Por tabata.uchoa

Brasília - O presidente interino Michel Temer completa, neste domingo, um mês no Poder. Nesse período, manteve um ótimo relacionamento com seus colegas políticos, aprovando, inclusive, medidas polêmicas no Congresso Nacional. Entretanto, Temer evitou contato com o povo. Todos os seus compromissos oficiais foram realizados entre quatro paredes.

Foram 59 encontros no Palácio do Planalto, quatro reuniões no Palácio Jaburu (residência oficial da vice-presidência), uma agenda no Ministério da Justiça e outra no gabinete do presidente do Senado Federal. O que mais se aproxima de uma agenda pública externa foi a ida dele ao Clube Naval de Brasília, onde assistiu, entre militares e autoridades civis, à “Parada após o Pôr do Sol”, com a banda dos Fuzileiros Navais.

Clique na imagem para visualizar o infográfico completoAgência O Dia

A primeira atividade anunciada que aconteceria fora dos ambientes palacianos, a viagem ao Nordeste, marcada para a semana que começa, foi cancelada sem explicações muito claras. A princípio, Temer teria preferido entregar pessoalmente a proposta de emenda constitucional (PEC) que fixa um teto para os gastos públicos, ao Congresso Nacional. No entanto, a ida ao Rio de Janeiro, para encontrar com membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), está mantida para terça-feira, 14.

Para cientistas políticos que acompanham com lupa o atual momento brasileiro, como José Luiz Niemeyer, coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec/RJ, dois pontos afastam Temer das ruas. Primeiro, ele é uma pessoa muito formal, avesso a manifestações populares.

“E também é uma questão estratégica. O impeachment ainda não foi sacramentado. Não é hora de muita exposição, porque pode ser mal interpretado”. Já para o historiador e professor do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF, Adriano Freixo, Temer está com “medo das ruas”. “As manifestações contra seu governo têm se ampliado, incorporando outros setores descontentes com o que se vê no país, e não somente militantes de movimentos sociais e partidos políticos ligados ao governo afastado”.

Dilma bate perna pelo Brasil afora

Enquanto Michel Temer fica encastelado, a presidente afastada tem batido perna pelo país. Dilma Rousseff participou de diversos eventos contra o que classifica de golpe, em vários estados brasileiros. Esteve em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. E somente não viajou mais por que o Palácio do Planalto cortou suas asas. Desde o dia 3 de junho, os deslocamentos aéreos de Dilma, utilizando aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), foram restritos ao trecho Brasília-Porto Alegre-Brasília.

A família dela mora na capital do Rio Grande do Sul. Na última quinta-feira, o PT fretou um avião para levar Dilma a Campinas, onde ela se reuniu com cientistas. Ela tem recebido apoio popular nos atos em que participa, mas também enfrenta os protestos de grupos como o “Movimento Brasil Livre” e o “Vem pra Rua”. Resta saber quando Temer vai sujar a sola do sapato. Talvez, nesta semana.

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