Quem diria que uma amizade poderia ir tão longe… Até a Lua! É isto mesmo: o Dia do Amigo, celebrado em 20 de julho, foi inspirado na chegada do homem ao satélite natural da Terra, em 1969. Apesar de algumas pessoas ainda duvidarem que o feito realmente aconteceu, foi esse marco histórico que serviu de inspiração para transformar a data em um símbolo da união e do companheirismo. Afinal, só com confiança, trabalho em equipe e apoio mútuo seria possível dar um passo tão grande; seja no espaço, seja na vida.
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A ideia foi do argentino Enrique Ernesto Febbraro, que enxergou naquele momento um exemplo de cooperação entre povos e decidiu espalhar a mensagem de amizade pelo mundo. Ele enviou cartas para pessoas em mais de cem países sugerindo que o 20 de julho fosse lembrado como o Dia do Amigo. E deu certo! A comemoração ganhou força em toda a América Latina, inclusive no Brasil, e se tornou uma oportunidade especial para lembrar aqueles que estão sempre por perto, seja nos dias de festa ou nos momentos difíceis.
Irmã de alma
E mesmo quando a distância é de quilômetros, a amizade pode ser mantida e perpetuada como é o caso da professora de inglês Claudine Dacal, conhecida como Clô, e da administradora de empresas Stella Marina de Cantuária, . "Amizade é um tipo de afeto que não pede licença, não exige manual, e quando é verdadeira, atravessa décadas, cidades e até reuniões pedagógicas intermináveis", diz Claudine, que, além de inglês, dá aula de redação em Itapetininga (SP), sabe disso como ninguém e prova que amizade é mesmo uma peça que nunca sai de cartaz.
"Stella Marina de Cantuária é minha amiga desde que ela tinha 7 anos. Hoje eu tenho 57 e ela 54.", conta Claudine com brilho nos olhos. "Passamos a infância e adolescência juntas, fazendo descobertas, compartilhando segredos e distribuindo risadas", recorda-se a profissional.
Hoje, Stella mora no Rio de Janeiro, mas a distância não apagou o vínculo. "A força da amizade continua a mesma, com algumas marcas de expressão a mais, mas com a mesma jovialidade que só a amizade faz permanecer", afirma Claudine, entre risos que parecem atravessar o tempo.
As lembranças de Stella sobre a amizade com Clô remetem ao prédio que ambas moravam, em São Francisco Xavier, no Rio. "Eu conheci a Claudine e a mãe dela quando eu esperava a minha mãe. Comecei a sair com ela e a gente mantém a amizade até hoje. Eu transformei a Claudine na irmã que não tive, pois sou filha única. É uma amizade de alma, de coração, de vida. Eu sei que eu posso contar com a Clô e ela comigo sempre".
Senso de humor parecido
E como acumular amigos ao longo da vida não paga pedágio, a professora, muito querida na cidade onde mora, construiu uma amizade inesperada e intensa com Carol Nery, professora de música na mesma escola. Tudo começou com piadas trocadas durante as reuniões escolares. "Descobri que Carol tinha um senso de humor bem parecido com o meu. Foi tiro e queda", lembra Claudine.
A aproximação ganhou força quando um professor de matemática decidiu se mudar para a Austrália e ofereceu sua casa para Carol. "Ela se viu muito só, apesar dos dois cachorros e dois gatos, e recém-saída de um relacionamento longo", conta Claudine. "Começamos com música, depois vieram os lanches, os almoços e agora nos falamos todos os dias. Solidão aqui não tem vez".
O segredo da amizade duradoura, segundo Claudine, está nos detalhes: "Os potes sempre têm de ser retornados e com tampa. Condição sine qua non da boa vizinhança e amizade sincera", diz, entre gargalhadas. Carol, por sua vez, tem um apelido carinhoso para Claudine: Xcoisinha.
"Ela chama todo mundo de 'coisinha' porque esquece o nome de geral. E como ela é carioca, eu botei um X na frente para dar aquele chiado exagerado que ela sempre faz", explica Carol, rindo alto. A convivência entre as duas é digna de roteiro de comédia. "A Clô é igualzinha a dona Hermínia, personagem do Paulo Gustavo. Quando ela fica brava, eu fecho os olhos e só imagino a Hermínia na minha frente", confessa Carol. Já Claudine tem sua própria definição da amiga: Carol é um tremendo bicho grilo. Um Raul Seixas de saia", diz, com carinho e um toque de poesia.
Encontro na vida profissional
Dizem por aí que é difícil encontrar um amigo no trabalho, mas a história de duas mulheres foi justamente o contrário. Com uma amizade que nasceu em meio a projetos profissionais e visões em comum, Larissa Calheiros e Tatiane Medeiros fundaram a agência Side, uma das promessas do marketing de influência nacional. O que começou com R$ 400 e uma ideia despretensiosa, se tornou uma operação robusta, que hoje atende grandes marcas e talentos de todo o país.
"No início, fazíamos tudo sozinhas, acumulando funções e responsabilidades. Mas a nossa sintonia foi essencial para segurar a barra nos momentos difíceis", conta Larissa. "Nosso DNA é feminino e digital. Decidimos manter o modelo remoto, com gestão focada em resultados e qualidade de vida para o nosso time. Isso também reflete o cuidado que temos uma com a outra", complementa Tatiane.
Um livro que ensina amizade para crianças superdotadas
O psicólogo Damião Silva se inspirou em sua própria história para escrever um livro para crianças com superdotação, que entre outros temas, explica sobre como regular as emoções e fazer amizades. 'Descobrindo a Superdotação e Como Lidar com as Emoções propõe acolhimento e autoconhecimento para crianças com altas habilidades.
"A principal dificuldade reside na divergência de interesses. Pessoas com diferentes níveis de desenvolvimento intelectual, como os superdotados, raramente estabelecem amizades com indivíduos da mesma idade. É mais comum que se relacionem com pessoas mais novas ou mais velhas. A título de exemplo, tenho 40 anos, e meu melhor amigo tem 30, enquanto minha melhor amiga tem 56. Quando uma pessoa superdotada gosta, ela gosta demais. Então, gruda! É o melhor amigo para fazer tudo. Quase perdi o melhor amigo porque queria só viajar com ele, queria fazer mil coisas e todo mundo tem a sua vida. Então, na escola fica muito difícil, por isso que às vezes confunde ali com o diagnóstico de autismo, porque nós, às vezes, a gente se isola de forma proposital, de forma consciente, não é que a gente não tenha habilidade social, nós não temos o interesse que faz essa troca de mão dupla. Porque amizade é reciprocidade, a amizade ela é feita por interesses comuns. Na vida adulta, a gente consegue fazer isso, filtrar, mas na infância, a criança tem uma obrigação de se ter amigos da mesma idade", explica o especialista.
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