Familiares levaram a kombi de Bruno Paixão ao Cemitério de InhaúmaArquivo pessoal

Rio - Bruno Paixão, de 36 anos, morto durante uma ação da polícia na Comunidade da Maré, foi sepultado na tarde desta sexta-feira (28), no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. Em protesto, os familiares levaram a kombi da vítima, que ele usava para vender queijos e doces, com várias marcas de tiro, e uma faixa reafirmando que ele não tinha qualquer envolvimento com organizações criminosas. A Polícia Civil, no entanto, garante que Bruno é suspeito de integrar a facção que atua no Complexo da Maré, assim como outros dois homens mortos durante uma operação emergencial na quarta-feira (26).
Durante a cerimônia, a família voltou a afirmar que o homem trabalhava como vendedor de queijo e não tinha ligações com o crime. Os presentes ainda levaram faixas com pedidos por justiça. Em imagens filmadas por moradores da comunidade logo pós o tiroteio, é possível ver o veículo alvejado e com diversos queijos em seu interior, além de manchas de sangue pelo chão.
Em resposta, a polícia afirma que imagens mostram Bruno ao lado de traficantes logo antes de ter sido baleado. De acordo com a corporação, imagens capturadas por um drone mostram ele em cima da laje de uma casa, na companhia de um homem que carregava um fuzil.
No vídeo, é possível ver o bandido armado correndo por um beco em frente ao imóvel. Não é possível visualizar ele entrando na casa, mas um homem portando um fuzil e com roupas parecidas aparece na laje ao lado de outros três homens. Segundo a Polícia Civil, um deles, vestindo uma camiseta azul com gola branca, é Bruno Paixão. No momento em que um disparo atinge uma residência próxima, o grupo desce as escadas e não é mais visto.
Veja o vídeo
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). No interior da casa filmada pelo drone, os policiais apreenderam um fuzil com adesivo escrito "CRT". De acordo com a corporação, a sigla remete a "Corinthians", apelido do criminoso que atua como liderança do Terceiro Comando Puro (TCP) na Baixada Fluminense. Ele era um dos principais alvos da operação emergencial realizada na quarta-feira.
Após a incursão, familiares de Bruno realizaram um protesto e ocuparam duas faixas da Linha Amarela, na altura da Vila do João, no fim da tarde de quarta-feira. Além de alegar que o rapaz não era criminoso, o grupo pedia informações sobre a localização do corpo.
A operação ainda deixou um menino de 10 anos baleado na perna. Ele estava realizando uma atividade externa acompanhada por professores na Escola Municipal Hélio Smidt e foi encaminhado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.