A facção mais radical do separatismo na Catalunha, o partido de extrema-esquerda CUP, alertou em comunicado ontem que a intervenção no governo regional por parte de Madri terá resposta na "desobediência civil em massa".
Esta formação, apoio-chave do presidente regional Carles Puigdemont, assegura que a intenção do governo espanhol de destituir o Executivo catalão e controlar seu Parlamento "é a maior agressão contra a região desde a ditadura de Francisco Franco". "Uma agressão que, se aplicada, encontrará uma resposta na forma de desobediência civil em massa por parte da cidadania", afirma o partido, com 10 deputados entre os 135 no Parlamento regional e que prometeu detalhar suas propostas ao longo da semana.
Além disso, o partido exige uma nova proclamação o mais rápido possível de uma república independente, suspensa por Puigdemont há duas semanas para tentar estabelecer uma mediação com o governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy. Os porta-vozes de diferentes partidos no Parlamento Catalão se reuniram ontem para fixar a data da próxima sessão no plenário, na próxima quinta-feira, quando poderá ser declarada a independência dessa região depois do referendo inconstitucional de 1º de outubro que os separatistas afirmam ter vencido.
Para deixar o Executivo Catalão sem recursos próprios,o governo espanhol está disposto a assumir o controle total das finanças da região, já sob tutela parcial. No sábado, o Executivo de Mariano Rajoy anunciou sua intenção de assumir o controle das receitas fiscais cobradas diretamente pelo governo catalão. Essa receita consiste em impostos específicos (taxas sobre o patrimônio e direitos de sucessão) e gastos de matrícula em universidades públicas. Eles representam cerca de 25% da renda do Executivo comandado por Carles Puigdemont.
Semana tensa
Se o Senado, onde o partido de Rajoy tem maioria, aprovar na próxima sexta-feira as medidas pedidas pelo governo, a Direção-Geral de Impostos da Catalunha deverá submeter todas as suas decisões ao Ministério da Fazenda, e não ao atual número dois da Generalitat, Oriol Junqueras. Assim, o governo catalão vai perder toda marcha de manobra financeira, dado que Madri já controla o resto dos recursos da região.
Em meados de setembro, o governo espanhol decidiu secar financeiramente o governo catalão, a fim de evitar que seus dirigentes desviassem dinheiro público para a organização do referendo ilegal de 1 de outubro, como, por exemplo, a compra de urnas. Desde 15 de setembro, Madri já não deposita dinheiro nas contas da Generalitat, mas paga diretamente as faturas dos serviços públicos essenciais da Catalunha, como hospitais, escolas, polícia, etc. O governo de Rajoy tomou a medida dramática depois de os separatistas se recusarem a se submeter a um controle semanal de suas contas, que tinha sido imposto desde julho.