Familiares e amigos precisam carregar caixão durante enterro no Cemitério da Jaqueira em Queimados, na Baixada Fluminense Reprodução / José Paulo Lima

Rio - Em um momento já naturalmente difícil, algumas famílias de Queimados, na Baixada Fluminense, relataram problemas enfrentados durante o sepultamento de entes queridos no Cemitério Municipal Vale da Saudade (Jaqueira).
No último sábado (28), no enterro de Lucineia Leite Ramos, de 66 anos, familiares e amigos tiveram que carregar o caixão com as próprias mãos, pois os carrinhos utilizados no transporte estavam quebrados.
José Paulo Lima, morador de Queimados e amigo de infância da falecida, relatou o ocorrido. "A capela fica em um morro e é bem distante. Nós tivemos que levar o corpo até lá em cima, pegando na alça do caixão porque os carrinhos que servem para transportar estavam quebrados. Isso é um absurdo, um descaso muito grande", contou. De acordo com ele, foram cerca de cinco minutos de caminhada para que Lucineia pudesse ser velada.
Lima ainda afirmou que o estado da sala onde acontece o velório também é ruim. "Os ares condicionados estão todos parados e o pessoal fica lá naquele aquele calor", desabafou. 
Suane Leite de Jesus Almeida, filha de Lucineia, disse que o cemitério estava sem ninguém no momento em que o corpo da mãe chegou. "Quando chegamos lá, o cemitério estava bem abandonado mesmo, só tinha um moço para dar informações. Ele comentou que o único carrinho que tinha lá estava quebrado. Tivemos que pedir ajuda para desconhecidos para levar o caixão". Segundo ela, cerca de dez homens se revezaram para ajudar.
A filha relatou também que não tinha nenhum funcionário do cemitério para colocar o caixão na capela. "Meu irmão ainda teve que ajudar a colocar o caixão na capela (...) A gente já tá sofrendo e ainda tem que passar por isso. Um descaso total."
O DIA entrou em contato com a Prefeitura de Queimados que, em nota, informou que o problema foi pontual e que na mesma semana todos os carrinhos de transporte já estavam disponíveis. O órgão também alegou que a Secretaria Municipal de Serviços Públicos já abriu o processo para a aquisição de novos equipamentos para atender os dois cemitérios públicos da cidade.
Um outro morador do município, que preferiu não ser identificado, declarou ter passado pelo mesmo problema no enterro da sua mãe em 2024. "Já não é de hoje que está tendo reclamação sobre o Cemitério da Jaqueira, porque lá ultimamente está muito abandonado. No dia do enterro da minha mãe não foi diferente. Tinham dois carrinhos parados e a gente teve que juntar umas seis, setes pessoas para carregar o caixão porque não tinha suporte", disse.
O município de Queimados, que hoje tem pouco mais de 140 mil habitantes, conta com três cemitérios. Dois deles são públicos, como o Cemitério da Jaqueira e o do Centro, e o Cemitério Jardim Envida Rio, que é privado.