Rio – A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) encerrou o inquérito sobre a ação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) que resultou na morte do office-boy Herus Guimarães Mendesda Conceição, no Morro Santo Amaro, no Catete, Zona Sul, concluindo que o policial, que teria atingido o jovem, agiu em legítima defesa putativa, quando o agente acredita estar em uma situação de risco, o que não ocorreu de fato.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que o agente estava em meio a “um cenário de tiros, correria e ataque pesado com armamento de guerra por parte de traficantes”. A corporação ainda destacou que laudos e imagens de câmeras corporais comprovaram que “não houve excesso ou ilegalidade na conduta policial”. O caso foi encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Dois dias após a morte de Herus, o governador Cláudio Castro exonerou os comandantes do Comando de Operações Policiais Especiais (COE) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), bem como afastou preventivamente do serviço nas ruas, até o esclarecimento dos fatos, os policiais envolvidos na operação, que deixou outras cinco pessoas feridas.
Segundo informações, os coronéis Aristheu de Góes Lopes e André Luiz de Souza Batista, do Bope e COE, respectivamente, autorizaram a realização da ação durante uma festa junina na comunidade. A PM já concluiu uma investigação interna sobre o caso e encaminhou os autos ao MPRJ.
Comissão da Alerj se pronuncia
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania (CDDHC) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) se pronunciou após a conclusão do inquérito da DHC se tornar pública. O órgão falou em preocupação.
Por nota, a CDDHC questionou a condução das investigações e mencionou contradições nas versões da Polícia Militar. O texto afirmou que a corporação, inicialmente, nego que disparos tivessem sido efetuados na festa junina, mas na sequência se corrigiu. A nomeação do coronel Aristheu Lopes para a superintendência de Gestão Integrada da PM também foi lembrada.
A CDDHC pediu ainda que o caso seja conduzido com transparência e rigor "a fim de evitar que casos de violência policial sejam encerrados sem o devido acompanhamento público da sociedade como um todo".
O caso
De acordo com testemunhas, acontecia uma apresentação de quadrilhas juninas, com a participação de crianças e famílias da comunidade. Ao DIA, o líder do grupo, Cristiano Pereira, contou que um grupo se apresentava quando um tiroteio teve início, provocando correria. Confira abaixo. Ele relata que policiais militares do Batalhão de Operações (Bope) saíram de becos à pé, em confronto com criminosos.
"O pessoal do Bope veio pelos becos e, quando apareceram, ninguém viu nada, só um monte de tiro para todos os lados (...) Os bandidos saíram não sei de onde, a bala veio não sei de onde, a gente não viu. Tinha muita gente [na festa]. Na hora dos tiros, estava 'rolando' uma roda, com um monte de gente dançando no meio, era o público com os quadrilheiros. Não percebemos nada", lembrou.
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