Rio - Quem nunca fez papel de bobo por amor que atire o primeiro infalível conselho sentimental. Rafael Losso, que vive o garimpeiro Zé Victor em 'O Outro Lado do Paraíso', viu seu personagem se envolver com Tônia (Patrícia Elizardo), que tentará usá-lo para separar o casal Bruno (Caio Paduan) e Raquel (Erika Januza) nos próximos capítulos.
"Ele está amando a Tônia. Já fez muita bobagem na vida, mas está apaixonado. Os garimpeiros são brutos, mas falta afeto, no fundo são sentimentais", comenta. "Aqui, o velho clichê funciona: os brutos também amam", diverte-se.
Sobre o envolvimento entre duas pessoas de universos tão distintos, ele completa: "Ali o afeto é uma busca eterna. Ele viu a possibilidade de amar a Tônia. O mundo novo também o atraiu, ele não é culto, nem sabe ler e escrever. Se relacionar com uma médica, já pensou? E acima de tudo, ele é um cara coração".
POR AMOR
Ao descobrir que está grávida de Zé Victor, Tônia sai de Pedra Santa - onde se escondeu para não receber a intimação para o processo de separação - e volta para Palmas.
O sumiço da amada deixa o garimpeiro desesperado. Tanto que ele vai atrás da médica no hospital, mas ela atribui a paternidade a Bruno. Partindo o coração de Zé.
O ator adianta que esta história promete fazer ferver a trama de Walcyr Carrasco: "Ele vai ter uma desilusão. Vem muita confusão e emoções pela frente, não deixem de assistir".
Já o coração de Rafael está tranquilo. Ele completa 37 anos em maio e conta que está solteiro no momento. "Mas estou cansado de ser solteiro. Quero achar meu próximo amor", avisa. "Sou sentimental como Zé Victor, é o que tenho em comum com ele. Mas devido aos meus traumas, vou com um pouco mais de calma", revela, aos risos.
COLHEITA
Losso se formou há 13 anos em Artes Cênicas, mas a vocação para o ofício está presente desde a infância. "Comecei a fazer teatro na escola, com 14 anos. Ali, algo mudou em mim", lembra. Para o ator, a arte não deve ter fronteiras, tanto que já teve banda, acha música essencial na vida (ele escolhe canções até para seus personagens) e revela um sonho curioso na sua trajetória. "Antes de fazer teatro, sonhava em ser dançarino. E do Michael Jackson", recorda. "Já foi uma luta ser ator, imagina virar dançarino?"
O primeiro papel na TV veio no remake de 'O Astro'(2011). De lá para cá, Rafael não parou.
Este ano tem tudo para ser especial para o ator: estreia duas séries neste semestre, 'Rio Heroes', em que vive um lutador clandestino (trama inspirada em fatos reais), no canal Fox, e 'Rotas do Ódio', em que dá vida a um skinhead, no Universal Channel, e mais um longa, 'Virando a Mesa'. Ele comemora a diversidade de personagens.
"Estou colhendo os frutos do ano passado. Tive a sorte de fazer produtos bem diferentes um do outro", admite. "Nas duas séries, o personagem neonazista e depois o lutador, estimulam reflexões e discussões pertinentes nestes tempos que vivemos. A intolerância e a falta de respeito estão acabando com o mundo", pondera. "Já no cinema, faço um personagem mais divertido. Sempre fui do drama, estou adorando brincar em outro lugar".
SER OU...SER!
Apesar da vocação indiscutível, Rafael confessa que já repensou a profissão. "Na verdade, pensamos diariamente. Mas quando a carreira está em ascensão, você busca outra energia. De que ela seja contínua. Estamos falando de Brasil, de não-mercado para o ator, possibilidades são raras", desabafa. "Gosto de acreditar que existe a possibilidade só de ser ator. Sou do grupo que acredita que dá para viver só sendo artista".
Mesmo entendendo a profissão como "uma montanha russa inacreditável", ele também acredita na força do querer para alcançar seus objetivos.
"E também acredito na lei do retorno (mote da novela), mas acho que vai além disso. Temos que buscar o bem e trabalhar em cima do amor. Uma vez, Jim Carrey (ator canadense) disse que devemos pedir as coisas pro universo e desejar forte. E estarmos prontos para receber, porque vem", recomenda. "Pedi muito o que está acontecendo e estou pedindo outras coisas", entrega.
E que coisas virão? "Sonho em continuar vivendo da profissão e gostaria muito de viabilizar um projeto de teatro que tenho desde 2007. E tem algo que quero muito viver: o desafio de um protagonista", joga ele para o universo. Com os pés no chão e a cabeça nas estrelas.