Alunos da Escola Municipal Brant falaram sobre intolerância religiosaMaria Carolina Castro
O projeto é fruto de uma parceria pioneira na América Latina com a rede internacional “Cinema, Cem Anos de Juventude”, criada na França em 1995 por cineastas e educadores, que hoje reúne instituições de 15 países. Essa rede promove anualmente encontros entre jovens realizadores de todo o mundo, estimulando o intercâmbio cultural e o aprendizado coletivo sobre o ensino do cinema. No Rio de Janeiro, o PIM é patrocinado pelo Telecine, Multiterminais, Veirano Advogados e Paschoalin.
Em 2025, o encontro internacional “À Nous Le Cinéma!” foi realizado na Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris, e contou com a participação de jovens cineastas brasileiros. O Brasil foi representado por Sophia Ribeiro e Erik Richard, da Escola Municipal Brant Horta (Penha Circular/RJ), que apresentaram o curta de ficção “Axé, Iara”, sobre intolerância religiosa. O filme já foi selecionado para importantes festivais nacionais, como o Festival do Rio e o Abacaxi de Ouro, em Minas Gerais.
Diversidade de temas e olhares
Os filmes que serão exibidos abordam temas variados e atuais, refletindo o olhar dos jovens sobre o mundo.
Em “Axé, Iara”, da Escola Municipal Brant Horta, da Penha Circular (RJ), o tema central é a intolerância religiosa. Já “Um novo começo”, do Colégio Estadual Jornalista Maurício Azevedo, do Caju (RJ), fala sobre amizade e superação. O curta foi selecionado para a Mostra Geração do Festival do Rio, onde recebeu um troféu de destaque. O Colégio Estadual Professora Maria Nazareth Cavalcanti Silva, de Cascadura (RJ), produziu o curta “Colapso”, sobre um jovem que encontra na amizade um ponto de equilíbrio em meio a conflitos familiares.
Em Vitória (ES), estudantes da Escola Municipal Anacleta Schneider Lucas assinam “Reciclando”, curta que mostra como o lixo pode se transformar em luxo quando há mobilização comunitária — com destaque para o trabalho do Estúdio Gabi King e da Fantástica Carpintaria.
Os alunos da Escola Municipal Elisabete de Azevedo Dias Brandão, em Macaé, produziram “Fora da rede”, que trata da exclusão social e digital por meio da história de Malu, filha de pescadores sem acesso a celular, que encontra na natureza um refúgio de pertencimento.
Na Escola Municipal Paulo Freire, os estudantes filmaram “Da ponte pra cá”, que conta a história de Helena, uma menina que se muda para Macaé por conta da separação dos pais. Na cidade faz novos amigos como Rayssa e seu irmão Ruan. A narrativa se desenvolve através do encontro e descontentamento de Helena e Ruan em torno dos problemas e diferenças sociais entre os bairros do Lagomar e Cavaleiros. Simultaneamente, aprendem a história do bairro em que moram e o papel dos moradores que também o construíram, evidenciando a força da comunidade no contexto territorial.
O filme “Destinos Distintos”, de Cumuruxatiba, na Bahia, narra a história de uma adolescente nativa do local que trabalha diariamente em uma barraca de praia. Laura tenta conciliar trabalho e estudos enquanto observa a diversão dos turistas. O encontro com uma outra adolescente que está na vila de passagem desperta em Laura vontade de viver coisas novas, mas também traz à tona diferenças entre as duas.
Expansão e impacto
A Mostra já teve edições presenciais em Macaé, Vitória e Cumuruxatiba, na Bahia, reunindo jovens realizadores e educadores em torno do cinema como ferramenta de transformação e expressão.
Ao longo de 15 anos de atuação, o Programa Imagens em Movimento já beneficiou quase três mil alunos e 155 educadores, resultando na produção de 229 filmes autorais em escolas públicas de todo o país. A iniciativa reafirma o poder do cinema como meio de educação, inclusão e criação de novas narrativas juvenis no Brasil.
"Também ouvimos frequentemente que a experiência de realização coletiva de um filme promove uma maior capacidade de expressão, de trabalho em equipe, de lidar melhor com a timidez. Ao final do ano, quando realizamos a Mostra dos filmes produzidos em uma sala de cinema, os alunos e alunas revelam um grande encantamento ao se verem representados nas telas e terem seus trabalhos autorais reconhecidos pela plateia.
Programação:
Rio de Janeiro - Dia 5 de dezembro, das 9h30 às 12h, no Cine Carioca José Wilker (Rua Leite Leal, 11 – Laranjeiras). Entrada gratuita.
Vitória - Dia 5 de dezembro, das 9h às 11h, no Sesc Glória (Av. Jerônimo Monteiro, 428 – Centro). Entrada gratuita.





Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.