A placa resgata os nomes dos 11 escravizados que trabalharam no reflorestamento da áreaTomaz Silva/Agência Brasil
A inauguração da placa, neste sábado, 31, contou com palestras, apresentação de teatro e com o plantio de 11 mudas de plantas nativas da Mata Atlântica, cada uma delas homenageando um dos reflorestadores.
A nova placa atualiza uma antiga inscrição no local, junto a uma escultura da artista Mazeredo, de um homem realizando um plantio. A inscrição antiga continha apenas seis nomes e os creditava como “escravos do Major Archer e de Nogueira da Gama”.
“Em todo esse espaço, mais de 100 mil árvores, em torno de 15 anos, foram plantadas por 11 pessoas. Quando eu tomei conhecimento dessa história – porque ela não é contada, seja no conteúdo escolar, seja em séries, novelas ou TVs – enquanto cidadã, falei: 'acho que todo cidadão carioca tem que saber dessa história'”, disse a deputada.
De acordo com a parlamentar, a história ainda é desconhecida por muitos e precisa ser estudada. Ainda não se sabe por exemplo, o que ocorreu com cada um deles.
Reflorestamento
Neste sábado, foram convidados artistas, pesquisadores e outras personalidades para plantarem, cada um, uma muda em homenagem a um dos escravizados.
“Este ato é para a gente celebrar a nossa ancestralidade. Reverenciar e homenagear pessoas que fizeram algo tão importante para cidade do Rio de Janeiro e para o mundo também, que é a Floresta da Tijuca”, disse a rapper Juju Rude, que participou da cerimônia e foi uma das convidadas a plantar uma das mudas nativas.
O produtor e pesquisador do projeto Negro Muro Pedro Rajão também plantou uma das mudas em homenagem aos reflorestadores. “A gente está em um momento político fundamental de enfrentamento ao apagamento do protagonismo preto em várias ordens. Eu acho que hoje é o reconhecimento do trabalho de pessoas escravizadas que por muito tempo foram vistas apenas como escravos.”
“Foram africanos escravizados que vieram para cá, então, vieram intelectuais, vieram professores, vieram reis, vieram engenheiros, agrônomos, vieram filósofos, pessoas que sabiam lidar com o minério, que sabiam lidar com a terra, que sabiam lidar com as ervas, com os animais”, acrescentou.
Heróis e heroínas
Dani Monteiro, que é autora também do projeto que deu origem à lei, diz que foi preciso produzir uma emenda para que os nomes pudessem ser inscritos mesmo não tendo sobrenomes. “As pessoas não tinham sobrenomes, porque elas eram como posses, eram como objetos. Não tinham essa humanidade para ter nome e sobrenome”, diz.
Para a deputada, tanto a inscrição no livro quanto a inauguração da nova placa são medidas necessárias ao reconhecimento do papel histórico das pessoas que foram escravizadas no Brasil. “Por direito à memória, à reparação, necessariamente o futuro tem que ser ancestral”, defende.
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