Quadrilha é do Complexo do Lins, na Zona Norte, e ainda há integrantes foragidosReprodução

Rio - Uma operação prendeu, nesta quarta-feira (19), uma quadrilha de roubos e furtos de celulares na Zona Sul usando motocicletas. Policiais civis cumpriram mandados de prisão preventiva contra seis alvos e dez de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados. A ação mirou assaltantes e outros integrantes do grupo que emprestam contas bancárias, recebem mercadorias, fornecem endereços para entrega e fazem a intermediação da circulação dos produtos ilícitos.
Policiais civis da 15ª DP (Gávea) prenderam Andreia Cajado Moura, Bruna Alves Coelho, Luiz Carlos dos Santos Moraes, Marcos Eduardo Gonçalves Lima, Rodrigo de Almeida Silva e Yandra Rafaela Moura de Souza pelos crimes de roubo qualificado, associação criminosa e receptação. Os agentes ainda procuram outros três envolvidos foragidos. Os mandos de prisão foram expedidos pela 40ª Vara Criminal e 3ª Vara de Organização Criminosa do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). 
As investigações da 15ª DP apontaram que o grupo é do Complexo do Lins, na Zona Norte, onde alimentam um mercado paralelo de compras e transferências bancárias, utilizando os dados roubados das vítimas. Os bandidos agem principalmente nos bairros do Jardim Botânico, Gávea e Lagoa, na Zona Sul do Rio. Os crimes acontecem quando os bandidos em motocicletas abordam as vítimas, que podem ser pedestres ou motoristas, e exigem os celulares e senha, por meio de ameaça e violência usando armas, e acessórios de ouro. 
"Esses criminosos usam motos e circulam pela Zona Sul do Rio esperando para roubar os celulares das vítimas. Eles veem a vítima ou andando pela rua com o aparelho celular ou dentro do veículo com familiares, parando, estacionando ou saindo para algum local. Eles perseguem essas vítimas, param, mostram arma de fogo, mandam que as vítimas entreguem não só esses celulares, mas a senha, e cordões, alianças de ouro, tudo que a vítima tenha naquele momento", explica a delegada titular da distrital, Daniela Terra. 
Após o assalto, os objetos são levados para um ponto próximo e o bandido repassa os dados do telefone para um grupo de mensagem compartilhado entre a quadrilha. "Esse criminoso para em um local um pouquinho mais afastado, fica junto com outros motociclistas, para ficar despercebido, se fazendo passar por um motociclista legal. No momento que ele para, ele pega todos os dados do telefone e coloca dentro de um grupo de WhatsApp formado por outros criminosos, todos eles já identificados, com prisão preventiva já deferida", destacou Terra. 
Além dos assaltantes, há membros responsáveis por usar os dados das vítimas para fazer compras e por realizar transferências bancárias e por PIX para contas bancárias cedidas por outras pessoas, bem como integrantes que oferecem a própria casa para receber as mercadorias adquiridas ilegalmente. As residências, geralmente, ficam próximos às comunidades, já que as transportadores não conseguem acessar as áreas das favelas. Os membros que disponibilizam as contas e residências recebem pagamento fixo pelo serviço. 
As compras são realizadas em grandes lojas e plataformas digitais, antes que o cartão seja bloqueado ou a vítima consiga comunicar a fraude. As mercadorias obtidas acabam revendidas em plataformas digitais de compra e venda online, dentro das comunidades ou para outras pessoas, sempre por valores abaixo dos de mercado. Já as joias roubadas são compradas por ourives que entram nas favelas dominadas pelo Comando Vermelho, como o Complexo do Lins, também por preços menores.
Parte do ouro é revendida e outra utilizada para fabricar cordões e peças que os próprios criminosos ostentam. Durante as buscas na casa de um ourives que compra ouro no Lins, os agentes apreenderam R$ 9 mil em espécie, cadernos de anotação, cordões, correntes e alianças de ouro. De acordo com a delegada, o ciclo de roubo, fraude e revenda gera um fluxo financeiro diário muito alto, que mantém a organização lucrativa e ativa. As investigações continuam para identificar a lavagem de dinheiro e descobrir para onde vão os recursos obtidos com os roubos de celulares. 
A Polícia Civil alerta para importância das vítimas procurarem as delegaciais e registrarem os roubos, para contribuírem com o avanço das investigações. A ação fez parte da segunda etapa da Operação Rastreio que, nesta terça-feira (18), devolveu 1,6 mil celulares recuperados. A medida mira o combate a uma cadeia criminosa envolvida em roubos, furtos e receptação de telefones e já resgatou cerca de 12,5 mil aparelhos e prendeu mais de 700 bandidos. 
Operação Cerco
Nesta terça-feira (19), as Polícias Civil e Militar e a Secretaria de Estado de Transporte realizaram a primeira etapa da Operação Cerco contra crimes praticados com motocicletas, nas zonas Norte e Sudoeste. Na Avenida Rei Pelé, na altura do Maracanã, foram abordadas 52 motos e as equipes identificaram irregularidades como condutores que circulavam sem placa. No Recreio dos Bandeiras, outras 100 e um dos motoristas parados tinha uma mandado de prisão em aberto por roubo e acabou preso. 
A Operação Cerco fiscaliza os veículos para identificar sinais de clonagem ou adulteração; motocicletas que sejam produto de roubo ou furto, ou que tenham sido utilizadas em ações criminosas; que tenham vínculo em investigações ou alertas de inteligência e outros delitos. "Essa operação nasceu para contribuir com as operações de segurança pública, estamos levantando questões criminais, verificando se os veículos são roubados ou furtados, se o condutor possui mandado de prisão em aberto, ou se porta arma ou drogas", afirmou o subsecretário de Transporte e coordenador da ação, Maurízio Spinelli.