São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, na sede do PT municipal de São Bernardo, eleições diretas para a eventual sucessão do presidente Michel Temer e reiterou que está disposto a disputar pela sexta vez a Presidência.
Segundo Lula, a escolha do possível sucessor de Temer por via indireta é uma manobra para manter a agenda de reformas iniciada após o impeachment de Dilma Rousseff. "Queremos eleição direta, queremos que o Temer saia logo, mas não queremos um presidente que não seja eleito pelo povo. Se a gente perder democraticamente, valeu o jogo. O que não pode é alguém indicar o presidente pela gente", disse Lula, durante posse da direção do PT de São Bernardo.
Se colocando mais uma vez na condição de vítima de uma perseguição dos meios de comunicação, Lula disse que as denúncias de corrupção das quais é alvo lhe dão mais ânimo para voltar à disputa eleitoral. "Quando eu tinha imaginado que já não seria candidato a nada agora, com esta provocação, com esta quantidade de denúncias, isso me dá vontade de disputar a eleição."
Lula, porém, colocou condições para que a vontade se transforme em realidade, inclusive a Justiça. O ex-presidente é réu em cinco processos por corrupção e, se for condenado em segunda instância, fica inelegível pela lei Ficha Limpa. "Minha definição vai depender do partido, de uma aliança, da Justiça, da minha saúde, do PT. Mas, se eu puder contribuir para recolocar o Brasil na rota do crescimento, recuperar o orgulho nacional, recuperar a autoestima deste povo, podem ter certeza que não morrerei logo e estarei na trincheira."
Diante da nova denúncia do empresário Joesley Batista, dono da JBS, que disse ter pago US$ 50 milhões em vantagens indevidas ao ex-presidente, Lula foi irônico. "Devo ser o único babaca no mundo que tem dinheiro depositado, mas que não está no meu nome. Eles devem ter pensado que esse Lula é tão tonto que podem fazer isso."
Lula também escolheu o adversário nas urnas, a Rede Globo.
"Vou dizer em alto e bom som. Deus queira que a Globo invente um candidato dela porque nós vamos derrotar o candidato da Globo." E indicou que o impeachment de Temer não é o melhor caminho. Segundo ele, o impeachment de Dilma demorou oito meses "com a maioria do Congresso a favor". "Se tiver a metade (do Congresso a favor da saída de Temer) vai demorar mais."