O Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no bairro Colubandê, em São Gonçalo, mostra a conta dos atendimentos provenientes de colisão.Divulgação - Foto: Alex Alves
“A campanha do Maio Amarelo é importantíssima. Os acidentes de trânsito, que tiram vidas e destroem sonhos, só diminuem com projetos educativos, como este e outras inúmeras campanhas que vêm sendo feitas. Ainda é preciso aumentar a consciência dos motoristas sobre bebida e direção e uso de celular ao volante antes de eles destruírem a própria vida, a vida de outros, ou ficarem pra sempre com sequelas”, alertou o secretário de Estado de Saúde, Dr. Luizinho.
A intenção do movimento internacional do Maio Amarelo, que já acontece há nove anos, é conscientizar para a redução de acidentes.
"Temos que frear estes números. São acidentes que podem ser evitados. Diariamente homens, mulheres, jovens, idosos e crianças entram nas emergências com diversas contusões, lesões ou ferimentos em várias partes do corpo, que demandam cuidados especializados, além de exames de imagens e intervenções cirúrgicas. Muitos saem bem, outros com graves sequelas, e ainda há os que não sobrevivem", explicou o médico Marcelo Pessoa, coordenador do Centro de Trauma do Heat.
O coordenador garante ainda que o simples respeito às principais regras de trânsito, como não utilizar o celular, não fazer ultrapassagem perigosa e não misturar bebida e direção, ajudariam a diminuir significativamente o número de ocorrências. "Os acidentes de trânsito são a quarta causa de mortes no país", disse Pessoa.
Na estatística dos acidentes está o jovem Brenndho Andrade Freitas, de 26 anos. No último dia 11 de abril, quando retornava para casa, no bairro Mutuá, em São Gonçalo, o motoboy foi atropelado por uma motorista que, segundo ele e a família, estava alcoolizada.
"Ela me jogou longe. Vi que a minha perna esquerda estava esmagada. Não me socorreu. Como estava perto de casa, chamaram a minha mãe e o Corpo de Bombeiros. Hoje estou aqui, sem uma das pernas por causa de uma imprudência. Estamos na Campanha Maio Amarelo e quero deixar o nosso depoimento e pedir mais prudência no trânsito. Muitos acidentes, como o meu, podem ser evitados", garantiu Brenndho.
Na rota de colisão da imprudência está o estudante J., de 17 anos, morador de Guapimirim. Ele sofreu acidente de moto no final do mês de janeiro deste ano. Além das escoriações, teve queimaduras de segundo e terceiro graus nas pernas e na região genital. Entre CTI e enfermaria, o estudante ficou 60 dias internado.
Ao lado dos pais, J. reconhece que cometeu uma infração grave. “Peguei a moto de um amigo emprestada para lanchar e acabei me envolvendo em um acidente. Graças a Deus estou vivo, mas poderia ter acontecido coisa pior. Aprendi a lição e espero que ninguém passe pelo que enfrentei por um ato inconsequente”, reconheceu.
Região dos Lagos -- Médicos e enfermeiros também travam uma luta diária para salvar a vida dos pacientes vítimas de acidente de trânsito na região.
No Hospital Estadual Roberto Chabo (Herc), em Araruama, por exemplo, nos quatro primeiros meses deste ano, 396 pessoas deram entrada após ocorrência de acidente de trânsito. No mesmo período do ano passado, foram 120 casos. Um aumento de mais de 200%.
“Mudamos a gestão e corrigimos falhas estruturais, tudo com objetivo de garantir um atendimento ainda melhor, mais rápido e humanizado a nosso paciente. Estamos ampliando o hospital. O novo centro de trauma será uma unidade muito importante para o atendimento de média e alta complexidade na Região dos Lagos. O investimento vai evitar a transferência de muitos pacientes politraumatizados”, garantiu o diretor médico do Herc, Mário Jorge Espinhara.
Recentemente o Hospital Estadual Roberto Chabo instalou um novo aparelho de tomografia computadorizada mais potente e moderno. A unidade, administrada pelo Ideas em parceria com o Governo do Estado, é referência em urgência e emergência em trauma para nove municípios da Região dos Lagos - Araruama, Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Rio das Ostras, São Pedro d’Aldeia e Saquarema.
O hospital conta com um ambulatório de pós-operatório. No setor, os pacientes são reavaliados por neurocirurgião, cirurgião geral, cirurgião pediátrico, intensivista, cirurgião plástico, oftalmologista, bucomaxilofacial, cirurgião vascular e ortopedista.
Banco de Sangue -- O alto índice de acidentes de trânsito, além de lotar as emergências e as enfermarias, também impacta diretamente no banco de sangue do hospital. Somente em 2022, no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), foram necessárias 7.638 bolsas de sangue para suprir a necessidade de transfusão no atendimento aos pacientes. Esse quadro se agrava ainda mais durante os feriados prolongados e nos finais de semana.
O crescimento de casos de acidente de trânsito também gera crescimento no número de atendimentos no ambulatório de pós operatório. No ano passado foram cerca de quatro mil consultas e procedimentos nos quatro primeiros meses. Neste ano, o número saltou para cerca de cinco mil. A maioria dos atendimentos é para ortopedia e neurocirurgia.
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