Por thiago.antunes

Brasília - Aberto há nove meses, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff chega ao fim nesta quarta-feira. A expectativa é que o afastamento definitivo da presidente seja aprovado no plenário do Senado. A defesa de Dilma já preparou duas ações para recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão dos senadores.

Pelos cálculos de aliados do presidente interino Michel Temer, Dilma deverá sofrer o impeachment com o voto de 59 do total de 81 senadores. Temer pretende tomar posse ainda hoje à tarde como presidente da República, antes de viajar para a China para participar de reunião do G-20. A posse será no Congresso Nacional.

O penúltimo dia do julgamento do impeachment começou com o discurso da advogada de acusação Janaina Paschoal. Dizendo-se emocionada, Janaina chorou ao final de sua fala e alegou que fez o pedido de impeachment “também pensando nos netos dela (Dilma)”. A advogada fez um pedido de desculpas a Dilma Rousseff e disse que “foi Deus que fez com que, ao mesmo tempo, várias pessoas percebessem o que estava acontecendo no país”.

“Muito embora eu esteja convicta de que estou agindo certo, reconheço que minhas atitudes podem gerar sofrimento. Mesmo estando certa, eu peço desculpas à senhora presidente da República. Não por ter feito o que era devido, porque eu não poderia me omitir diante de tudo disso. (Mas) porque sei que a situação que ela está vivendo não é fácil (...) e lhe causei sofrimento. Fiz isso pensando também nos netos dela.”

Em seguida, o advogado de acusação Miguel Reale Junior também discursou e defendeu que a “gravíssima” situação econômica justifica a condenação de Dilma. Emocionado, o advogado de defesa de Dilma e ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo fez um apelo aos senadores para que eles “não aceitem que nosso país sofra um golpe parlamentar” e que “Dilma não sofra a pena de morte política”. Assim como Janaina, ele também citou Deus em seu discurso.

“Peço a Deus que, se Dilma for condenada, um novo ministro da Justiça tenha a dignidade de pedir desculpas a ela. Que a história absolva Dilma Rousseff se vossas excelências quiserem condená-la. Mas, se quiserem fazer justiça aos que sofreram violência de Estado, julguem pela Justiça. Não aceitem que nosso país sofra um golpe parlamentar. Para que Dilma não sofra a pena de morte política”, disse Cardozo.

Ao final, já fora do plenário do Senado, ele chorou ao falar com os jornalistas. “No dia em que uma pessoa perde a capacidade de se indignar diante da injustiça é porque se desumanizou. E eu não quero me desumanizar.”

À tarde, foi a vez dos senadores se revezarem ao microfone ora para defender o impeachment de Dilma ora para criticar o processo contra a presidente. Nada menos do que 66 senadores se inscreveram para discursar. Segundo presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, a previsão era de que a fase de falas dos senadores terminasse na madrugada, às 2h30.

Temer terá posse sem pompa

Caso o plenário do Senado confirme  o afastamento definitivo de Dilma Rousseff, a posse de Michel Temer na Presidência da República deve repetir o mesmo formato da cerimônia realizada em 1992, quando Itamar Franco assumiu o cargo após a renúncia do atual senador Fernando Collor (PTC-AL).

A solenidade será nesta quarta e deve ter cerca de meia hora. Temer será empossado pelo presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), quando fará um juramento à Constituição. À noite ainda não havia um horário definido para a cerimônia.

Antes de viajar no final do dia para a China, Temer pretende fazer uma reunião ministerial para dar a orientação geral sobre como será o seu governo. Ele convocará, à noite, uma cadeia de rádio e TV para um pronunciamento à nação.

Na fala, Temer insistirá na sua proposta de pacificação nacional, reafirmará seu compromisso com as reformas fiscais (teto de gastos e Previdência Social) e dirá que sua meta será a geração de empregos e retomada do crescimento da economia.

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