Equipe disciplinar atende mulher vítimas de violência no Espaço MultivioletaMauricio Bazilio / SESRJ

Mulheres vítimas de violência física, psicológica e sexual que buscam um local de acolhimento encontram atendimento adequado no Hospital da Mulher (HMulher) Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Lá, funciona o Espaço Multivioleta que oferece uma série de serviços, que incluem consulta com ginecologista e atendimento com psicólogas, assistentes sociais e enfermeiras. O acolhimento é feito pela equipe multidisciplinar em conjunto para evitar que as vítimas de violência doméstica tenham que repetir a história várias vezes e revivam o trauma sofrido.
O Espaço Multivioleta do HMulher completou um ano de funcionamento no dia 8 de julho e até o mês de maio deste ano, 381 pacientes foram assistidas pela equipe multidisciplinar dedicada ao programa. O atendimento no setor vem se tornando referência para mulheres na região.
Em casos de abuso sexual, ao chegar no HMulher, o primeiro contato da vítima é feito pela ginecologista, que passa por exames para detectar se houve contaminação por Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Em seguida, enfermeiras, assistentes sociais e psicólogas acolhem a mulher que foi violentada. O serviço atende pacientes vítimas de violência física, psicológica e sexual. A maioria delas sofre mais de um tipo de abuso ao mesmo tempo, incluindo a violência patrimonial e moral.
"É muito importante que a vítima de violência sexual procure atendimento médico até um prazo máximo de 72 horas para que possamos tomar as medidas profiláticas de prevenção das ISTs, como HIV e sífilis, além da gravidez indesejada", explicou a ginecologista obstetra do hospital, Andrea Zanneti.
Acompanhamento das vítimas
As vítimas de violência são acompanhadas durante um ano a partir da data em que deram entrada no hospital. Os exames ginecológicos são repetidos a cada três meses. O acompanhamento psicológico acontece até duas vezes por semana, sempre com a profissional que estiver de plantão na unidade.
"A violência sempre deixa um trauma, portanto, o acompanhamento psicológico é fundamental. Muitas pacientes voltam porque sentem a necessidade de continuar com o atendimento terapêutico com as psicólogas da unidade. Quando elas não voltam, fazemos uma busca ativa para saber o motivo da falta, mas ela é livre para continuar ou não", contou a psicóloga da unidade, Maria Luiza Corrêa Cordeiro.
Além de ter o atendimento multidisciplinar como diferencial, a unidade também realiza a interrupção da gravidez até 21 semanas, como está previsto no Código Penal, Decreto-Lei 2.848/1940, Art. 128 e a Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009, Art. 217. As mulheres que desejam manter a gestação podem ser acompanhadas durante o pré-natal e o parto.
O serviço oferecido no Espaço Multivioleta é apenas voltado para a saúde da mulher, mas quando os profissionais percebem que a paciente está sob ameaça, como é na maioria dos casos, elas são aconselhadas a procurar a polícia e registrar ocorrência. É importante destacar que a assistência em saúde não está atrelada à denúncia.
Rede de apoio
O Espaço Multivioleta do Hospital da Mulher Heloneida Studart faz parte do programa do governo federal, Antes que Aconteça, que oferece uma rede de apoio e atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica. Atualmente, no Rio de Janeiro, o programa é coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) em parceria com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e a Secretaria de Estado de Segurança Pública que, por meio da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, encaminha os casos para a unidade.