PRF pôs fim ao 'pega' na Rodovia Whashington Luís, onde agentes constataram artimanhas para descaracterizar placas
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PRF pôs fim ao 'pega' na Rodovia Whashington Luís, onde agentes constataram artimanhas para descaracterizar placas Divulgação/PRF
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Em pouco mais de duas horas, registros de velocidades entre 175 e 188 km/h. Não se trata de uma competição de Fórmula 1, mas apenas uma blitz de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia Presidente Dutra, entre Porto Real e Volta Redonda, no Sul Fluminense, no dia 26 de janeiro. O limite nesse trecho, com extensão de 39 quilômetros, varia de 80 a 110 km/h. Ao todo, 226 veículos foram autuados por excesso de velocidade naquele dia.

De acordo com agentes da PRF, abusos idênticos são registrados diariamente nas principais estradas do estado. E, segundo especialistas, o absurdo não se limita apenas às vias federais, mas também às de responsabilidade do estado e dos municípios. De acordo com estatísticas do Detran-RJ, infrações por excesso de velocidade encabeçam, há três anos, a lista das 10 maiores incidências das mais de 8,7 milhões de multas emitidas no Rio entre 2015 e 2017.

"A imprudência e a certeza da impunidade continuam sendo os principais combustíveis que geram mortos e feridos nas rodovias", lamentou o diretor Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dirceu Alves Júnior.

A preocupação não é para menos. As altas velocidades nas malhas rodoviárias mais movimentadas do estado fluminense continuam sendo as principais causas de morte nas estatísticas.

As rodovias da União, mais extensas e de melhor conservação, são também as mais perigosas. Nelas, em janeiro, ocorreram 13 mortes, em decorrência de 363 acidentes, que também deixaram 300 feridos. Em 2017, 342 pessoas perderam a vida quase uma por dia em 5.955 acidentes.

"Tudo isso é fruto da falta de reeducação geral no trânsito e da conivência das autoridades, que não investem em campanhas de prevenção perenes. As propagandas que alertam para a carnificina que nossas estradas se transformaram, aparecem apenas pontualmente, antes de alguma data especial, como Carnaval ou Ano Novo", explicou o engenheiro Fernando Diniz, fundador da ONG Trânsito Amigo, da qual é presidente. Em 2003, ele perdeu o filho Fabrício, de 20 anos, em um acidente.

No dia 26 de janeiro, durante a blitz, os agentes da PRF foram surpreendidos diversas vezes. Eles flagraram, por exemplo, um Fiat Bravo a 186 km/h, na Via Dutra, na altura de Porto Real; um Passat a 183 km/h, na mesma região, e uma moto BMW a 175 km/h, próximo à Barra Mansa.

Na Rodovia Washington Luís, altura de Petrópolis, na Região Serrana, em um dia, 140 motos foram autuadas pelos radares da PRF, uma delas estava a 188 km/h. De acordo com os agentes, tratava-se de um 'pega'. Algumas motos tinham placas descaracterizadas, cobertas com adesivo, para despistar a fiscalização. Em dezembro, no mesmo trecho, uma moto foi flagrada a 191 km/h, 73% a mais do que a velocidade permitida na via, que é de 110 km/h.

"Estudos comprovam que uma colisão a 65 Km/h, os passageiros sofrem um impacto equivalente a 820 Kg. A 188 km/h, esse mesmo impacto vai a 2,5 toneladas", advertiu Dirceu, ressaltando ainda que pesquisas europeias mostram que uma colisão a 64 km/h, resulta na morte de 85% das vítimas.

Flagrante de velocidade 50% superior à permitida, resulta em infração gravíssima, multa de R$ 880,41 e suspensão do direito de dirigir. O Detran não informou quantos motoristas tiveram as carteiras de habilitação suspensas por esse motivo.

Colisão traseira é a mais registrada
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Balanço da PRF mostrou que a colisão traseira foi o tipo de acidente mais registrado nas rodovias federais em todo o país, no ano passado. Foram 16.114 ocorrências provocadas por esse abuso de velocidade nas estradas.
Um dos acidentes mais graves registrados recentemente ocorreu na noite do Natal passado, na BR-393 (Rodovia Lúcio Meira), em Três Rios, no Centro-Sul Fluminense, quando seis pessoas morreram, entre elas três crianças. As vítimas trafegavam em dois carros por um trecho em mão dupla, no KM 176, quando houve a colisão frontal.
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Em abril do ano passado, três jovens da mesma família morreram num Ford Fusion, na altura da universidade Estácio de Sá, no Centro do Rio, após o veículo bater na lateral de um Nissan Sentra. Com o impacto, o teto do Fusion, que capotou várias vezes, foi arrancado.
Nos dois casos, as investigações, com base também no estado do que sobrou dos veículos, sugerem que o excesso de velocidade foi um dos principais componente das tragédias.
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