoestrada Engenheiro Fernando Mac Dowell, em São Conrado (2km). As duas totalizam seis quilômetros de extensão, com velocidade permitida de 60 km.

No entanto, o plano de extensão prevê mais 50 quilômetros de motofaixas, que serão implantadas de forma gradativa a partir de junho nas seguintes vias:

Avenida das Américas (33km)
Rua Mário Ribeiro (2km)
Avenida Epitácio Pessoa (8km)
Avenida Borges de Medeiros (7km)

2º - Limitação de velocidade e proibição em vias centrais

O limite de velocidade para moto será de 60km em toda a cidade. Além disso, os motociclistas ficaram proibidos de circular nas pistas centrais das seguintes vias.

Avenida Presidente Vargas
Avenida das Américas
Avenida Brasil

3º - Acordo de cooperação técnica entre empresas de aplicativo

Participaram da reunião, a diretora de políticas públicas do Ifood, Débora Gershon, e o gerente de relações públicas e assuntos governamentais da 99, Lucas Sabino. De acordo com a prefeitura, será realizado um intercâmbio de informações junto ao órgão municipal.

Dentre os objetivos estão: medidas punitivas para condutores infratores; elaboração de políticas públicas para segurança viária; campanhas de educação para condutores, passageiros e clientes.

Como e quando ocorrerão as mudanças?

A partir de junho, terá início a proibição da circulação nas vias centrais com limite de 60 km. No entanto, o prefeito esclarece que não pretende "pegar" os condutores de surpresa.

"Esse sistema vai ser implantado gradativamente, não começa amanhã, se não tiver placa, essa regra não será aplicável. Vamos fazer isso ao longo deste ano", explicou.

Em relação às motofaixas, o presidente da Cet-Rio também reforçou que a medida ocorrerá de forma gradativa. O cronograma sobre as mudanças será divulgado na próxima semana.

"Como qualquer operação desse tipo, não vai ser de uma vez, semana que vem vamos apresentar um cronograma, mas vai ter um período de adaptação. Estamos agindo onde tem um maior número de acidentes", explicou.

A primeira via a contar com proibição pelas pistas centrais será a Avenida Presidente Vargas, no Centro. "É onde temos o maior índice de acidente, principalmente na Central do Brasil. Teremos uma parte de comunicação, o tempo de implantação e sinalização vai ser um pouco maior", disse.

Já na Avenida das Américas, a implantação das motofaixas e a proibição da circulação nas vias centrais acontecerão de forma paralela.

As medidas são válidas apenas para motos.

Problema de saúde pública

Ainda em coletiva, Daniel Soranz reforçou que apenas no primeiro trimestre de 2025, os dados registraram um aumento de 17% de pessoas lesionadas por acidente de trânsito em relação ao ano de 2024. Enquanto em números de mortes, houve um crescimento de 43%.

Em relação aos feridos, a quantidade chegou a diminuir durante a pandemia, mas voltou a aumentar. Em 2024, o total de vítimas feridas chegou a 12.900. Entre elas, estão pessoas do sexo masculino, que equivalem a 76%, sendo 42% adultos de 20 a 39 anos e 64% negros, pretos e pardos.

De acordo com o prefeito Eduardo Paes, além da vida, a preocupação se estende aos gastos com a saúde pública. "Primeiro, estamos preocupados com a vida de quem anda de moto, mas também com o impacto de desrespeito a leis de trânsito e eventuais irresponsabilidades no custo da saúde pública, nós deixamos de atender pessoas com doenças que não tem como evitar para atender vítimas de algo evitável", disse.

Por fim, Soranz esclareceu que o acidente com motocicleta é considerado o principal problema de saúde pública no Rio. "A Secretaria de Saúde gasta 130 milhões com cirurgias de acidentes de trânsito. Quase 80% das cirurgias ortopédicas são de vítimas de acidente de trânsito. O custo de atendimento é muito alto, mas o custo maior é a vida, assim como as sequelas permanentes, temos muitas famílias enlutadas. Foram 9.686 vítimas de acidente que ocuparam a vaga de outra pessoa que poderia estar fazendo cirurgia ortopédica, a rede opera muito mais do que operava", contou.