Megaoperação nos Complexos da Penha e do Alemão deixou 122 mortosReginaldo Pimenta / Arquivo O Dia

Rio - O Ministério Público do Rio (MPRJ) fez novas denúncias, nesta segunda-feira (1º), contra policiais miltares envolvidos em crimes na megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, Zona Norte. A ação aconteceu há um mês e é considerada a mais letal da história do país, com 122 mortos. Ao todo, nove agentes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) são alvos de acusações por condutas com desvio de finalidade e abuso de poder, registradas pelas câmeras operacionais portáteis (COPs) usadas por eles.
As Promotorias de Justiça acusam seis policiais por peculato, violação de domicílio, constrangimento ilegal, roubo e insubordinação à Auditoria de Justiça Militar. Segundo a investigação, os militares arrombaram o portão e portas de duas casas com um alicate, entraram nos imóveis sem autorização e reviraram os cômodos. Um morador foi ameaçado a ficar sentado sem se mover, enquanto os agentes mexiam no ambiente. O grupo também roubou um celular e um fuzil abandonado por criminosos em fuga e discutiu sobre desmontar e esconder o armamento. 
Em outra denúncia, um sargento do Grupamento Tático de Ações Rápidas é acusado de violação de domicílio e insubordinação. Ele entrou em uma casa sem autorização judicial ou consentimento dos moradores e descumpriu a determinação de manter a câmera em funcionamento contínuo em área sensível, prevista em norma pela corporação e por lei estadual. A investigação aponta que ele tentou retirar a bateria e removeu o equipamento do corpo em pelo menos dez ocasiões, posicionando o COP fora do campo da ação policial e impedindo o registro de cerca de cinco horas de operação. 
Com as novas acusações, já são seis denúncias relacionadas à ilegalidades durante a megaoperação, contra nove militares. Entre eles, os sargentos Diogo da Silva Souza, Eduardo de Oliveira Coutinho, Marcos Vinicius Pereira Silva Vieira, Charles William Gomes dos Santos e o subtenente Marcelo Luiz do Amaral, presos em uma operação da Corregedoria da PM, na última sexta-feira (28). Os outros três agentes não tiveram as identidades divulgadas. 
As duas denúncias anteriores apontaram a apropriação de um fuzil em uma casa, no Complexo do Alemão, e o furto de peças de um veículos, na Vila Cruzeiro, ambas reveladas pelas câmeras corporais. As ações são direcionadas ao Juízo Singular, quando há civis envolvidos nos fatos, ou ao Conselho de Justiça, quando os crimes são restritos ao âmbito militar. O Minstério Público pediu a prisão preventiva dos demais denunciados e segue analisando as imagens coletadas para identificar eventuais novas irregularidades. 
Megoperação deixou mais de 100 mortos

Considerada a mais letal da história do país, a megaoperação das Polícias Civil e Militar, em 28 de outubro, foi planejada para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes do Comando Vermelho (CV). Na ocasião, os confrontos provocaram as mortes de cinco agentes: os sargentos do Bope Cleiton Serafim Gonçalves, 42 anos, e Heber Carvalho da Fonseca, 39; e os policiais civis Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51, Rodrigo Velloso Cabral, 34, e Rodrigo Vasconcellos Nascimento, 35. Além deles, 117 criminosos morreram, 40 deles de outros estados, como Espírito Santo, Goiás, Bahia, Amazonas e Pará.