Funcionário do Hotel Principal, em Meriti, obrigou a ambulante a retirar todos os pertences da bolsaReprodução

O que para muitos foi um período de diversão, acabou se tornando humilhação e constrangimento para uma ambulante que resolveu se hospedar em um hotel em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A jovem Thamires de Souza foi acusada de roubar uma toalha de rosto do ‘Hotel Principal’, onde reservou um quarto para passar a noite com o marido após um dia exaustivo de trabalho.
Segundo detalhes informados pela própria vítima, na madrugada da última quarta-feira (22), por volta de 1h da manhã, a ambulante e seu marido realizaram uma reserva no ‘Hotel Principal’, em São João de Meriti, para passar uma noite. No momento do check-out, a hóspede foi acusada de roubar uma toalha de rosto.
O caso piorou pela forma com que os funcionários do hotel abordaram a trabalhadora. Thamires atribuiu o caso a questão racial.
“Fui obrigada a abrir minha bolsa e tirar todos meus pertences. O filho do dono do hotel saiu metendo a mão e revistando minhas caixas sem pedir, e logo em seguida mandou eu ir a um quartinho pra ser revistada por uma funcionária. Eu me neguei pois sei dos meus direitos. Eu estava com pouca roupa, então ele disse que poderia estar nas minhas partes íntimas”, disse Thamires.
Roupa utilizada pela vitima no momento da abordagem - Arquivo Pessoal
Roupa utilizada pela vitima no momento da abordagemArquivo Pessoal
Ainda segundo o relato da ambulante, o funcionário em questão não satisfeito chamou o companheiro da vítima Maicon Teodoro ao quartinho e pediu pra ele abaixar a bermuda pra nova revista. Mesmo sem nenhuma prova, o casal resolveu pagar pela toalha, no valor de 10 reais.
Não atendimento na Delegacia de Meriti
Constrangida com o ocorrido, a ambulante se dirigiu à Delegacia de Polícia da região para solucionar o problema, mas não recebeu atendimento presencial. A informação recebida foi que o caso não era grave, tendo a realização do registro via internet.
Thamires de Souza conseguiu auxílio do advogado Washington Luiz, que acionou a Comissão de Igualdade da OAB e iniciou a assistência. 
“Eu estou trabalhando honestamente na praia vendendo meus produtos, estou com várias queimaduras de sol nas costas pra levar o sustendo pra casa e não estou aqui pra ser acusada de ladra. Será que ele me acusou por sermos negros ou porque somos vendedores ambulantes? Estou extremamente triste com ódio, me sentindo humilhada por ter passado por esse constrangimento. Fui a delegacia e nada aconteceu. Não fiquem calados quando algo assim acontecer grite, fale, procure seus direitos. Ninguém merece ser trato como fui hoje”, reforçou a ambulante Thamires.