O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) voltou ontem a negar ter despesas como a compra de carros e de um apartamento em São Paulo pagas pelo seu ex-operador Lúcio Funaro, a quem chamou novamente de "mentiroso". Cunha também negou ter recebido propina para suas campanhas, segundo ele, por "não ser necessário", uma vez que as doações legais eram "mais do que suficientes".
"[Funaro] nunca me pagou um carro com dinheiro dele, isso é história da carochinha", afirmou Cunha. "A delação que ele faz agora está me transformando no Posto Ipiranga. Tudo é Eduardo Cunha."
Cunha foi interrogado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, responsável pela Operação Sépsis, na qual são investigadas irregularidades na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa.
Cunha afirmou que "não duvida" do repasse de propina para campanhas do PMDB, que teria sido intermediado pelo ministro Moreira Franco, da Secretaria Especial da Presidência, que à época ocupava a vice-presidência de Fundos de Governo da Caixa. O ex-deputado, entretanto, negou seu envolvimento no esquema. "Se Moreira Franco recebeu [propina], não duvido, mas não foi por minhas mãos", afirmou.
Cunha desqualificou as afirmações de Funaro de que o presidente Temer teria recebido ao menos R$ 2 milhões em repasses ilegais do Grupo Bertin para a campanha.