Fernanda Nobre - Rafael Campos / TV Globo
Fernanda NobreRafael Campos / TV Globo
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Divina como o significado do nome de sua personagem em 'Deus Salve o Rei', Diana, Fernanda Nobre retorna à Globo após 13 anos, animada com o papel na trama das 19h. "Foi a melhor personagem para voltar. Uma proposta nova de fazer TV. Todo mundo está muito apaixonado. Os atores, autores, cenografia, figurino, nos sentimos uma companhia de teatro", traduz.

A atriz vive uma nova fase na carreira na pele de Diana, uma mulher trabalhadora e determinada, melhor amiga da personagem de Marina Ruy Barbosa, a Amália. Com fama de se envolver com os homens errados, ela se relaciona com o ex-namorado de Amália, Virgílio (Ricardo Pereira). A amiga bem que tenta avisá-la, mas Diana não dá ouvidos.

Ela tem o tal 'dedo podre', Fernanda?

"É uma personagem bem misteriosa, uma incógnita. Não é maniqueísta, não é boa, nem ruim. É uma mulher comum, que erra e acerta, tem defeitos, qualidades", esclarece. "Ela se envolve com as pessoas erradas por tentativa de entrega. É muito empolgante para mim como atriz. Me dá milhões de possibilidades".

Mas afinal, a Diana vai se dar mal com o Virgílio ou não?

"Olha, ela se envolve com ele porque está em busca de entrega. É desconfiada no amor e nas amizades. Está em busca de entrega mesmo, nem digo que é amor", despista. "Então vê naquele cara lindo a possibilidade de desenvolver algo honesto, mas ele é o grande vilão da novela. Ela vai se dar mal".

Em defesa da personagem, a atriz compara experiências de vida anteriores: "Já escolhi errado também, quem nunca? Foram só escolhas erradas e não traumatizantes", diverte-se a carioca que namora há três anos o ator e diretor José Roberto Jardim.

CRESCENDO NOS SETS

Batalhadora como sua personagem, Fernanda começou a carreira ainda criança, aos oito anos, quando fez Bibi, em 'Despedida de Solteiro' (1992). E comenta os desafios de começar uma profissão tão cedo. "São muitos. Costumo dizer que a carreira me escolheu e não eu a ela. Fui ter essa escolha com 22 anos. Até então era uma diversão que ia acontecendo", diz ela, aos 34. "Não tive uma infância e adolescência comuns. Quando matava aula, era para trabalhar. Aos oito, não viajava de férias, tinha peça em cartaz. E é um mundo para adultos, não para uma criança. Mas isso me deu um senso de responsabilidade muito rápido, comprometimento. E também me tirou a ingenuidade muito cedo".

Apesar da vida incomum e das expectativas que giram em torno da profissão, ela afirma que nunca pensou em desistir. "Em alguns momentos me deu medo da escolha. Mas sou o que sou, quis ser atriz desde os oito anos. Minha personalidade se construiu a partir disso. É o que sou".

E observa: "Minha mãe é psicanalista e isso me deu uma base muito forte, pra não me iludir.Tenho comprometimento e respeito pela profissão".

TRANSFORMADA

Com 25 anos de carreira, depois de alguns anos na Record, e passagens por produtos de TV fechada, a atriz acredita que se renovar na profissão é preciso."Fiquei na Record muitos anos e sai em 2012. Na época acabei um um contrato estável, um casamento de oito anos, e também com um empresário que estava comigo há oito anos. Me reinventei mesmo", lembra. "Estava com 28 anos, fui morar em Londres, queria saber quem era essa nova mulher que estava vindo, que estava construindo".

E conta que a peça "O Corpo da Mulher como Campo de Batalha", sobre a violência feminina, que produziu e atuou em 2016, e lhe rendeu uma indicação ao prêmio Shell de melhor atriz , também foi uma experiência transformadora. "Todas as mulheres deveriam ter consciência do momento bonito que estamos vivendo. Estamos nos expressando de uma forma nova. E isso é transformador. As novas gerações virão diferente depois do que estamos fazendo. Temos debates depois da peça, com especialistas, jornalistas. Estamos no processo de descobertas deste novo lugar feminino".

E revela que gostaria de viajar com a peça: "Mas precisa de dinheiro e a cultura está sucateada no Brasil", constata, e completa: "A profissão tem muito a ver com o que acredito moralmente. Uma forma de me expressar no mundo e no nosso país. Não vou me envolver num trabalho que não concorde com a mensagem. Tenho uma responsabilidade social em ser atriz. Me transformou na forma de ver o mundo".

ELA NÃO PARA

Fernanda quer mais. Além da novela e do projeto de volta da peça, ela trabalha em outro projeto de teatro, baseado no livro 'A Desumanização', de Valter Hugo Mãe, ao lado da atriz Maria Helena Chira. "Fala sobre irmãs gêmeas. Uma delas morre e a outra tem que se reencontrar". Além disso, a atriz também tem uma marca de roupas." São roupas infantis, chama 'Mini Alice'. Adoro moda. Reencontrei uma amiga de infância, Juliana Couto,que tinha acabado de abrir a marca. Estamos na terceira coleção. Um xodó! Estou adorando diversificar, aprendo todos os dias".

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