"Alô, Rio de Janeiro, todo mundo, aquele abraço! Todo o povo brasileiro, aquele abraço! Todo mês de fevereiro (aquele abraço!) Alô, moça da favela (aquele abraço )". Os versos da música de Gilberto Gil, escrita na época de seu exílio com Caetano Veloso, mostram como esse gesto, atualmente tão distante de algumas pessoas que só se conectam via internet, é de suma importância para a autoestima, para o afeto e, segundo alguns especialistas, reforçam a saúde e o aprendizado das crianças.
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Celebrado em 22 de maio, o Dia do Abraço nos convida a lembrar de algo simples, mas poderoso: o contato humano. Em um mundo que valoriza produtividade, velocidade e resultados, abraçar tornou-se quase um luxo — ou um hábito esquecido. Em tempos de internet, um abraço apertado vira quase uma grande prova de amor. E, de acordo com profissionais, isso tem impacto direto na saúde emocional, especialmente das crianças.
"Abraçar é um dos primeiros gestos que aprendemos e um dos mais esquecidos na vida adulta. Talvez por isso a saúde emocional sofra tanto", afirma a psicóloga Sandra Pereira. "No Dia do Abraço, um convite: que tal resgatar essa forma de presença que não exige respostas, apenas entrega? Um abraço pode não resolver tudo, mas começa a curar. Vale lembrar também neste dia de quando foi a última vez que você usou seus braços como abrigo? Talvez seja hora de abraçar mais — e não só os outros, mas também a si mesma", orienta a profissional.
Na infância, o afeto é ainda mais vital. "Pesquisas já comprovaram que o afeto é base da aprendizagem. Uma criança só consegue aprender com qualidade quando se sente segura, vista e valorizada no ambiente escolar. E o abraço, físico ou simbólico, comunica isso de forma poderosa", explica a psicóloga Camila da Silva Conceição.
Para a também psicóloga Leninha Wagner, PhD em neurociências, o abraço é uma das formas mais potentes de comunicação não-verbal e um recurso terapêutico natural: "Abraçar representa acolhimento, validação emocional e pertencimento — pilares fundamentais para a saúde mental. O contato pele a pele durante o abraço estimula a liberação de ocitocina, conhecida como o 'hormônio do vínculo', que reduz os níveis de cortisol (hormônio do estresse), regula os batimentos cardíacos e promove uma sensação imediata de segurança e conexão. Mais do que um gesto afetivo, o abraço é uma experiência reguladora do sistema nervoso, que acalma a mente e nutre o afeto — um toque simples capaz de restaurar estados emocionais e fortalecer laços humanos de forma profunda e silenciosa".
Afeto e memória
E tem gente que pensar que abraçar é só coisa dos casais e das crianças, mas qual nada. Esse contato é importante para pessoas em qualquer faixa etária como fala a psicóloga Anastácia Barbosa. "A gente cresce achando que é só a criança que precisa do nosso colo, do nosso abraço. Mas, no fundo, esse gesto é uma via de mão dupla. Porque quando eu abraço meu filho, quem se reconcilia comigo mesma sou eu. O abraço é presença, é afeto, é memória. E talvez seja por isso que, ao abraçarmos, também estamos sendo abraçados por tudo o que nos faltou um dia", diz ela que tem por hábito abraçar o filho.
"Quando abraço meu filho, é como se algo em mim se reorganizasse. Como se aquela parte que corre tanto, que sustenta tudo, pudesse enfim parar… e sentir. Porque o abraço não é só cuidado é também reconhecimento, é dizer:'estou aqui, com você, e por você'.
Para o ator Luis Augusto Brito, receber abraços tem muita energia envolvida. "O abraço é algo tão íntimo quanto o beijo. Já passei um final de semana com uma prima, para observar como ela agia, pois seria minha referência na construção do meu personagem, e um abraço nessa fase, é algo de tamanha importância, um abraço é íntimo, a gente recebe energia, entende como a pessoa transmite essa forma de carinho", diz o profissional, acrescentando que o abraço é um encontro.
"É algo muito particular nosso, que somos do teatro, é o nosso abraço antes de entrar em cena, ali unimos nossas energias, nossas forças, para estarmos ligados um ao outro e brilhar em cena. Um abraço traz acolhimento, fortalece vínculos e nos lembra que não estamos sozinhos. É um gesto simples que nutre o corpo e a alma. O abraço, as vezes, se faz mais necessário do que uma palavra, basta um abraço para me fazer entender que era aquilo que eu estava precisando".
A estudante Nathalie Paiva tem uma ligação muito forte com a mãe, Simone Moreira, e adora o gesto de carinho. "O abraço da minha mãe me acolhe nos dias de mais alegria e nos dias mais triste é meu porto seguro, minha fortaleza. Depois do abraço da minha mãe sei que pode vir qualquer batalha eu vou vencer’’, diz Nathalie.
O abraço em suas mais diversas formas
- Do ponto de vista espiritual Ato de conexão e troca de energias, representando afeto, amor, e um laço de união. É uma expressão de carinho e compreensão, capaz de fortalecer relacionamentos e trazer conforto em momentos de alegria ou tristeza.
- Conexão e Troca Energética: O abraço é visto como um canal para a troca de energias entre pessoas, fortalecendo laços afetivos e promovendo uma sensação de bem-estar.
- Afeto e Amor: É um gesto de amor, carinho e afeto, transmitindo emoções e sentimentos positivos entre as pessoas.
- União e Solidariedade: O abraço pode ser um sinal de união e solidariedade, especialmente em momentos de tristeza ou dificuldade, oferecendo conforto e apoio.
-Reconciliação e Paz: Pode ser um ato de reconciliação, representando a busca pela paz e pelo perdão entre pessoas que tiveram conflitos.
-Manifestação da Fé: No contexto espiritual, o abraço pode ser visto como uma manifestação da fé, fortalecendo a união entre pessoas que compartilham a mesma crença.
-Benefícios para a Saúde: Estudos indicam que os abraços podem reduzir o estresse, a ansiedade e a depressão, além de promover a sensação de bem-estar e felicidade.
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