Rio - A prefeitura reabriu, neste domingo (21, o Mercado São José, em Laranjeiras, após o local ficar sete anos fechado. O polo gastronômico e cultural na Zona Sul volta a funcionar com 16 empreendimentos, entre hortifruti orgânico, queijaria, confeitaria autoral, cozinha árabe, café especial, massas artesanais, sorvetes veganos, fermentados, bares e restaurantes. O espaço funcionará de terça a domingo, das 10h às 22h, e terá venda de produtos e oferta de petiscos e bebidas ao longo do dia.
A reabertura contou com uma edição da feirinha da Junta Local e show de chorinho. Desde 1944, o mercado integra um ciclo de espaços comunitários cariocas batizados com nomes de santos – São Sebastião, São Bento, São Rafael, São Lucas, São Paulo – todos erguidos sobre o ideal de criar lugares de encontro comunitário e pertencimento.
Fechado desde 2018, quando o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) retomou judicialmente o imóvel, o Mercadinho, como é popularmente conhecido, renasce após a prefeitura ter comprado o prédio e o terreno ao lado, em 2023, por R$ 3 milhões.
A Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) fez um chamamento público que durou 60 dias com três grupos participantes. O consórcio liderado pela Engeprat e curadoria da Junta Local foi selecionado para gerir o espaço pelos próximos 25 anos.
"O Mercadinho São José é parte da alma carioca e não podia continuar abandonado. Está lindo. É muito bom devolver esse espaço para o carioca depois de sete anos de abandono, totalmente remodelado, mas sem perder a sua essência. É um patrimônio cultural recuperado que vai movimentar a economia local. Vamos seguir revitalizando vários espaços por toda a cidade", afirmou o prefeito Eduardo Paes, que esteve na inauguração usando uma camisa do Vasco, seu time do coração.
Os 16 empreendimentos estão divididos em 11 boxes, duas lojas e três restaurantes, todos em ambientes climatizados. Além do imóvel que sempre compôs o mercadinho, foram construídos um prédio de três andares e um terraço ao ar livre. Os boxes dos produtores estão localizados no prédio original, enquanto os restaurantes/bares ficam no segundo e terceiro andares do edifício anexo.
O consórcio também realizou a recuperação das relíquias históricas do local, como uma fonte centenária de água que foi completamente restaurada, e os azulejos da imagem de São José da fachada.
"Estamos muito felizes com a inauguração do mercadinho. Era um sonho trazer ele de volta, funcionando com movimento gastronômico, cultural no bairro. Um local que tem muita importância para a cidade do Rio e para o bairro de Laranjeiras. A nossa experiência de feira nos permitiu escolher, com base na missão da Junta Local, os pequenos produtores para atuarem aqui. Nossa ideia é que os restaurantes do mercadinho utilizem os produtos desses pequenos produtores", declarou a diretora de Comunidade da Junta Local, Natalia Arica.
História
O imóvel funcionava como uma senzala e um celeiro de uma fazenda localizada no Parque Guinle na época do Império. Sua inauguração como mercado ocorreu em 31 de maio de 1944, quando o então presidente Getúlio Vargas decidiu adaptar suas baias para criar um local que pudesse fornecer alimentos mais acessíveis à população durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois de décadas de abandono desde os anos 60, o mercado passou por uma revitalização em 1988 e foi declarado patrimônio cultural em 1994. Acabou se tornando um ponto tradicional da boemia carioca. Mas, com o passar do tempo, a infraestrutura do mercado começou a se deteriorar e ele acabou fechado em 2018. Desde então estava praticamente em ruínas.
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