Rio - Moradores de Niterói tiveram uma surpresa incomum nesta semana: um elefante-marinho de aproximadamente uma tonelada foi encontrado no Canal de São Francisco, na Zona Sul da cidade. O animal, visivelmente exausto e com alguns ferimentos, foi acompanhado por equipes da Guarda Ambiental e biólogos marinhos, que monitoram de perto sua permanência na região.
A presença de um elefante-marinho em um ambiente urbano e poluído, como o canal, não apenas despertou a curiosidade de quem passava pelo local, mas também levantou discussões sobre a interação crescente entre a fauna marinha e áreas costeiras do estado do Rio de Janeiro.
Apesar de rara, a visita do elefante-marinho não é um caso isolado. Nos últimos anos, o litoral do Rio tem registrado episódios de aproximação de diferentes espécies marinhas. Pinguins-de-Magalhães, durante os meses de inverno, são vistos comumente nas praias fluminenses após se perderem de suas rotas migratórias. Muitos aparecem debilitados e precisam de resgate especializado.
Baleias-jubarte têm sua temporada de migração entre os meses de julho e novembro e transformam a orla carioca em um verdadeiro ponto de observação para quem se encanta com os saltos e exibições das jubartes. Lobos e leões-marinhos, eventualmente, também são avistados descansando em costões rochosos de cidades como Arraial do Cabo e Cabo Frio.
Especialistas apontam que fatores como mudanças climáticas, alterações nas correntes marítimas e até a poluição podem contribuir para que animais marinhos se desloquem para áreas onde normalmente não seriam vistos.
“Espécies como o elefante-marinho dependem de águas frias e profundas. Quando surgem em regiões costeiras, geralmente estão em busca de descanso ou se perderam durante o deslocamento, e com as subidas e descidas das marés podem acabar ficando presos em canais, mangues e bancos de areia. Hoje, praticamente qualquer aparição é registrada e chega rapidamente às autoridades ambientais, o que ajuda no resgate e na preservação dos animais”, explica o biólogo Eduardo Maia.
Encontrar um animal marinho de grande porte pode gerar curiosidade, mas também exige cuidado. Ainda de acordo com o biólogo, o melhor a se fazer é manter distância e chamar uma autoridade como Bombeiros, Polícia Ambiental ou Guarda Costeira.
“As pessoas muitas vezes querem tirar fotos perto ou até tocar no animal, mas isso coloca em risco tanto o indivíduo quanto a equipe que vai realizar o resgate. O correto é manter distância e avisar imediatamente as autoridades”, alerta.
As principais recomendações são: manter uma distância segura é fundamental para evitar estresse no animal ou acidentes; evitar de chamar mais pessoas para perto e criar uma aglomeração; em hipótese alguma tentar pegar ou encostar nos animais; e acionar imediatamente uma autoridade.
Prefeitura monitora
A Prefeitura de Niterói segue monitorando a presença do elefante-marinho que tem circulado pela Baía de Guanabara. O animal está sendo acompanhado por equipes da Coordenadoria Ambiental da Guarda Municipal, Defesa Civil, NitTrans, Administração Regional de São Francisco e Coordenadoria Especial de Direitos dos Animais (Ceda), com apoio técnico do ambientalista Axel Grael, conselheiro estratégico para temas ambientais da Prefeitura.
“Há muitos anos acompanho o trabalho dos pesquisadores do Grupo de Mamíferos Aquáticos (Maqua), da Uerj. Eles desenvolvem uma pesquisa séria e relevante, e mais uma vez foram fundamentais. No inverno, é comum que espécies de regiões mais frias do sul do continente, como baleias e pinguins, apareçam no litoral do Rio de Janeiro. Embora os elefantes-marinhos não sejam tão frequentes, há diversos registros da presença deles por aqui. Nossa maior preocupação é garantir a integridade do animal, para que ele possa retornar ao oceano e seguir seu caminho natural de migração”, informa Axel Grael.
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