Rio - O mototaxista Elison Nascimento Vasconcelos, de 33 anos, foi o segundo morador baleado e morto durante a guerra no Complexo da Pedreira, na Zona Norte do Rio, entre a noite de domingo (26) e a madrugada desta segunda-feira (27). Ele acabou atingido por um tiro no tórax, chegou a ser socorrido pelo próprio pai e levado ao Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, mas não resistiu e morreu.
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Neste mesmo confronto facções, a moradora Marli Macedo dos Santos, de 60 anos, foi mantida refém por criminosos do Comando Vermelho (CV) e também morreu baleada dentro de casa. Ao todo, a guerra entre TCP e CV na comunidade já deixou quatro mortos, sendo dois suspeitos e dois moradores. Outros cinco suspeitos foram presos pela Polícia Militar.
Em entrevista ao DIA, o pai de Elison, Edson Vasconcelos Brum, contou que o filho voltava de um evento e pagode e tinha acabado de deixar a namorada em casa quando acabou atingido.
"Meu filho era morador da região desde os 2 anos de idade. Não tinha envolvimento com drogas nem com o tráfico. Gostava de tomar a cervejinha dele nos fins de semana, apenas. Agora arrancaram uma parte de mim da forma mais cruel e violenta possível", lamentou Edson, que foi o primeiro a ver o filho ferido. "Eu tive que pegar meu filho com um tiro no tórax e carregar o corpo", lembrou emocionado.
Elison trabalhava de carteira assinada e, nas horas vagas, complementava a renda como mototaxista em um aplicativo de transporte. Ele havia acabado de comprar a moto nova para trabalhar.
A mãe da vítima passou mal ao receber a notícia da morte e precisou ser internada em um hospital. "A mãe está em estado de choque, passou muito mal. Então eu estou responsável por resolver toda a burocracia. Estou igual a um zumbi, me arrastando", desabafou o pai do mototaxista.
Até às 15h, a família de Elison aguardava a chegada do rabecão da Defesa Civil para levá-lo para o Instituto Médico Legal (IML). Ainda não há informações sobre o horário e local do sepultamento das vítimas.
Os casos são investigados pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
Confrontos são recorrentes na região
Há meses, moradores da região sofrem com uma rotina de violência e tiroteios constantes, que, inclusive, impactam nos setores de saúde e educação. Na última sexta-feira (24), a PM realizou uma operação na Pedreira um dia após um intenso confronto que deixou pacientes e funcionários do Centro Municipal de Saúde Fazenda Botafogo, em meio ao fogo cruzado.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), na última quinta-feira (23), a unidade foi alvejada durante o tiroteio. Profissionais e pacientes tiveram que se abaixar para se proteger. Ninguém ficou ferido, mas o atendimento precisou ser interrompido.
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Costa Barros, também localizada na região dos Complexos do Chapadão e Pedreira ficou fechada por mais de 20 dias. A UPA parou suas atividades em 30 de setembro, quando homens armados invadiram e sequestraram dois pacientes, após confundi-los com criminosos rivais, e ameaçarem funcionários. A unidade retornou com o serviço nesta segunda-feira (27).
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